segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Mesmo com empate, Palmeiras tem mais méritos do que o São Paulo

A chuva que caiu no Morumbi foi descomunal. Uma hora depois do horário programado, o campo oferecia condições, mesmo que não fossem as ideais. Quando a bola rolou, o jogo foi o que se esperava. O São Paulo tinha o segundo melhor ataque e o Palmeiras a defesa menos vazada da competição. O desenho era óbvio. Dagoberto, Fernandinho e Lucas não só jogavam, como não deixavam o Palmeiras sair. Quando Kléber ou Valdivia recebiam a bola, não tinham com quem dialogar na frente.

O primeiro tempo foi vencido pelo Tricolor, com golaço de Fernandinho. O São Paulo tinha o contra-ataque, mesmo com o adversário arriscando pouco. A entrada de Adriano Michael Jackson ajudou o time de Scolari a crescer. Luan entra menos em diagonal do que o autor do gol de empate.

A justa expulsão de um inexplicável Alex Silva fez o São Paulo se fechar e abrir mão do contra-ataque com Xandão, Rivaldo e William José nas vagas do trio rápido Fernandinho, Lucas e Dagoberto. O gol de empate sai de jogada cantada e que havia acontecido minutos antes: Valdivia para Kléber, daí para Michael Jackson em diagonal.

Mesmo com um a mais, o Palmeiras teve de se superar para chegar ao empate. O time de Scolari está mais próximo de seu limite do que o rival. Mas enquanto Carpegiani encontra o melhor São Paulo “sem querer”, como ele mesmo definiu, Felipão sabe muito bem o que pode tirar de seu grupo. Hoje, os valentes palmeirenses têm mais méritos do que os qualificados são-paulinos.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A diferença entre o momento do Santos e do Corinthians

Há duas semanas, o Santos vencia o Noroeste as vésperas de estrear na Libertadores e o Corinthians empatava com o Paulista, um dia depois de Roberto Carlos deixar o clube e um dia antes da aposentadoria de Ronaldo. Em 15 dias, o cenário é outro. Liédson joga bem, dá mobilidade ao ataque corinthiano. Do outro lado, Adilson Batista é pressionado, Neymar não voltou bem da seleção e Arouca se machucou novamente.

Mais do que pensar que futebol é uma montanha russa, é preciso olhar bem o momento que viviam e agora passam os alvinegros de São Paulo. O início da temporada bom do Santos, mesmo sem Neymar, mostrava que Adilson Batista tinha alternativas. Quem brilhava era Elano, ótimo coadjuvante, mas que nunca foi o pensador criativo dos times que jogou. Neymar e Arouca estão mal fisicamente, Ganso e Charles ainda não podem entrar em campo e o time das primeiras rodadas passa por mudanças, enquanto os outros vem se consolidando.

O empate com o São Bernardo, e a terceira partida seguida sem vitória, evidencia o momento de desequilíbrio, mas não justifica a pressão ao trabalho de Adilson Batista. O que é bem possível é cobrar vitória diante de um adversário que briga para não cair. O treinador ainda não pode contar com o time ideal. O brilho que os torcedores cobram do Santos, e que foi visto em 2009, passa pelo retorno de Ganso. Ainda assim será diferente. Sem Wesley, Robinho e André, é mais fácil esperar um time competitivo, e de qualidade, do que “o Barcelona do Brasil” como se chegou a dizer.

Os dias do Corinthians são diferentes. Depois da saída de Elias, e sem alguém com as mesmas características no elenco, o time precisava mudar. Com Ronaldo estático em campo era difícil exigir outra movimentação da equipe. Liédson abre espaços e permite ao meio-campo jogar com a bola longa que o Fenômeno não alcançaria. O Corinthians que venceu cinco jogos e empatou um depois da queda da Libertadores (e da saída de Ronaldo) se ajuda mais dentro do campo.

A mudança não aconteceu em duas semanas, por acaso do futebol. Se deu porque Liédson dá velocidade e tira a previsibilidade que tinha o time. A defesa lenta do Prudente precisou de 30 minutos para perceber que o Corinthians mudou. Tarde demais. Com 3 a 0 no marcador, o time da capital já havia vencido o jogo. Liédson tem 7 gols em 5 partidas pelo clube. Ronaldo precisou de 10 partidas para chegar aos sete gols. Com menos estrelas e mais suor, o Corinthians pode ser mais perigoso do que em 2010.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Desequilíbrio do Atlético leva o IAPE à Sete Lagoas

Para vencer, basta fazer mais gols do que se sofre ou sofrer menos gols do que se marca? A diferença da obviedade das respostas está na mentalidade. Dorival Jr. acredita no ataque, no poder de fazer quatro gols mesmo que venha a sofrer três. Foi assim no Santos que perdeu para o próprio Atlético por 3 a 2, no Mineirão, e 4 a 3 para o Grêmio, no Olímpico, mas reverteu os placares em casa. Na final do paulista, venceu e perdeu por 3 a 2 e terminou com o título.

Dorival Jr. tem peças para montar o Atlético rápido e ofensivo. Vale lembrar que Coritiba e Vasco, comandados por Dorival, não possuíam esse estilo de jogo. Contra o IAPE, o time mineiro, em muitos momentos, não conseguiu ser veloz. Esbarrava na dispersão de Renan Oliveira ou na pouca produtividade dos volantes. Apenas Ricardinho fazia o time jogar.  Inteligente para perceber a movimentação dos atacantes, foi decisivo em passes para gols de Renan Oliveira e Diego Tardelli. Ricardo Bueno fez o terceiro.

A defesa, ainda desajustada, sofreu com bola na trave e algumas jogadas de Vanvan. Vale ressaltar a trapalhada do árbitro Andrey da Silva e Silva que não marcou falta no primeiro gol dos maranhenses. No segundo, ou apitou impedimento (que não houve), ou posso cravar que estou surdo ao contrário. Mas o time da casa ainda teve outras chances.

São nove gols sofridos em cinco partidas na temporada. O único adversário expressivo foi o Cruzeiro. O torcedor pode ponderar que o time marcou 17. A média é alta e a proporção dos números deixa claro o desequilíbrio.

O Atlético está mais próximo do time que ganha por 4 a 3 do que por 1 a 0. Para ser tão forte quanto o torcedor espera, Dorival precisa acertar a defesa. Ofensivamente, o time tem peças para fazer quatro. Lá atrás, tem condições de não sofrer tanto. Por não ser competitivo o bastante, vai precisar passar pelo IAPE novamente.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Para golear de novo, Cruzeiro teve de ser diferente


Foi mais uma goleada. Nove gols em duas partidas. As atuações foram diferentes. Embora o Cruzeiro tenha tido méritos contra o Guarani, a grande partida aconteceu diante do Estudiantes.

Diante dos paraguaios, o Cruzeiro teve mais dificuldade para achar os espaços e cedeu campo para o contragolpe. Foram quatro faltas duras no 1º tempo, mostra de como o time de Cuca chegava atrasado. Montillo não era acionado e a bola longa para área não chegava a Wellington Paulista, ilhado entre os zagueiros. O gol sai de Wallyson, após rebote em escanteio.

No segundo tempo, o jogo mudou. A equipe brasileira teve posse de bola e não correu riscos, mas teve dificuldade de agredir. Com grande passe de Montillo, Wallyson marcou o quinto gol dele em seis jogos na temporada.

Para jogar no 4-2-3-1, com Roger, Montillo e Wallyson atrás do centroavante, vale a pena abrir mão da movimentação de Wellington e utilizar uma peça fixa, que faça melhor o pivô para a chegada da linha de armadores. Mesmo com 2 a 0 no placar, o Guarani seguia fechado, mas o Cruzeiro conseguia jogar mais próximo da área, sempre utilizando Farias – autor do terceiro gol.

Quem fecha a goleada é Thiago Ribeiro, batendo de fora da área, pela esquerda. É assim que Thiago prefere jogar, abrindo espaço pelo meio para poder finalizar. Assim rende mais e pode fazer mais gols. Os centroavantes do Cruzeiro são pouco eficazes, Thiago Ribeiro pode ser mais útil batendo de fora do que cruzando para o meio da área.

Com circunstâncias diferentes, outra goleada. Se não foi contundente como a primeira, mostrou outro repertório. Ainda precisando de ajustes, o Cruzeiro continua mostrando que é forte.

No São Paulo, a bola ainda entra por acaso


Primeiro foi Lucas, agora é Casemiro. O São Paulo é só mais um exemplo do futebol brasileiro no qual os jogadores vão à imprensa, pressionam as diretorias e, em um momento ou outro, conseguem o aumento de salário que consideram justo. Na última vez que falou, Juvenal Juvêncio usou a frase “a bola não entra por acaso” para justificar sua competência em gerir o clube.

A frase dá nome ao livro de Ferran Soriano, ex-diretor do Barcelona, que explica passo a passo como se montar um contrato de trabalho baseado em objetivos, metas, resultados e, aí sim, valorização. O jogador com determinado número de jogos na temporada pode receber aumento. O mesmo pode acontecer dependendo de convocações para a seleção de seu país ou outros critérios adotados pelo clube. Metas coletivas como títulos, classificação para torneios continentais, etc. também podem resultar em valorização financeira.

Lucas e Casemiro não iriam reclamar na imprensa, caso tudo estivesse acordado em um papel assinado por eles e pelo São Paulo. O jogador saberia exatamente o que precisaria fazer para conseguir o que considera justo. Juvenal citou o diretor do Barcelona para justificar a sua competência. Ou pulou alguns capítulos do livro ou no São Paulo a bola ainda entra por acaso, sim.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O porquê de o Flamengo ser, sim, o campeão brasileiro de 1987

Quem não é torcedor do Flamengo, crava que o Sport é o campeão brasileiro de 1987. Pode ser, também. É preciso voltar na história e lembrar o que se passava naquele ano. A CBF reconhecidamente não tinha condições de organizar um campeonato, superinflado, por ela própria.

Os grandes clubes queriam, e precisavam, jogar o campeonato nacional. Formaram então o clube dos 13 com os quatro grandes do Rio de Janeiro, quatro grandes de São Paulo, dois de Minas Gerais, dois do Rio Grande do Sul e o Bahia. A Confederação Brasileira de Futebol CONCORDOU que a nova entidade organizasse a Copa União, com a presença também do Coritiba, Santa Cruz e Goiás (campeões estaduais em 1986) – que seria o campeonato brasileiro do ano.

Os critérios para se definir quem jogaria a Copa União são discutíveis. O Guarani, vice-campeão de 1986 ficou de fora. O Botafogo, 28º, foi incluído. Com o módulo verde em andamento com os grandes e o amarelo com os menores, e com pressão destes sobre a CBF, buscou-se um acordo. Acordo que atende pelo nome do cruzamento dos dois melhores de cada módulo.

A reunião que legitimou o “sim” dos integrantes do Clube dos 13 em relação ao novo regulamento tinha Eurico Miranda como representante dos grandes. Eurico era o dirigente do Vasco – beneficiado pela mudança do regulamento em 1986, que deixou o Vasco em 24º lugar, o que o garantiria em um campeonato que não aconteceu em 1987.

Eurico assinou com a CBF, embora não fosse o desejo dos demais clubes. Tanto que a negativa em disputar o mata-mata final vem durante a disputa do campeonato. O Flamengo é o campeão brasileiro de 1987. A história mostra o que seria a Copa União em sua gênesis. O que aconteceu durante a competição pode justificar o fato do Sport ser, também, o campeão. Mas não tira do Flamengo o mérito da conquista.

Valdívia e a inspiração que o Palmeiras se acostumou a não ter

À primeira vista, Mogi Mirim e Palmeiras podem parecer ter feito apenas um jogo de pouca inspiração, no qual o time de Scolari correu poucos riscos e teve dificuldade de concluir. Nada muito diferente do que já aconteceu em outras rodadas, nada muito além do que se esperou do Palmeiras, até aqui em 2011.

O jogo teve sim, algo de novo. Valdivia jogou. Com ele, o líder do campeonato não precisa apenas da transpiração, tem alguém para pensar o jogo. Mesmo que o time tenha se acostumado a não ter o chileno e, em muitos momentos do jogo, tenha se esquecido de procurá-lo.

Quando conseguiu jogar, Valdivia deu inspiração ao Palmeiras. O time conseguiu criar com toque de bola, sem a necessidade das jogadas em alta velocidade para vencer a defesa adversária. A equipe ganha em repertório.

Sim, leitor. Eu sei que o jogo foi 0 a 0 contra o nada poderoso Mogi Mirim. Muito em função da ótima atuação do goleiro João Paulo. A entrada de Valdivia mostrou o que o Palmeiras pode ser, o que pode mudar. Pode. Mas por enquanto, ainda depende der rápido, de ter espaço para contra-atacar e de Kléber para decidir. O Palmeiras ainda é 100% transpiração. Valdivia pode dar uma porcentagem boa à inspiração.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O melhor São Paulo de 2011 vislumbra o caminho a percorrer

Em alguns momentos, deu pena do Bragantino. Fernandinho, Dagoberto e Lucas faziam o que bem entendiam na defesa adversária. Enquanto o São Paulo jogava naturalmente a 150 km/h, o Braga fazia um grande esforço para alcançar os 60 km/h. O que se viu no Morumbi foi um atropelamento do melhor São Paulo de 2011. No fim, 4 a 0 foi pouco. E não só pelo pênalti perdido por Rogério Ceni, ainda no primeiro tempo.

O time de Paulo César Carpegiani conseguiu jogar em velocidade e jogar bonito também. O lance do segundo gol, da tabela entre Fernandinho e Dagoberto, é só um exemplo do que fez o Tricolor durante toda a partida. Uma equipe muito ofensiva, mas que marca pressão e obriga o adversário a lhe devolver a bola – o que ajuda a corrigir os problemas de quem tinha, até então, a pior defesa entre os oito primeiros colocados.

Com a bola nos pés, Fernandinho pela esquerda, Lucas pela direita e Dagoberto centralizado, voltando muitas vezes para armar.  Todos se movimentando, quase sempre em diagonal, encarando os zagueiros de frente e levando vantagem.

O leitor que achar um exagero se valorizar tanto uma goleada de um clube grande contra um pequeno do interior, há de se ponderar: não foi um 4 a 0 qualquer. Teve requintes de crueldade. Teve brilho, inspiração, plástica. Forma e conteúdo. Era só o Bragantino, um pequeno do interior, mas o São Paulo foi diferente do que há muito se habituou a ver no Morumbi. Foi melhor de se ver e foi além: mostrou que há um caminho. Carpegiani viu em que caminho seu time pode percorrer.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Soberba de Juvenal é o retrato do que se tornou a política no São Paulo

“No São Paulo não existe oposição”. A frase arrogante de Juvenal Juvêncio caiu por terra no momento em que a oposição conseguiu a liminar impedindo que o conselho do clube votasse a mudança do estatuto que possibilitaria o terceiro mandato do presidente. As eleições do São Paulo acontecem em abril e apenas uma assembléia geral com dois terços dos seis mil sócios pode decidir pela alteração estatutária.

Teoricamente, Juvenal tem tempo hábil para reunir os associados do clube e votar o novo regimento do clube. Teoricamente... Em dois meses, segundo a oposição, é praticamente impossível que o quorum seja alcançado e é difícil, ainda, que os sócios apóiem um novo mandato.

A liminar conseguida somente no momento em que os conselheiros iriam se reunir foi estratégica por parte dos que não querem a 2ª re-eleição de Juvenal Juvêncio, exatamente para tirar do presidente tempo para reação. A intenção da oposição não é colocar alguém no poder, até porque esse nome hoje não existe. Aurélio Miguel, candidato no último pleito, não tem interesse em concorrer em 2011. O desejo dos opositores é conseguir fazer parte do corpo de uma diretoria mais democrática e menos soberba.

Juvenal foi um bom presidente para o São Paulo, conseguiu títulos importantes e seguidos enquanto esteve no comando. Conseguiu também, com a falta de tato político, afastar Corinthians, Palmeiras e Santos do Morumbi, perdendo dinheiro. Conseguiu ainda perder o direito de sediar a Copa do Mundo, com um estádio em ótimas condições, para um projeto do Corinthians,  que ainda não saiu do papel.

Pode-se discutir como o Morumbi perdeu a disputa e como Andrés Sanchez costurou o bom relacionamento com a CBF. O que não se pode admitir é a indisponibilidade de Juvenal para negociar e ser político a favor do clube. Pensar que a oposição não existe é o retrato do que foi Juvenal Juvêncio na presidência do São Paulo. Foi e provavelmente não será nos próximos três anos. Exatamente porque a oposição existe sim.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Goleada do Cruzeiro é aula não só para o Estudiantes

O gol de Wallyson com um minuto de jogo pode até ter mudado o panorama da partida. Mas o Estudiantes teria como fazer um jogo equilibrado mesmo atrás do marcador. O esquema montado por Berizzo, ofensivo e desprotegido, bem à la Bielsa, era o ideal para o jogo do Cruzeiro rápido armado por Cuca.

Roger pela esquerda, Wallyson pela direita e Montillo centralizado em uma linha de meias atrás de Wellington Paulista ditavam o ritmo veloz que a defesa adversária não estava pronta para conter. Na saída rápida, os três pegavam o trio de zagueiros do Estudiantes de frente, e desprotegido. Verón não jogou, porque não tinha com quem jogar. A saída de bola era dificultada pelos jogadores de frente do Cruzeiro e o jogo não chegava até Benitez, no setor de Gilberto, queria o problema defensivo brasileiro.

Com Montillo mais perto do gol, Roger armando bem pela esquerda e os volantes destruindo as jogadas e distribuindo o jogo com velocidade, a goleada saiu de forma natural na medida em que o Estudiantes tentava sair para tentar o gol. A pior derrota do Estudiantes na hisória de competições internacionais não se deu por acaso. O Cruzeiro deu uma aula do que fazer com quem não se preocupa com ele.

O time de Cuca é técnico e precisa ser anulado antes que se pense em jogar. O Estudiantes partiu, sem responsabilidade, para o jogo franco. Sem perdão. O cruzeirense não se sente vingado. Não trocaria a final de 2009 pelos 5 a 0 ou por 10 a 0 que fosse. Mas quem ficou desconfiado após a derrota no clássico, se anima com a estreia e o aviso que a equipe mandou para toda a América: para enfrentar o Cruzeiro é bom tomar muitos cuidados.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Arsenal mostra que pode vencer o Barcelona, mas terá de se superar no Camp Nou

Arsenal e Barcelona é o confronto mais técnico das oitavas-de-final da Liga dos Campeões. Esperava-se um jogo franco em Londres. Esperado e confirmado. Enquanto o Barcelona fazia bem o que se propunha a impor, com 69% de posse de bola ao final do primeiro tempo, o time londrino, mesmo em casa, saia no contragolpe e era sempre perigoso. O Arsenal mostrou que o Barcelona não é invencível ou infalível e que é possível enfrentar a equipe de Pep Guardiola também com futebol.

Se o Barcelona lamenta o gol perdido por Messi, cara-a-cara com Szczęsny, o Arsenal teve boa oportunidade com Van Persie. A saída da equipe inglesa, nas costas de Dani Alves, já era percebida no primeiro tempo. O gol de Villa, depois de excelente jogada e assistência de Messi não mudou o panorama da partida. Os dois conseguiam jogar, embora só o Barça tivesse a bola.

As mudanças de Arsene Wenger no segundo tempo, trocando o lado em que a jogada deveria acontecer, fez o Arsenal crescer. Arshavin dá mais qualidade do que Walcott, mas não faz o time perder a velocidade. O empate, com Van Persie, vem em jogada no setor de Dani Alves e a virada, via Arshavin, tem finalização mais uma vez pela direita da defesa – embora a jogada tenha sido criada pelo outro lado, com Nasri, presente o jogo inteiro.

Não se podia esperar outra coisa das duas equipes. O jogo não seria vencido pelo que errasse menos, mas pela equipe que tivesse mais virtudes na fria noite londrina. O Barcelona não conseguiu criar como sempre, não teve o volume ofensivo de costume, nem o Messi inspirado como em praticamente todas as partidas. Mesmo assim, quase conseguiu vencer uma grande equipe e que se superou. No jogo de volta, na Catalunha, o Arsenal precisará de ainda mais cuidados e terá de ser ainda mais letal quando tiver a chance de contra-atacar. Os Gunners precisarão ser precisos, letais. Acertar o tiro certeiro para matar o ainda favorito Barcelona.

Santos dá sono e ainda não pode comemorar empate

O Santos que entrou em campo contra o Deportivo Táchira era o mais próximo do ideal que se considera titular em 2011. Adilson Batista apostou em Danilo como volante pela direita e Elano solto para jogar com Diogo e Neymar. Os venezuelanos só tinham o lançamento do lateral-esquerdo Yegües e a tentativa de chegada pelo meio de Hernandez.

Com Neymar apagado e Elano sem se encontrar a frente do losango formado no meio, o time não tinha criação. Chegou apenas com Danilo que finalizou na trave após contragolpe pela direita e depois com Diogo – em gol mal anulado por impedimento. Fora isso, uma cabeçada de Durval nos acréscimos do 2º tempo. Só. Três lances perigosos em 90 minutos. O Táchira foi ainda mais tímido. Uma finalização rente a trave, apenas.

Quando o meia Parra entrou no time venezuelano e o Táchira ganhou o meio-campo, Adilson tinha duas alternativas: ou colocava Adriano, resolvia o problema de marcação e continuava sem ninguém para criar; ou apostava em Maikon Leite e tentava ganhar o jogo no contragolpe. A substituição foi conservadora, o Táchira perdeu a posse de bola que tinha e o jogo voltou para o marasmo que se encontrava.

O empate só será um bom resultado caso Colo Colo e Cerro Portenho também tropecem na Venezuela. O futebol venezuelano não é tão ingênuo como já foi um dia. Em 2009, o Grêmio eliminou o Caracas nas quartas-de-final apenas pelo critério de gol marcado como visitante, após dois empates. Ano passado, o Cruzeiro empatou com o Deportivo Itália na fase de grupos.

Por mais que haja esforço e organização do lado do Táchira, o Santos tinha condições de dar uma vitória e também menos sono ao seu torcedor.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Ronaldo é o maior fenômeno que já vi. E o que fica é a gratidão

É preciso separar o que foi Ronaldo para uma geração do que termina a carreira de forma melancólica. O Fenômeno é, muito possivelmente, o melhor jogador dos últimos 20 anos do futebol mundial. Só não foi mais por conta das lesões e, já em linha descendente, da falta de preocupação com o peso.

Messi, que encanta a todos hoje, conseguiu, aos 23 anos, o segundo prêmio de melhor do mundo. Ronaldo já tinha a marca aos 21. E mais. Já tinha lesões, como as que quase encerraram, prematuramente, sua carreira. Mesmo depois de duas cirurgias no joelho, Ronaldo se recuperou e ganhou uma Copa do Mundo – sendo artilheiro com oito gols. Melhor marca desde Gerd Muller que fez 10, em 1970. Mas Ronaldo foi além. Marcou quinze vezes e é o maior goleador de todos os mundiais.

Fica a pergunta de onde o Fenômeno poderia chegar não fossem os problemas de lesões. Mas também elas serviram para Ronaldo ser maior. Durante toda a carreira foi exemplo de superação, de vencer obstáculos e passar por desconfiança quando ninguém mais acreditava.

O final da carreira, o sobrepeso, a lentidão e a dificuldade de jogar seguidamente mostram apenas o quanto é difícil parar. Aceitar que chegou a hora deu a Ronaldo uma imagem que ele não merecia. Imagem que eu não vou levar. O “Gordo” acabará no momento em que o jogador virar ex-jogador. As críticas, de minha parte, acabarão no mesmo momento. O Ronaldo que eu vou me recordar é o Fenômeno de dribles impossíveis, arrancadas impressionantes e excelente finalização.

É o Ronaldo, que toda vez que eu vir, vou fazer questão de estender a mão e agradecer por ter feito, por inúmeras vezes, o futebol ter sido mais futebol.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sempre esperando os erros, Dorival mantem 100% em clássicos mineiros

Dorival Jr. começa a escrever história no futebol mineiro. Disputou quatro clássicos e venceu todos. A coincidência dos placares é incrível: três 4x3 e um 4x2. O novo capítulo teve a velha fórmula. Em clássicos, Dorival espera, mas não deixa de ser rápido.

A intenção era clara em Sete Lagoas. Diego Tardelli, Magno Alves, Serginho e Jackson deveriam fazer o jogo fluir em velocidade. Ricardinho ditaria o ritmo. Ao Cruzeiro, restava atacar. Com menos força pela direita, depois da saída de Jonathan para o Santos. Com o jogo ruim de Thiago Ribeiro, a equipe de Cuca volta a depender de Montillo.

Quando teve espaço, o argentino foi fatal dando o passe para o primeiro gol. Mas Montillo era bem marcado por Zé Luís, o Cruzeiro ficava acéfalo, avançava com mais peças e o desarme era facilitado. A bola do Atlético era veloz e ficava pouco no meio-campo.

A ótima partida de Renan Ribeiro, especialmente no 1º tempo, mas salvando a bola do jogo na cabeçada de Wellington Paulista, é ofuscada pela atuação de Diego Tardelli. Nos oito clássicos que havia disputado, o atacante havia marcado 3 gols. Justamente o que anotou no sábado. Tardelli tem qualidade técnica, mas tem também velocidade. Foi no time rápido de 2009 que marcou 42 gols em 56 jogos.

É tão óbvio quanto verdadeiro: ganha quem erra menos. Dorival esperou o erro e o Cruzeiro ofereceu. De novo, por pouco e com muita emoção, a tática do treinador dá resultado.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Liédson pode ser solução e tornar Ronaldo um problema no Corinthians

O Ituano era o adversário perfeito para o Corinthians voltar a ganhar jogando bem. A equipe alvinegra teve tranquilidade desde os dois minutos quando Ramirez abriu o placar. O time tinha Danilo como improvável atacante pela direita, Jorge Henrique aberto pelo outro lado e Liédson centralizado. Atrás dos três, Cachito.

Liédson deu mais movimentação ao ataque. A bola não chega nele apenas para que a jogada seja concluída, como acontece com Ronaldo. Liédson participa do jogo, dá continuidade ao lance, mas pode também decidir - como na falta sofrida no gol de Chicão ou os dois gols marcados no segundo tempo.

O bom desempenho do centroavante e a nova formatação do time dão a pista para um Corinthians que pode crescer na temporada. Se a solução passa por Liédson, o problema pode ser Ronaldo. O Fenômeno jogará sempre que quiser. É difícil imaginar Tite deixando o garoto-propaganda no banco. O treinador acena com a possibilidade de escalá-lo junto a Liédson, o que implicaria em tirar Jorge Henrique do time, recuar Danilo e precisar de maior participação dos meias pela faixa central. Ou seja, vai ter que mudar a forma da equipe atuar, sempre que Ronaldo estiver em campo.

Imagine que o time que venceu o Ituano, e fez seu melhor jogo em 2011 (levando-se em conta o fato de ter sido o adversário mais frágil também), precise incorporar Ronaldo em momentos decisivos. O histórico do jogador mostra como ele pode ser determinante em uma decisão e como seu futebol pode crescer em momentos assim. Mas vale também a lembrança que o Ronaldo que o torcedor corinthiano deve contar é o que não foi decisivo contra o Tolima.

A necessidade de ter que encaixar Ronaldo em um time que consegue ser bom sem ele, pode ser prejudicial à equipe. A medida em que Liédson se tornar solução, Ronaldo tenderá a ser problema.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Se mantiver média, Fábio pode se tornar o jogador que mais vezes defendeu o Cruzeiro na história

Fábio chegou ao Cruzeiro em 2005 depois de uma passagem sem jogos pelo clube em 2000. Foi contratado para substituir Gomes, o único a se firmar desde que Dida deixara o clube. Ídolo da torcida e eleito o melhor goleiro do último campeonato brasileiro, Fábio acaba te ter seu contrato renovado até 2016. Em seis anos, o goleiro entrou em campo 366 vezes (mais três jogos, contando 2011 e chega-se ao número atual de 369 partidas). A média do goleiro é disputar 60 jogos por temporada.

Contra o Villa Nova, Fábio quebrou uma marca: ultrapassou Geraldo II e só está atrás de Raúl como o goleiro que mais vezes defendeu o clube. O camisa 1 da conquista da Libertadores de 1976 jogou 557 vezes pelo Cruzeiro.

Depois de Geraldo II, Fábio tem Tostão, maior ídolo da história do clube e que disputou 383 jogos pela frente. Zé Carlos, que jogou no Cruzeiro entre 1965 e 1977 tem 632 jogos e é, na história, quem mais atuou pelo clube.

Se Fábio mantiver a média de jogos por temporada o fim do contrato, chegará a 669 partidas. Ídolo da torcida, o goleiro não está prestes a fazer história. Ainda não está. Falta metade do caminho, mas um caminho que não é, absolutamente, impossível de ser percorrido.

Confira abaixo a lista dos 20 jogadores que mais defenderam o Cruzeiro.

1 - Zé Carlos - 632 jogos
2 - Dirceu Lopes - 609 jogos
3 - Piazza - 567 jogos
4 - Raul – 557 jogos
5 - Eduardo Amorim - 556 jogos
6 - Vanderlei – 538 jogos
7 - Joãozinho - 485 jogos
8 - Palhinha - 457 jogos
9 - Ademir – 442 jogos
10 - Ricardinho – 441 jogos
11 - Adelino - 430 jogos
12 - Vavá – 428 jogos
13 - Darci – 427 jogos
14 - Nelinho - 411 jogos
15 - Pedro Paulo - 405 jogos
16 - Nonato - 393 jogos
17 - Douglas – 391 jogos
18 - Tostão - 383 jogos
19 - Fábio - 369 jogos
20 - Geraldo II – 368 jogos










domingo, 6 de fevereiro de 2011

As respostas que Dorival e Cuca procuram podem vir na semana que vem

O Atlético começa a temporada precisando correr atrás. O início de 2011 ainda lembra 2010. Terminou a temporada correndo atrás de pontos para não ser rebaixado. A briga agora é pelo campeonato mineiro e foi assim na partida com o Funorte e novamente contra o Tupi. O Cruzeiro também repete o ano anterior. Consistente, correndo poucos riscos e com dificuldades de fazer gols. Contra a Caldense, o primeiro gol saiu no meio do segundo tempo. Contra o Villa Nova, na segunda rodada, o único gol foi aos 40.

Mais do que derrotar os frágeis adversários do interior, Dorival Jr. corre atrás de respostas. Cuca procura certezas. O técnico atleticano escala o time valorizando a questão física no início da temporada. As mudanças durante os jogos deixam o time mais ofensivo, mais rápido e melhor. Magno Alves e Wesley no primeiro jogo, Neto Berola no segundo.

Cuca tem um time pronto, com ajustes a serem feitos. O treinador precisa experimentar o time que é, há anos, competitivo. Há a necessidade de fazer mais gols, de ter mais poder de fogo.

Se por enquanto, o mineiro serve para a dupla se preparar para compromissos mais importantes, no final de semana que vem servirá para mais. O clássico poderá tirar um pouco da tranquilidade de Dorival Jr. ou Cuca para seguir o trabalho. Se os atrativos são poucos no torneio, o clássico é um oásis de qualidade e competitividade.

Melhores respostas sobre o que esperar de Atlético e Cruzeiro na temporada, o torcedor terá na semana que vem.

Clássico expõe defeitos do Palmeiras, mas não esconde falhas do Corinthians

Qualquer que seja o clássico, há a mística: “quem está pior, vence”. Corinthians x Palmeiras não é diferente. O alvinegro, vice-campeão brasileiro em 2002, não venceu o Palmeiras, rebaixado. Em 2000, o Palestra, com time inferior, eliminou o campeão mundial e brasileiro na Taça Libertadores. A história em 2011 trazia o líder do estadual, de cinco vitórias seguidas, diante de um time arrasado com a desclassificação na pré-Libertadores.

A vitória por do Corinthians por 1 a 0 sai de tabela de Alessandro com Morais pela direita. Esquerda da defesa do Palmeiras. Setor de Rivaldo e calcanhar de Aquiles da equipe de Scolari. No primeiro tempo, Jucilei perdeu cara-a-cara com Marcos, pelo mesmo lado.

Ainda carece o Palmeiras de melhor marcação pela esquerda e de criação que fuja de apenas bolas longas para Kléber ou subidas esporádicas de Cicinho. Mesmo assim, o time de Scolari foi melhor. Júlio César salvou o Corinthians em pelo menos quatro chances claras e ainda contou com erros incríveis de Maurício Ramos e Max Santos.

A derrota expôs os problemas do Palmeiras, mas não escondeu as falhas do Corinthians. O time não tem, desde a saída de Elias, criatividade e diálogo entre meio-campo e ataque. A defesa é lenta, mesmo com a saída de William – falhas bem aproveitadas pelo Tolima, na eliminação da competição continental.

O Corinthians sai do clássico fortalecido por ter dado uma satisfação ao torcedor após a queda de quarta-feira. O Palmeiras perde a chance de se distanciar na liderança, mas, principalmente, de afundar o rival em uma crise ainda maior.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Neuer para Borussia, mas Dortmund deve ser o campeão

Borussia Dortmund x Shalke 04é o principal clássico da Alemanha. A rivalidade histórica esteve em prova na 21ª rodada da Bundesliga. O Borussia, líder absoluto e com 25 pontos acima do rival, era candidato a massacrar e golear o adversário. O que se viu foi um massacre, mas sem gols. Culpa do goleiro Neuer, titular da Alemanha na última Copa do Mundo e que fez pelo menos seis defesas espetaculares frente a frente com os atacantes.

No primeiro tempo o polonês Kuba e o paraguaio Lucas Barrios tiveram as melhores oportunidades, sempre por dentro da confusa defesa da equipe de Gelsenkirchen. No segundo, o Borussia seguia jogando e o Shalke apenas evitando gols. O Shalke, no meio da tabela, conta com as grifes de Jefferson Farfán, Raúl e Huntelaar. Mesmo assim, não existia poder ofensivo e Felipe Santana, ex-zagueiro do Figueirense e titular pela primeira vez na temporada, teve a vida facilitada.

O Borussia é formado por jovens e de muita velocidade, mas não conta mais com o japonês Kagawa, lesionado durante a Copa da Ásia, e desfalque até o final da temporada. Um time ofensivo e insinuante e que, em campo, não era encontrado pelos marcadores do rival. O Borussia chegou a acertar duas bolas na trave com Lucas Barrios. Mario Gotze também parou em Neuer.

Em partida que teve um time jogando e outro feliz em atrapalhar o principal candidato ao título, Neuer foi o melhor em campo. O goleiro da seleção é um só. Líder com 11 pontos de vantagem (no início da rodada) para o segundo colocado, o Borussia mostra que vai ser difícil parar a equipe amarela e preta até o final da competição.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Rivaldo brilha e mostra onde pode, e consegue, jogar

É injusto comparar Ronaldinho, aos 30 anos e que jogou 44 vezes pelo Milan na última temporada (40 como titular), com Rivaldo aos 38. Mas a estreia do são-paulino foi melhor que a do rubronegro. Rivaldo deu um chapéu desconcertante em Alessandro Cambalhota, fez gol, tocou por entre as pernas do seu marcador. Mas há de se pensar no Rivaldo como ótimo jogador que sempre foi, e como peça útil que espera-se que ele seja.

No primeiro tempo, Carpegiani armou o time em um 4-2-3-1, com Rivaldo armando por dentro e se aproximando de Dagoberto no ataque. O time foi lento e só Ilsinho e Jean iam bem pela direita. Na volta do intervalo, Marlos entrou na vaga de Ilsinho, o time passou a jogar no 4-4-2 com Rivaldo como centroavante. O gol de empate, marcado pelo camisa 10, nasceu justamente com passe de Dagoberto. Dentro da área, sobrou qualidade para tirar Bruno Quadros do lance. Foi como atacante o melhor posicionamento de Rivaldo na partida.

Depois do gol de Marlos, o da virada, Carpegiani mudou a forma do time jogar. Colocou Luís Eduardo, passou a jogar com três zagueiros, com Rodrigo Soutto a frente da zaga. Depois, uma linha com Jean pela direita e Fernandinho pela esquerda. Marlos e Rivaldo por dentro. Jogando recuado, não conseguiu armar o contra-ataque e nem manter a posse de bola no meio. Foi ainda, obviamente, presa fácil quando precisava combater o adversário.

Mostrou qualidade em todos os setores, mas o São Paulo vai enfrentar equipes mais qualificadas que o Linense, 14º lugar no campeonato paulista. Recuado, foi mal. Como armador, deixou o time lento e foi anulado. Com o retorno de Lucas na seleção, Rivaldo perde espaço no meio-campo. A solução para Carpegiani é escalá-lo mais próximo ao gol, onde mostrou que pode ser útil.

O jogo teve ainda outro personagem: Rogério Ceni marcou mais um gol de falta. Atualizando as contas, são 97 na carreira. Rogério disse que pretende jogar mais duas temporadas. Para ser o 10º maior goleador da história do clube, terá que ultrapassar os 121 de Raí.

Eliminação histórica do Corinthians não chega a surpreender

O Tolima jogou mais do que se esperava ou o Corinthians decepcionou como o primeiro brasileiro a cair na pré-Libertadores? O Tolima é organizado, tem Castillo, Bolivar e Murillo com bom toque de bola no meio e Medina, lúcido, na frente. As virtudes colombianas não vão muito além disso. Os problemas do Corinthians são maiores do que o campo ruim, em Ibagué, vão mais longe do que o problema físico do ausente Roberto Carlos e o desempenho ruim de Ronaldo.

O jogo no Pacaembu já anunciava os problemas. Antes, os empates contra Noroeste e Bragantino davam a senha dos problemas na criação das jogadas. Mais atrás ainda, o Corinthians de Tite não venceu Guarani, Flamengo, Vitória e Goiás, fora de casa, no último campeonato brasileiro – embora também não tenha perdido. Foram quatro empates. O desastre histórico na competição internacional poderia não acontecer, apesar de todos os erros, mas os problemas eram claros.

Contra o Tolima, a ideia era fortalecer o meio-campo, com Paulinho na vaga de Bruno César, e apostar em Jorge Henrique e Dentinho para contra-atacar – abria-se mão, assim, da armação das jogadas que poderia acontecer com Danilo. Ronaldo deveria como pivô. A bola não chegava redonda, ao redondo Ronaldo, que era facilmente anulado. Enquanto isso, Bolivar armava o jogo como queria, evitando os volantes adversários e apostando na bola longa.

O primeiro gol do jogo, de Santoya, saiu depois de um jogo e meio da mesma jogada. Passe entre os zagueiros, com a defesa em linha, para alguém em diagonal. O gol, apesar do melhor momento do Corinthians na partida, esteve longe de ser acidental. Se fosse acontecer, seria daquela maneira. A expulsão patética de Ramirez e o gol de Medina foram consequências do destempero de um bando de loucos, que se viu time em poucos momentos de 2011.

A eliminação não é o fim do mundo. É o fim de um planejamento tardio, como a contratação de Liédson apenas para a fase de grupos. É a prova cabal: não reconhecer os erros e inventar desculpas é tão grave que perder para o Tolima não chega a ser surpreendente.