quinta-feira, 30 de abril de 2009

A outra cara do Atlético em 180 minutos.

Do céu ao inferno em 180 minutos. Neste blog não. Na boa fase do Atlético, quando o time venceu 10 jogos seguidos e sofreu três gols, sempre se falou em calma e necessidade de observar à equipe em testes mais efetivos. O Galo dava pistas que estava no caminho certo, assim como dá sinais claros que precisa de ajustes.

Da mesma maneira que não considerava correto julgar o grupo formado por Emerson Leão apenas com os parâmetros do campeonato mineiro, é cedo fazer uma análise com base em dois resultados.

O Atlético mostrou deficiência no jogo aéreo? Sim. De cabeça foram sofridos cinco dos últimos oito gols. O que não pode se ignorar é que até o clássico de domingo, o alvinegro só havia sofrido um gol de cabeça na temporada, na partida diante o Tupi.

Assim como estava claro que Éder e Tardelli formam uma boa dupla, fica evidente que se Júnior for ser o lateral, alguém precisa fazer permanentemente sua cobertura. O time precisa ser mais rápido, desde a defesa para acompanhar os adversários até a saída de bola. A necessidade de mudança só aparece quando a falha é notória.

É cedo para crucificar e dizer que tudo foi por água abaixo. O Atlético não conseguiu, ainda, montar um time para encarar o Cruzeiro e vencer uma Copa do Brasil. Não perceber os defeitos da equipe antes custou dois torneios ao clube.

Reformulação demanda tempo e paciência. Vamos ver se Emerson Leão, Alexandre Kalil e a torcida vão conseguir esperar.

Que se cuidem os outros: o Palmeiras chegou.

O Palmeiras mostrou na primeira fase da Libertadores o que nenhum dos favoritos precisou até aqui: poder de superação. O time de Luxemburgo juntou de tudo um pouco para reverter a adversidade de duas derrotas nas primeiras rodadas.

Bom futebol contra o Sport em Recife, quando jogou em velocidade. Teve equilíbrio contra a LDU, em um jogo tenso no Parque Antarctica.

Contra o Colo Colo, no Chile, apresentou um bom primeiro tempo, não se intimidando em jogar como visitante, colocando duas bolas na trave dos chilenos, inclusive. Mostrou toda raça e vontade de um time comprometido com a competição quando perdeu Marcão, expulso. Terminou se garantindo na próxima fase com o talento individual de Claiton Xavier. Qualidade que não falta à equipe de Keirrison, Diego Souza, Claiton Xavier e Willians.

A classificação foi justa. O Palmeiras já comeu o pão que o diabo amassou na Libertadores. Passou. Agora entra em pé de igualdade com todos. Igualdade em termos, porque o time aprendeu e amadureceu. Está mais forte para o mata-mata.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Grande resultado, como time pequeno.

O Chelsea parou o Barcelona. Para isso, o técnico Guus Hiddink, que normalmente arma suas equipes visando ter sempre a posse de bola e jogar ofensivamente, colocou 10 jogadores da intermediária defensiva para trás. Jogou, sem sentir vergonha disso, como time pequeno. Drogba foi solitário no ataque o tempo inteiro.

Eto’o, Messi e Henry não podiam dominar uma bola sozinhos. Pior, nunca dominavam nem no mano a mano. Xavi e Iniesta tinham raros espaços para armar, mas com os homens de frente absolutamente bloqueados, o time espanhol não teve penetração. Ou pelo menos, a penetração habitual do time que já marcou mais de 150 gols na temporada 2008/09. Foram 20 finalizações do Barcelona e três do rival. 65% de posse de bola dos donos da casa e apenas 35% dos visitantes.

Mesmo dificultando tanto o trabalho do time de Pep Guardiola, o goleiro Peter Cech, do Chelsea, foi o melhor jogador da partida. Os torcedores dos Blues podem comemorar o empate, mas é bom lembrar que dos 54 jogos que fez na temporada, apenas em quatro o Barça não fez gols.

Para chegar à segunda decisão seguida, o Chelsea deve precisar de pelo menos dois gols em Londres. O Barcelona ainda é favorito.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

A diferença entre teoria e prática.

Chamar a responsabilidade e tirar o foco dos jogadores e da comissão técnica pode ser uma boa saída de Alexandre Kalil. O que se deve ter claro é a diferença entre teoria e prática. Na teoria, o presidente afastado faz o certo em se considerar culpado pela derrota por 5 a 0. Na prática é diferente.

Ouvi o que disse o dirigente na Rádio Itatiaia e na Rede Minas. Li a entrevista no blog do PVC. O discurso é o mesmo na segunda-feira pela manha do que foi no domingo minutos depois do jogo.

Na prática, Kalil não é o único culpado, o Atlético não jogou também com meio time reserva como foi dito ao comentarista da ESPN. Dos que vinham jogando o Estadual, apenas Éder Luís ficou de fora.

O presidente do Atlético disse ainda: “Os que jogaram ano passado, que estavam acostumados a perder do Cruzeiro, arrumar a mala e ir para casa, não estavam jogando, mas jogaram ontem”. Dos que participaram da goleada ano passado e estiveram também na de ontem estão Juninho, Marcos, Leandro Almeida, Rafael Miranda e Márcio Araújo (que saiu quando o jogo estava 1 a 0). Apenas Rafael Miranda não vinha sendo utilizado como titular. A goleada se deu pela escalação do volante?

Por mais que Alexandre Kalil tenha o discurso ensaiado sobre o culpado, é papel de presidente saber dividir responsabilidades.

domingo, 26 de abril de 2009

Resultados iguais, jogos diferentes.

Amanhã faz um ano que o Cruzeiro conseguiu sua maior vitória sobre o Atlético. Por mais que o resultado de hoje tenha sido o mesmo, o jogo foi completamente diferente. O que não pode ser desprezado é que Emerson Leão falhou.

O Atlético entrou bloqueando o Cruzeiro pelos lados. Três zagueiros, Marcio Araujo auxiliando Welrley e puxando contra-ataques, Carlos Alberto ajudando Marcos na caça a Thiago Ribeiro. Júnior marcava Jonathan antes do cruzeirense receber a bola. Renan e Rafael Miranda em cima de Ramires e Wagner. Diego Tardelli e Lopes atrapalhavam os volantes a sair jogando. Pronto.

Leão cercou o Cruzeiro e parecia que o bote estava pronto para ser dado a qualquer momento. Não aconteceu porque a saída para o ataque não era tão rápida quanto o desejado.

Com a saída de Araújo e a entrada de Kleber do lado alvinegro, Adilson soltou Wagner para virar atacante pela esquerda (como foi ventilado na sexta-feira neste blog), Magrão vinha com liberdade e o Cruzeiro conseguiu rodar a bola. Erro mortal. Ainda que Leão considere os gols de cabeça atenuantes, o Cruzeiro já havia dominado o jogo e reduzido o Galo apenas à marcação.

Depois de 3 a 0, sobrou espaço para sair em velocidade. Poderia ter sido mais. Se Leão quisesse deixar o time mais ofensivo, poderia ter entrado com Marcos Rocha e recuado um dos volantes para cobrir suas saídas e optado por um jogador com mais movimentação do que Lopes para ajudar a ligar defesa e ataque. Fabiano poderia ser útil na partida de hoje, mas por opção do técnico, ao que se sabe, ainda não jogou e não tem ritmo de jogo.

Os 5 a 0 de 2008 tiveram grande responsabilidade de Adilson e da forma que anulou as peças do rival. O placar de 2009 tem responsabilidade de Leão e a falta de atitude para saber as melhores alternativas que o Atlético pode ter.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Júnior é o armador.

É mera aposta. Assim como alguns repórteres que cobrem o Atlético, acredito que Leão possa escalar o time com mais um homem no meio-campo.

Ontem, cogitei aqui no blog a possibilidade de Rafael Miranda ganhar a vaga de Márcio Araújo e Leão escalar um outro atacante no lugar de Éder Luís. É uma das alternativas. A outra é o substituto de Éder ser o próprio Miranda, com Lopes sendo deslocado para o ataque.

No jogo da 1ª fase, Renan recuou para a lateral para marcar Thiago Ribeiro e liberou Júnior para jogar em cima de Jancarlos. Só não deu certo porque Soares passou por Renan e marcou um dos gols, mas a ideia era boa.

Se Leão optar por mais um volante, Júnior fica liberado para armar e ora Lopes, ora Tardelli recua para buscar jogo. Se o substituto de Éder for outro homem de frente, Chiquinho é a melhor escolha. Não pela qualidade, mas pela característica.

Segue abaixo um panorama tático de como fica o clássico.


As invenções que dão certo.

Campeonato mineiro 2008: 0 a 0 - Adilson colocou o time considerado titular em campo. Jadilson e Espinoza levaram um baile de Danilinho e o 0 a 0 ficou de bom tamanho.

Final do Mineiro – o treinador colocou Marquinhos Paraná em Danilinho, Henrique seguindo Marques, uma linha de quatro no meio com Charles pela direita, Jadilson na esquerda, Ramires e Wagner completando o meio campo. Na partida seguinte, praticamente a mesma tática, com direito a poupar jogadores para a partida diante o Boca Jrs.

Brasileiro, 1º turno: 2 a 1 – mais uma vez M. Paraná se encarregou de anular Danilinho. Sem Guilherme, com amidalite, Adilson escalou o ataque com Fabinho e Weldon, para explorar a velocidade. O treinador considera Marcos e Leandro Almeida lentos. Não deu certo pelo número de gols perdidos no primeiro tempo.

Brasileiro, 2º turno: 2 a 0 – Wagner voltava de contusão e Jadilson estava fora, Fernandinho vinha sendo o lateral. Adilson optou por Carlinhos na esquerda e Fernandinho no meio. O camisa 10 fez seu melhor jogo pelo Cruzeiro e, não fosse pela atuação de Juninho, o Atlético sofreria outra goleada histórica.

Mineiro, 2009: - 2 a 1 – O Cruzeiro poupou titulares para o confronto com o Estudiantes no meio da semana. Fernandinho foi meia mais uma vez e a dupla de ataque foi formada por Thiago Ribeiro e Soares, novamente apostando na velocidade. Soares provocou o cartão vermelho de Welton Felipe e marcou um gol, no espaço deixado por Júnior.

Fica claro, pelo histórico, a preocupação do técnico em explorar a velocidade e usar um jogador específico para anular as principais armas do rival. Por isso, aposto em Thiago Ribeiro desde o início e Wagner atuando como atacante pela esquerda. Marquinhos Paraná deve fazer papel de terceiro zagueiro, marcando Diego Tardelli.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Rafael Miranda pode ter ganhado a posição.

Um primeiro tempo turbulento com Édson aparecendo bem duas vezes e em outras duas os atacantes do Guaratinguetá finalizando com perigo. Nos 45 minutos finais, nenhum lance que assustasse.

O que mudou defensivamente? Com Alessandro em campo, no lugar de Lopes, o Atlético ganhou em poder de pressionar a saída de bola do adversário, mas o principal foi a entrada de Rafael Miranda. O volante se fixou entre os zagueiros, impediu a saída rápida de Nenê pelo meio e Júnior teve mais liberdade para armar.

O ataque do Guaratinguetá, com Guaru bem aberto, Wellington Amorim centralizado, mas saindo da área para abrir espaços, Nenê e Magal vindo de trás, inexistiu. A semelhança da maneira de jogar entre a equipe paulista e o Cruzeiro é grande. A diferença de postura do Atlético do primeiro, para o segundo tempo, também.

Talvez sem ter essa intenção, Leão pode ter encontrado uma solução tática para frear o ataque do rival no domingo. Rafael Miranda pode ser titular, agora falta achar o substituto de Éder Luís.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Poder de reação x mau futebol.

Nos três jogos que fez em casa pela Libertadores, o São Paulo saiu perdendo. Contra o Independiente Medellín, Borges empatou a partida aos 47 do segundo tempo. No confronto com o Defensor, o time paulista perdia até os 25 do segundo tempo até que Borges marcou duas vezes em quatro minutos e garantiu a vitória. Na noite desta quarta-feira foi a vez de Dagoberto ser o salvador. O Tricolor perdia e o camisa 25 marcou aos 12 e 21 minutos da etapa final.

A questão que fica é se o São Paulo é um time que vem jogando mal e a qualquer momento vai sucumbir ou prova o poder de recuperação de um time que tem força para chegar?

A resposta óbvia é: as duas coisas. O que deve ser levado em conta é que quando enfrentar um adversário mais forte a equipe de Muricy pode sucumbir e não ter forças para buscar o resultado, como aconteceu contra o Corinthians.

O Cruzeiro de Wagner é bem melhor.

Com Wagner bem o Cruzeiro é outro. Contra o Deportivo Quito foi assim mais uma vez. O camisa 10 chamou o jogo, armou, lançou, driblou e foi, de fato, meia armador. Quando enfrenta defesas muito fechadas, Wagner vai para a esquerda, vira terceiro atacante e a equipe tende a ser mais rápida e menos criativa.

A primeira grande atuação na temporada corresponde com o que o próprio jogador acreditava na semana passada: ao ser questionado se o jejum de gols o incomodava (ainda não havia marcado em 2009) ele respondeu que o mais importante, para sua função, era dar assistências aos atacantes e lembrou que em 2006 marcou seu primeiro gol no ano contra o Atlético nas semifinais do Mineiro.

Depois daquele gol Wagner garantiu o título contra o Ipatinga e foi artilheiro do Cruzeiro no campeonato brasileiro com 11 gols, sua melhor marca no torneio nacional. Se jogar no restante do ano da maneira que atuou esta noite supera a melhor temporada de sua carreira.

As idas e vindas de Édson.

Édson estreou pelo Atlético em 26 de julho de 2007, depois da saída de Diego para o Alméria. O Galo venceu por 3 a 0. Perdeu a posição para Juninho após falhar em dois gols na derrota por 4 a 3 para o Cruzeiro.

Em 2008, Édson voltou ao time logo no primeiro jogo da temporada quando Juninho se contundiu, mas perdeu a posição dois jogos após a falha no gol do Social, no Mineirão.

O goleiro teve nova oportunidade a partir da oitava rodada do campeonato brasileiro, contra o Figueirense. Foi titular por um turno inteiro até perder de novo a condição, após vitória sobre o Náutico, em Belo Horizonte.

Com a contusão de Juninho, contra o Vasco, em novembro do ano passado, Édson voltou ao time e terminou 2008 como titular. Em 2009, vai começar jogando pela primeira vez contra o Guaratinguetá, amanhã no Mineirão.

Dentre tanta oscilação em quase dois anos, os números de Juninho apontam mais segurança que os de Édson. O titular de Emerson Leão jogou 64 vezes e sofreu 64 gols, um gol por partida. Édson atuou 52 vezes e sofreu 78, média de 1,5.
Errata: a assessoria do Atlético corrigiu em tempo: Édson tem 51 jogos e 76 gols sofridos, média de 1,49. Juninho tem 64 partidas e 68 gols. 1,06 gol/jogo.
Se Juninho passa segurança à torcida e deve ser o titular no campeonato brasileiro é outra discussão. O certo é que Édson precisa de muito mais que uma boa partida amanhã para provar que pode recuperar a posição.

A semana decisiva do Palmeiras.

O Palmeiras mantém vivo o sonho da classificação para as oitavas-de-final da Libertadores. Pelo futebol apresentado em quase todos os jogos importantes da temporada é possível prever o fracasso. Ontem, mais uma vez, o time mostrou pouca criatividade, errou muitos passes, afunilou o jogo e se posicionou errado na defesa. Venceu com dois erros dos goleiros da LDU.

Por outro lado, se formos julgar pelo “jogo de vida ou morte” que a equipe fez contra o Sport na Ilha do Retiro (o melhor na temporada ao lado da goleada por 4 a 1 no Santos), o palmeirense pode ter esperanças. Depois de fazer seis jogos em 16 dias, os jogadores ganham uma semana para esfriar a cabeça, descansar e pensar apenas na partida diante do Colo Colo, no Chile.

Se perder, o time de Luxemburgo se despede da competição. Pode ser que se classifique com um empate. O certo é que se for o mesmo Palmeiras dos últimos quatro jogos, não avança. Se for a equipe que enfrentou o Sport, consegue a vaga.

Dizer se o Palmeiras vai se classificar ou não é puro palpite, mas na fase atual, os jogos ruins têm superado os bons. Luxemburgo tem uma semana.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O cartão de Éder: nada de polêmica.

A última polêmica do campeonato mineiro é o cartão amarelo recebido por Éder Luís contra o Rio Branco. Vi o lance no campo, achei falta e entrevistei o atacante que confirmou a infração, embora não concordasse com a advertência. Na entrevista coletiva, quando perguntado sobre o jogo, Emerson Leão preferiu responder sobre a arbitragem.

O estudo do treinador está correto: o Atlético recebeu 13 cartões amarelos nos quatro jogos da fase final do estadual. O número, no entanto, não é exclusividade do alvinegro: o Cruzeiro, com arbitragem de outro Estado, recebeu 12 advertências, o Ituiutaba 11 e o Rio Branco 15.

Leão tem razão quando reclama sobre o cartão ter sido aplicado enquanto Éder deixava o campo de maca. Pela regra, o árbitro só pode advertir um jogador em pé e dentro de campo, a não ser que o atleta não volte mais ao jogo.

A mais nova polêmica do campeonato mineiro, assim como tantas outras, não faz sentido. Faltam dois jogos e, ao que parece, não será a última.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Testado e, ainda, não aprovado.

O menos importante são os erros de arbitragem. A intenção não é comentar o resultado do jogo contra o Guaratinguetá, e sim a postura do Atlético. Sempre que nesse blog se falou sobre o time que Emerson Leão vem montando, foram feitas ressalvas quanto à fragilidade dos adversários encontrados no campeonato mineiro.

O empate com o time rebaixado à segunda divisão do campeonato paulista (que ainda assim considero mais forte do que qualquer equipe do interior de Minas Gerais) não mostra que o Atlético está no caminho errado. É pista de que o time precisa de ajustes. A defesa se mostrou lenta, especialmente Marcos, e mal protegida. Werley não jogou bem mais uma vez. Não foi zagueiro nem lateral. Lopes sumiu em campo.

Por outro lado, o segundo gol mineiro deixa bem claro em quem o torcedor vai depositar suas esperanças: Júnior, Tardelli e Éder Luís. Jogada em alta velocidade, com passes precisos e entrosamento ajustado. Para dar conjunto à equipe, o campeonato mineiro serviu. Os três funcionam contra um time mais qualificado.

O Guaratinguetá empatou com o Palmeiras e perdeu para o Corinthians por 3 a 1, ambos em casa e jogando bem. Foi derrotado por São Paulo (2x1) e Santos (2x0) como visitante, atuando mal. Contra os quatro classificados para as semifinais do Paulista, apenas um ponto, mas sempre jogos disputados, assim como foi contra o Galo.

Se antes o otimismo atleticano com 10 vitórias seguidas no Mineiro deveria ser contido, agora o pessimismo com a partida ruim deve servir de aprendizado. Tudo não era tão bom quanto parecia, mas também não é tão ruim como se viu ontem.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Athirson: a parte física avaliza sua contratação.

Quando se fala em contratar Athirson, logo vem o pensamento da condição física do jogador. Sempre lembrado pelas contusões musculares que o atrapalharam a ter seqüência de bons jogos por onde passou, o lateral-esquerdo parece ter superado a dificuldade.

Desde que chegou à Portuguesa, em agosto do ano passado, Athirson só não participou de quatro jogos da Lusa. Fez 13 partidas seguidas nas últimas rodadas do Brasileirão e, esse ano só ficou de fora duas vezes por suspensão, uma vez poupado da viagem para Fortaleza (devido ao jogo contra o Palmeiras três dias depois) e ainda em uma outra partida. Foram 30 jogos disputados, dos 32 possíveis.

Athirson marcou seis gols, levou cinco cartões amarelos e foi expulso uma vez. Bom desempenho, mas o lateral é muito ofensivo – jogou várias vezes de ala na equipe paulista. Adilson Batista vai continuar com a sina de contar com jogadores avançados para o setor: Jadilson, Carlinhos, Fernandinho, Gérson Magrão e Sorín não tem como principal característica a marcação. É o mesmo caso do próximo reforço da Raposa.

Goleada depois de Wagner, que está devendo.

Na noite de terça-feira, o Cruzeiro não enfrentou um time que só pensou em se defender, não atuou da intermediária pra trás ou parou a Raposa com seguidas faltas. O Cruzeiro esbarrou em falta de criatividade. Isso já acontece a algum tempo. Não é de hoje que os adversários se fecham, mas antes o time de Adilson tinha mais facilidade de vencer a marcação.

O Cruzeiro perdeu Fernandinho que fazia, com lançamentos, a ligação direta. Além disso, Ramires passou a jogar mais à frente, diminuindo o fator “elemento surpresa” quando as defesas estão mais bem posicionadas. O principal: Wagner não faz uma boa temporada. Do time considerado titular - Fábio, Jonathan, Thiago Heleno, Leonardo Silva e Gerson Magrão; Fabrício, Marquinhos Paraná, Ramires e Wagner, Kléber e Thiago Ribeiro – apenas Thiago Heleno e o camisa 10 ainda não marcaram em 2009.

Um homem de frente precisa fazer gols. Precisa chegar mais dentro da área, arriscar mais, decidir mais. Especialmente nesse time do Cruzeiro. Adilson Batista já afirmou que pretende jogar com um homem de área e um velocista bem aberto porque a movimentação abre espaços para os que vêm de trás.

O treinador admitiu, depois da partida contra o Ituiutaba, que Wagner está devendo. Também acho que está, mas ainda não sei até que ponto é responsabilidade do treinador por deixar o meia tão aberto pela esquerda, aproveitando a velocidade, mas reprimindo a criatividade do jogador.
Com as dificuldades que mostrou contra Tupi, América e Ituiutaba, fica claro que em partidas mais difíceis, contra rivais que atuem nos erros do Cruzeiro, a Raposa vai passar por apuros.

terça-feira, 14 de abril de 2009

A dependência de Éder e Tardelli.

São 24 dos 33 gols no estadual marcados por Diego Tardelli e Éder Luís. Números tão expressivos apontam algumas características do Galo. O time do Atlético já tem definida uma forma de jogar, e essa maneira é principalmente de saída rápida da defesa para o ataque explorando a velocidade e movimentação intensa dos homens de frente.

São mais de 70% dos gols divididos em dois jogadores, o que aponta também para uma certa dependência dos dois na hora de decidir. Não podemos dizer que a dependência é absoluta porque contra Villa Nova e Ituiutaba os autores dos gols foram Júnior, Chiquinho e Kléber.

Por mais que os adversários saibam que Éder e Tardelli são os jogadores mais perigosos do Atlético, é difícil anula-los devido, justamente, à velocidade e movimentação da dupla. Ponto positivo para o alvinegro é a incorporação de Alessandro ao elenco. O jogador pode ser o reserva imediato – ou brigar por posição – de qualquer um dos dois atacantes, sem mudar as características de jogo. Alessandro também é veloz, inteligente e habilidoso.

Como em quase todos os posts sobre o Atlético, continuo ressaltando que faltam testes mais fortes para sabermos com exatidão se o que ocorre no campeonato mineiro vai ser repetido no brasileiro, mas ao que parece, no caminho certo, a equipe está.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

A derrota de Adriano.

Quem perde mais com a aposentadoria, ainda que temporária, de Adriano? Vejo a questão com três pilares: o jogador, a Internazionale e o futebol. Bem, o futebol já perdeu Adriano a cerca de três anos. Desde 2005 o Imperador não faz uma grande temporada.

A Inter perdeu dinheiro e se esforçou muito para não perder a paciência com as idas e vindas do brasileiro. Vai deixar de gastar o que ainda deveria até 2011 quando iria terminar o contrato, mas corre o risco de ver, daqui a alguns meses, Adriano resolvendo voltar a jogar e trocar de clube sem a equipe italiana ganhar nada por isso.

Quem perde mais é Adriano. Dinheiro não lhe falta, por tudo que já conquistou. Adriano perde por não ter conseguido administrar a pressão que é ser um ídolo e uma figura pública. Aqui devem ser levadas em consideração todas as questões que envolvem um ser humano e a forma com que Adriano passou sua vida até aqui. Deve-se, acima de tudo, respeitar o momento do jogador.

Respeitar é a pessoa uma coisa, criticar o atleta é outra. Respeito, até por não saber o que o levou a tal atitude, a decisão. Critico o fato de Internazionale, seleção brasileira, José Mourinho, Dunga, Parreira, São Paulo, e muitos outros que apostaram em sua recuperação, terem tentado tratar Adriano com cuidados que outros atletas não tiveram e o jogador não ter correspondido a toda essa atenção.

Adriano é vítima por ter sido um garoto sem instrução, com problemas desde sua infância e que, de repente, se vê milionário e badalado. É culpado por não ter tido maturidade para lidar com tudo isso. Quem perde mais é o ex-Imperador.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Mais do que 4 a 0.

A goleada sofrida pelo Cruzeiro na Argentina me soa muito mais preocupante do que pode parecer. Preocupa tanto porque não pode ser considerada um acidente de percurso, chega a ser pontual. Exibições iguais a apresentada diante o Estudiantes foram vistas também contra o Real Potosí, Boca Jrs, Goiás, Náutico, Internacional e Grêmio. Em todas elas a postura foi a mesma, o que muda é a quantidade de gols sofridos e algumas particularidades em cada ocasião.

O Cruzeiro ainda não aprendeu a jogar fora do Mineirão. Claro que excluo o campeonato mineiro, pela fragilidade dos adversários. A equipe começa o jogo mal posicionada, dando espaços em todos os setores do campo e sem conseguir acompanhar qualquer movimentação ofensiva do adversário. O primeiro gol do Estudiantes saiu no quarto lance praticamente idêntico em cinco minutos de partida. O terceiro gol mostra a imaturidade que o time não perdeu. Ninguém marcou Verón ou Prette em uma falta na intermediária.

Não acho que a responsabilidade da derrota deva ser atribuída apenas a Adilson Batista. O episódio do atraso do ônibus, as falhas individuais de Marquinhos Paraná e do árbitro, que não marcou um pênalti, devem ser levadas em conta. O que se pode questionar é o porquê de tamanha diferença ao jogar dentro e fora de casa.

Por fim, o Cruzeiro deve usar a goleada para refletir sobre o quanto precisa melhorar para vencer uma competição como a Libertadores. Mais do que empolgar e insinuar no Mineirão, o time celeste precisa se mostrar competitivo. Vejo equipes, como São Paulo e Boca, com muito mais solidez e consistência do que a equipe mineira na briga pela América.

O requinte é a simplicidade.

Comece a reparar nas entrevistas de Emerson Leão. As palavras mais exaltadas pelo treinador, para falar sobre o Atlético, são simplicidade e ambição. A goleada sobre o Uberaba é emblemática para mostrar como os jogadores assimilam a proposta do treinador.

O alvinegro mostrou, desde o início do jogo, toque de bola rápido, agudo, com deslocamento dos que vinham de trás e solidariedade dos homens da frente. A ótima partida de Lopes, que fez dois gols e deu duas assistências até ser substituído quando a partida estava 4 a 0, foi o que faltava para o Galo encaixar seu melhor jogo na temporada.

Com Diego Tardelli marcado de perto, às vezes por dois homens, sobravam espaços para Lopes, Éder Luís e Júnior. No primeiro, e terceiro gol, percebe-se a inversão de posições. Na primeira entre Éder e Tardelli, com o camisa 11 aparecendo no meio da área. Na segunda oportunidade Diego lança Lopes que marca como se fosse um centroavante.

A simplicidade e velocidade que o Atlético imprime é o requinte da equipe que parece evoluir a cada dia com Emerson Leão.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O absurdo do estadual.

O absurdo do campeonato mineiro de 2009 não é a falta que Alicio deixou de marcar sobre Carlos Alberto. Não é o tempo de acréscimo dado no jogo entre Atlético e Ituiutaba. Não é a mudança de Tupi e Cruzeiro de sábado para domingo.

A grande decepção foi a falta de organização de clubes e autoridades para marcar jogos. O problema já havia acontecido, em proporções menores, nos anos anteriores. Quando o campeonato foi lançado, as equipes entregaram laudos do corpo de bombeiros, polícia militar e vigilância sanitária, dando condições de jogo e definindo a capacidade dos estádios. Mais do que isso: escolheram, antes do início, onde pretenderiam jogar a fase final. Tudo para não acontecer o que se viu nas últimas semanas.

Por que se reunir antes da competição e decidir para depois mudar? Por que um laudo dos bombeiros municipais e depois outro dos estaduais? Por que deixar fazer arquibancadas provisórias às vésperas dos jogos decisivos e não se certificar que essas arquibancadas serão suficientes para acomodar o suficiente? Como fica a situação do Democrata que 10 dias depois de jogar em Ituiutaba vê o campo do adversário perder as condições de jogo?

A desorganização manchou o estadual. O campeonato mineiro de 2009 provavelmente vai ser lembrado pelo o que vai acontecer em uma esperada final entre Atlético e Cruzeiro. Tomara. Porque no restante da competição não há quase nada de bom para recordar.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Cada vez mais Marquinhos.

Depois do primeiro gol de Marquinhos Paraná em 73 jogos pelo Cruzeiro, Adilson Batista advertiu em tom de brincadeira: “A média dele é essa. Até no Japão”. No jogo seguinte, Paraná fez mais um, deu uma assistência e sofreu um pênalti. Bem acima da média.

Com Ramires atuando mais a frente, o Cruzeiro carecia de chegada de alguém de trás para ser o elemento surpresa, foi o que aconteceu nos dois confrontos contra o Tupi. Continuo reticente quanto a idéia de Adilson de que Ramires é meia. Até acho que pode ser, mas não um organizador, camisa 10. Ele pode funcionar como terceiro homem de meio, mas que vem de trás, não sendo referência para a marcação.

Em jogos que o Cruzeiro precisar mais intensamente da velocidade e do contra-ataque vai ficar menos evidente a dificuldade de Ramires em atuar de costas. E quando ele estiver mais avançado, vai sobrar espaço para alguém se aproximar. Se continuar sendo Marquinhos, a tendência é que a média suba, e muito.

domingo, 5 de abril de 2009

Que me desculpe o mineiro, mas o que me atrai é o inglês.

Que me desculpem Cruzeiro e Atlético que precisam passar três meses fazendo o mínimo para evitar surpresas e se enfrentarem nos dois únicos jogos que valem a pena. Que me desculpe o Ituiutaba e seu estádio onde cabem 10 mil pessoas, mas apenas 6700 ingressos podem ser colocados à venda. Que me desculpe o América que não faz gol em sete dos 15 jogos que disputou na temporada. Que me desculpe o Villa Nova que se manteve na “elite” com uma vitória em 11 jogos.

Que me desculpem todos, mas o que me seduz mesmo é o campeonato inglês. No sábado, o embalado Liverpool deu uma aula de repertório ofensivo contra o Fulham e só foi conseguir vencer aos 47 do segundo tempo, alcançando a liderança. No domingo, todas as atenções voltadas para o último jogo da rodada e o Aston Villa, com sede de voltar ao G-4 vencendo o Manchester United, em pleno Old Trafford, até os minutos finais. A vitória dos campeões mundiais, assim como a do Liverpool, só veio aos 47 do segundo tempo, gol de Macheda, garoto de 17 anos, que fazia sua estreia como profissional. Sensacional. Rodada para deixar qualquer torcedor empolgado, e foi só mais uma de tantas outras boas.

É óbvio que não quero aqui comparar qualidade técnica ou poder econômico dos dois campeonatos. Na última rodada do estadual, ninguém sabia quando começariam as quartas-de-final, onde seriam jogadas por questões financeiras, falta de capacidade dos estádios ou o show de Axé. Isso, porque antes de começar o campeonato todos já haviam definido, no regulamento da competição, onde jogariam a fase final, o que não foi cumprido.

O campeonato brasileiro também é emocionante, empolgante, ano passado a média de público foi a maior dos últimos 20 anos,com trocas de líderes – em 2008, o São Paulo só assumiu a ponta na 33ª rodada. A Copa do Brasil poderia ser melhor explorada, mais longa e ter maior qualidade técnica se os times da Libertadores participassem da competição. Eu confesso estar ansioso para ver Corinthians e Fluminense em uma quarta-de-final e Inter x Flamengo na outra. Não seria bem melhor com Palmeiras, São Paulo, Cruzeiro, Grêmio e Sport? Os grandes jogos começariam já nas oitavas.

O que eu me pergunto é até que ponto vale a pena discutirmos, aqui em Minas, se o árbitro tem que ser de outro estado ou não, se o Villa Nova deve poupar titulares contra o Atlético, se Adilson está certo em não escalar os principais jogadores em todos os jogos. Ficamos reduzidos a isso, enquanto poderíamos ter emoções de verdade, com um campeonato nacional abrangendo mais meses e a Copa do Brasil com mais datas, possibilitando que todos joguem.

Jogos que realmente valem a pena no Brasil, só a partir de agora, em abril. Já perdemos muito tempo, bons jogos, os times já perderam dinheiro, jogadores machucados e patrocínios. Por essas e por outras que, como amante do esporte, prefiro ligar minha TV no domingo pela manhã do que à tarde.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Brasil x Peru: seleção deve vencer, mas não vai convencer.

O que representa para o Brasil vencer o Peru? Muito pouco. na prática, a seleção pode voltar ao segundo lugar nas eliminatórias, mas mesmo que jogue um bom futebol contra o time mais fraco das eliminatórias, dificilmente apagará a má impressão deixada contra o Equador.

É a chance que a seleção tem de, enfim, voltar a marcar no país. A última vez que isso aconteceu, pelas eliminatórias, foi em 21 de novembro de 2007, na vitória por 2 a 1 sobre o Uruguai. Depois, empate sem gols contra Argentina, Bolívia e Colômbia.

O Peru perdeu seis jogos até aqui, cinco deles como visitante. São 17 gols sofridos e só um marcado longe de Lima. Mesmo que tente armar um sistema defensivo mais eficiente, dificilmente conseguirá. O que não significa dizer que a seleção brasileira vai finalmente aprender a vencer adversários que só pensam em não sofrer gols.

O verdadeiro teste está em junho contra Uruguai em Montevidéu e Paraguai, no Brasil. Logo em seguida, Copa das Confederações com a Itália na fase de grupos. Podem não ser as últimas chances de Dunga, mas é, muito provavelmente, a última de Ricardo Teixeira ver se o treinador está pronto ou não para o Mundial.