quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Postura agressiva garante ao Atlético sucesso em negociações e Dorival terá teste de fogo na carreira

Dos clubes que vão disputar a série A em 2011, só o Bahia contratou mais que o Atlético até o dia 30 de dezembro. Foram seis nomes divulgados e um goleiro já está acertado (o nome é Giovanni que disputou o campeonato brasileiro pelo Grêmio Prudente, mas pertence ao Marília), esperando apenas que o contrato se encerre para que seja feito o anuncio oficial – o Bahia já tem nove contratados.

Enquanto isso, Corinthians, Palmeiras e São Paulo ainda não tem novidades e o Cruzeiro só acertou com Naldo, promessa da Ponte Preta. Para o diretor de futebol Eduardo Maluf, a disparidade de contratações do Atlético em relação a outros clubes grandes é estratégica.

Ainda durante o campeonato brasileiro, Dorival Júnior passou à diretoria uma lista com nomes e posições carentes no elenco. Maluf foi atrás dos jogadores e tratou de contrata-los antes que outros clubes pudessem fazer propostas. Foi assim com Richarlyson, pretendido pelo Fluminense, mas que viu no Atlético mais “vontade” nas negociações.

O perfil agressivo nas negociações foi também destacado por Jorge Machado, representante do Spartak Moscou, em relação às negociações com Rafael Carioca. A agilidade do Atlético deixa os jogadores mais próximos do clube. Caso do próprio Rafael.

Em entrevista para as rádios Globo e CBN, Maluf destacou a satisfação de Dorival Jr. Todos os contratados foram indicados pelo técnico. Como já foi dito aqui, Dorival é, desde 2007, o técnico do objetivo cumprido. Foi assim no Cruzeiro, Coritiba, Vasco e Santos.

Alexandre Kalil pediu as conquistas da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro. Para isso, dá ao técnico o que ele pede. Dorival Jr. terá em 2011 a equipe que espera. Sempre cumprindo o que lhe é pedido, terá também a prova de fogo em sua carreira.

Confira, na integra, a entrevista de Eduardo Maluf.













segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

CBF vai unificar títulos. Você vai gritar "é campeão"?

De acordo com a TV Globo, em algum momento deste mês, o torcedor do Santos e do Palmeiras acordará octacampeão brasileiro. O tricolor carioca será tri. Torcedores de Cruzeiro, Botafogo e Bahia se verão com duas conquistas do campeonato brasileiro. Santos, Palmeiras, Botafogo, Fluminense, Cruzeiro e Bahia são os legítimos campeões nacionais entre 1959 e 1970, nem por isso precisam ser chamados de campeões do campeonato brasileiro.

O reconhecimento e a unificação dos títulos da Taça Brasil e do Roberto Gomes Pedrosa diminui a importância do que aconteceu antes de 1971, apesar de ter objetivo distinto. O que vale é o campeonato brasileiro, só com esse nome. A conquista anterior fica em segundo plano. Caso confirmada a unificação, teremos a aberração de dois campeões brasileiros entre 1967 e 1970 – com direito a bicampeonato palmeirense, campeão da Taça Brasil e do Robertão em 1967.

Para o Santos conquistar os cinco títulos da Taça Brasil, entre 1961 e 1965, teve que jogar 24 vezes. Pouco mais de um turno da conquista de 2004, quando o campeonato brasileiro teve 46 rodadas. Imagine que no mesmo dia que a CBF bater o carimbo, a diretoria anuncie a venda de Neymar e Ganso. Você, torcedor santista, vai soltar algum rojão por ter acordado com mais seis estrelas no peito? Ou estará preocupado de perder os principais jogadores às vésperas de uma Libertadores?

Os clubes, ao meu ver, não se tornam maiores com o novo rankeamento que se formará no futebol. O Palmeiras será gigante com quatro ou oito brasileiros. Será maior se conquistar mais seis.

Não é um documento que vai fazer clubes grandes serem gigantes. Não é o reconhecimento que fará, você torcedor, passar a noite sem dormir de tanta alegria, ir trabalhar de ressaca na manhã seguinte, ou vai fazer o seu amigo rival se encolher na cadeira. Título deve ser comemorado. Santistas, palmeirenses, tricolores cariocas e baianos, cruzeirenses e botafoguenses já fizeram isso. Fizeram com toda justiça. A não ser que vençam dentro de campo, não irão fazer de novo.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Diretor do DEOP garante que "apenas um dilúvio" atrasa obras do Independência para além de junho

Junho de 2011. Essa é a nova data para a reinauguração do estádio Independência, em Belo Horizonte. Segundo o diretor de obras do DEOP (Departamento Estadual de Obras Públicas), Fernando Teixeira, só “um dilúvio que cair pode atrapalhar. Mas a princípio, hoje não vemos muita coisa capaz de mudar a data”, garante.

Os principais entraves para o início das obras foram a demora para a liberação dos 50 milhões de reais do governo federal para a Caixa Econômica e problemas ambientais que poderiam ocorrer com o projeto de construção. Mudanças no sistema de iluminação e a decisão por cobrir todo o estádio também geraram atraso e maiores custos. O diretor do DEOP, no entanto, não acredita que o fato de o recurso federal ser insuficiente para a conclusão do Independência afetará na data estipulada.

Em julho, publicou-se aqui, a palavra do então diretor-geral do DEOP, João Fleury (hoje secretário de obras públicas do Estado). Fleury garantia o estádio pronto para receber jogos em janeiro de 2011. Fernando Teixeira assegura o novo Independência para junho. “Antes, tínhamos fases preliminares e muitas coisas poderiam acontecer. Hoje eu não vejo um entrave. As fundações estão praticamente prontas e os pré-moldados (peças que se encaixam, como um Lego, dando corpo ao estádio) também. Hoje, temos um cronograma de obras”.

Em Belo Horizonte, chove muito nos meses de dezembro e janeiro, mas dilúvio eu nunca vi.

Em tempo: O Atlético foi quem mais sentiu a ausência do Mineirão. Teve renda de 2,7 milhões no campeonato brasileiro, contra 10,5 da última temporada. Dentro de campo, foram sete vitórias, um empate e sete derrotas jogando em Sete Lagoas ou Ipatinga. Aproveitamento de 48%, contra 50% no Mineirão. O Cruzeiro, que mandou os principais jogos em Uberlândia, dividindo espaço no estádio com torcedores de Fluminense, Corinthians, Flamengo e São Paulo, arrecadou 6,5 milhões – contra 7,1 da última temporada. O vice-campeão brasileiro venceu 10, empatou 3 e perdeu duas vezes, como mandante sem Mineirão. 73% de aproveitamento. Em Belo Horizonte, jogou três vezes e fez 5 pontos: 55%.

domingo, 5 de dezembro de 2010

O "verde da esperança" e os pecados do Cruzeiro

O Fluminense liderou o campeonato em 23 das 38 rodadas. Terminou com a melhor defesa e o quarto melhor ataque. Teve o melhor jogador do torneio, o único atleta de linha a disputar as 38 rodadas. Teve ainda Muricy Ramalho. Campeão em quatro dos últimos cinco Brasileirões – e que poderia ter vencido ainda em 2005, não fosse pelos jogos anulados ou a falha grotesca de Marcio Rezende de Freitas, no lance entre Tinga e Fábio Costa. Muricy Ramalho ainda não é o principal vencedor do campeonato brasileiro. Ainda.

Não há como pensar que não foi justa a conquista tricolor. O título do Fluminense traz a referência ao hino do clube “Vence o Fluminense, com o verde da esperança”. Na última rodada do campeonato de 2009, Cuca salvou a equipe do rebaixamento depois de 99% de chance de queda. 364 dias depois, o gol de Emerson premiou o melhor time da competição. O Fluminense se preparou para ser campeão. Demitiu Cuca e contratou Muricy Ramalho, depois do campeonato estadual.

O Cruzeiro teve dois pecados. O primeiro foi, ao assumir a liderança, acreditar que 69 pontos seria o suficiente para ser campeão. Foi o que se ouviu de Caçapa, no vídeo da TV Cruzeiro, após a vitória sobre o Fluminense. A equipe não trabalhou com margem de erro, não imaginou que a conta poderia ser outra.

O segundo é ter se preparado para chegar à Libertadores. Foi o que disse Cuca depois da vitória sobre o Vasco. Foi o que afirmou Roger, ainda em campo, após o vice-campeonato. O clube mineiro entrou tarde demais na disputa. Precisou a chegada de Montillo para a Raposa acreditar que era possível.

Em um campeonato de 114 pontos em disputa e que o campeão tem 2 pontos a mais que o vice, o detalhe definiu o título. Não dar ao campeonato a devida importância desde a primeira rodada pode ter sido mero detalhe. Por isso, hoje quem ri é o Tricolor.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Copa do Mundo será no Qatar. Em que mundo você vive?

Não é preciso que o Qatar seja eleito sede da Copa do Mundo para pensar que o futebol é o único critério que determina onde será o mundial. Copa do Mundo é muito mais do que bola no pé, gols, dribles e rivalidade. Aliás, é até isso. O evento envolve política, politicagem, cultura e é claro, muito dinheiro.

A Rússia tem tradição no futebol, é um país imenso que se recupera de anos de isolamento no regime comunista. A Rússia pode tanto quanto os Estados Unidos, Japão, Coréia ou África do Sul. A pergunta é: o que o Qatar faz na Copa do Mundo? Ou, o que a Copa do Mundo vai fazer no Qatar?

Esqueça o fator futebol – mesmo que estejamos falando do maior torneio do planeta. O país nunca disputou sequer uma partida de Copa do Mundo. O Kuwait já. República do Congo também. Assim como Trinidad & Tobago, Haiti e Indonésia. Dinheiro não falta ao país do Oriente Médio. Talento, sim.

“Ocidentalizado” pelo mercado, o Qatar pode oferecer uma Copa do Mundo híbrida no que se refere aos costumes e tradição de um povo que não se interessa pelo esporte a tal ponto. É difícil pensar em outro motivo, que não os rios de dinheiro, para que o Qatar sedie um mundial.

Futebol é negócio e isso não é de hoje. A escolha da FIFA só torna isso claro e evidente para quem não queira entender desta maneira. Vivemos o tempo em que a cada rodada do campeonato brasileiro fala-se menos de futebol e mais de mala branca, supostas entregadas, erros de arbitragem, esquemas pró A ou B. Tempo que o Qatar se torna o centro do futebol mundial.

Eu, por pura preferência, vivo no tempo do Barcelona de Messi, Xavi e Iniesta. No clube que acredita ser mais que um clube. É uma opção. Sou mais feliz assim.

A história da mala branca e o feitiço que virou contra o feiticeiro

O caso já havia sido contado por Celso Unzete no Loucos por Futebol da ESPN Brasil. Como não consegui lembrar da história em detalhes, PVC me ajudou por telefone. Na última rodada, três clubes disputavam o acesso à primeira divisão do futebol paulista em 1971. O SAAD liderava com cinco pontos, o Rio Preto tinha quatro, assim como o Marília, mas levava vantagem nos critérios de desempate. Catanduvense e Garça ainda faziam parte da competição.

O Palestra Itália recebeu a última rodada. O Marília enfrentaria o SAAD na preliminar. No jogo de fundo, Rio Preto x Catanduvense. Os dirigentes do Rio Preto pagaram a mala branca para o Marília tirar ponto do SAAD. Deu certo: vitória por 1 a 0, gol de Ivo. No vestiário, após o jogo, os jogadores repartiam o dinheiro quando o técnico Alfredinho passou recolhendo as notas, jogador por jogador. O valor seria utilizado pelo clube como....mala branca.

O Marília repassou o dinheiro para o Catanduvense vencer o Rio Preto. A negociação foi feita já no túnel que leva ao campo. Deu certo novamente: Catanduvense 1 a 0, gol de Paulo Sérgio. A classificação final teve: Marília 6 pontos, SAAD 5, Catanduvense 5, Rio Preto 4 e Garça 1.

A mala do Rio Preto se transformou, em um intervalo de duas horas, na mala contra o Rio Preto. O feitiço virou contra o Feiticeiro.

É algo parecido com o que pode acontecer na última rodada do campeonato brasileiro. O Corinthians oferece a mala ao Guarani, para tirar ponto do Fluminense. Assim, o Cruzeiro, terceiro colocado, só precisa se preocupar com uma mala – a do Goiás, para evitar vitória do Corinthians no Serra Dourada.

O resultado de toda combinação é improvável. Assim como era o do Marília em 1971, quando já existia, sim, a mala branca.