quarta-feira, 23 de março de 2011

Novo blog

A você, leitor que se acostumou a acompanhar o meu trabalho por aqui, informo que o blog está mudando.

A partir de hoje, o conteúdo continuará sendo atualizado no site da Rádio Globo. Para acessá-lo, bastar entrar na home: http://radioglobo.com.br, clicar em "Blogs" à esquerda da tela e procurar pelo blog de Marcelo Bechler.

O link direto é http://colunas.radioglobo.globoradio.globo.com/platb/marcelobechler/

Obrigado pela leitura neste espaço, que durou quase três anos. O espero na "nova casa".

Um abraço.

A vocação dos estaduais para derrubar técnicos


Dos 20 clubes que irão disputar a Série A do campeonato brasileiro a partir de maio, oito já trocaram de treinador em 2011. Fluminense, Botafogo, Vasco, Santos, Atlético-PR, Figueirense, Avaí e Bahia já não têm o mesmo comandante do início do ano. As trocas podem não acontecer só pela campanha nos estaduais, mas os torneios têm grande influência.

No Rio de Janeiro, apenas o Flamengo, campeão da Taça Guanabara, manteve seu técnico. Muricy Ramalho deixou o Fluminense porque viu seu trabalho enfraquecido, devido às precárias condições de trabalho. Fizesse boa campanha em 2011, poderia acreditar por mais um tempo no Tricolor. Adilson Batista saiu do Santos depois de um empate contra o São Bernardo. A única derrota veio no campeonato paulista, no clássico contra o Corinthians.

O Coritiba, vencedor do 1º turno paranaense, mantém Marcelo Oliveira. O rival Atlético, 3º colocado, demitiu Sérgio Soares. Marcio Goiano, há um ano no comando do Figueirense, com direito a acesso à primeira divisão do Brasileiro, não resistiu à derrota para o Criciúma na decisão do primeiro turno e foi demitido. O Avaí, que não chegou à final, dispensou Wagner Benazzi. Rogério Lourenço dirigiu o Bahia por cinco partidas. Não resistiu à derrota no Ba-Vi.

Os estaduais com fases decisivas em momento intermediário da competição podem ser mais atrativos ao público, mas causam mais estragos também. Na importância relativa dos campeonatos, a grande vantagem de ganhar é não perder.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Fluminense contava com Adilson, mas não acreditava na recusa do treinador

Adilson Batista seria o novo técnico do Fluminense. Essa era a informação no início da tarde. Adilson não atendia ao telefone. Mesmo telefone que atendeu para explicar, a este blogueiro, o que o fez deixar o Cruzeiro, o que se passava no Corinthians e também no Santos. A informação do acerto vinha do Rio de Janeiro. O Fluminense contava com o ex-técnico do Santos. Ontem, por telefone, Adilson falava “meu nome é forte lá. Já me procuraram hoje algumas vezes”.

Aqui, se colocou as impressões da conversa. O treinador tinha reticências ao Flu – assim como o clube tinha do treinador, tanto que não foi a primeira opção. O presidente do Fluminense, Peter Siemsen, havia prometido técnico para segunda-feira e a informação do início da tarde era clara. “Está fechado. Se quiser, lhe envio o e-mail com a passagem comprada para ele vir de Curitiba para cá”.

Ou a passagem foi perdida ou o Fluminense não fala a mesma língua. A informação passada via twitter, falando sobre o acerto, era respaldada por fonte ligada ao Fluminense e também ao treinador.

Adilson nunca mentiu para mim. Pelo contrário. Me ajudou a entender, longe das câmeras e microfones, o que se passa nos clubes que dirige. A boa convivência, vinda dos tempos de Belo Horizonte, fez o treinador confiar no jornalista e vice-versa.

Adilson disse, há alguns minutos, que está tranquilo em Curitiba. Não aceitou a proposta do Fluminense. “Isso é meu”, disse sobre os motivos. A ideia do treinador é, como foi dito ontem, passar um tempo fora do país. O certo é que o acerto não deve mesmo acontecer. Acredito em Adilson. O que aconteceu no meio do caminho entre uma informação e outra, não “é meu”.

Sem entraves ou justificativa, Independência tem novo atraso para ser concluído

Em 9 de dezembro, você pôde ler aqui a palavra oficial do Estado, quando Fernando Teixeira, então diretor de obras do DEOP (Departamento de Obras Públicas) de Minas Gerais, falou sobre as obras no estádio Independência. A promessa, no final do ano, era de que “apenas um dilúvio” atrasaria as obras para além de junho. Três meses depois, e o estádio deve ser entregue em dezembro. Fernando Teixeira ainda chegou a afirmar: “Hoje eu não tenho um entrave. Eu tenho os projetos prontos, as empresas estão fabricando os pré-moldados, as fundações praticamente prontas.”

O deputado estadual Alencar da Silveira Jr. propôs uma comissão permanente na câmara para fiscalizar o andamento das obras no Mineirão e no Independência. A comissão não foi instalada e a fiscalização ocorre dentro da comissão de esportes.

Em contato por telefone com Alencar da Silveira Jr., o deputado confirma que entre dezembro e março não aconteceu nenhum fato novo que justifique o atraso de seis meses. A assessoria de comunicação do DEOP tem o mesmo discurso. Hoje, Fernando Teixeira não responde mais pelas obras. Carlos Melles, o responsável pelo assunto, foi procurado na sexta e na segunda-feira, mas não foi encontrado para explicar o porquê de Belo Horizonte seguir sem estádio.

Belo Horizonte chegou a ficar 26 dias sem chuva em janeiro, um dos períodos que o índice pluviométrico é mais elevado no ano. Não aconteceu nenhum dilúvio que explique seis meses de obras atrasadas. 

Enquanto, o governo não se manifesta, ouça o que era prometido por Fernando Teixeira em dezembro.



domingo, 20 de março de 2011

A defesa fraca do Atlético e as prioridades do time

O Atlético não esteve bem diante do Villa Nova. A dificuldade de criar no primeiro tempo e os espaços cedidos ao adversário mostram as dificuldades do time de Dorival Júnior. Nos nove jogos da temporada, o alvinegro sofreu gols. Também marcou em todas as partidas. Dada a fragilidade dos adversários do campeonato mineiro, e do IAPE na Copa do Brasil, o desempenho defensivo é muito ruim.

Dorival monta o time a partir do ataque, mas joga contra equipes que pensam primeiro em não o deixar jogar. Sem a bola, o Atlético marca mal. Sempre atrasado, faz muitas faltas, desarma pouco e dificilmente tem o contragolpe a seu favor. O grande jogo da temporada foi contra o Cruzeiro – atuando fechado, esperando para sair em velocidade quando retomava a bola.

O Villa Nova saiu na frente com Palermo, aproveitando espaço deixado por Jackson pela direita. No segundo tempo, Dorival Jr. deixou o time mais ofensivo com Berola e Jóbson abertos e Ricardo Bueno centralizado. Assim saiu o gol de empate, de Ricardo Bueno. Mancini entrou na vaga de Eron, deslocando Richarlyson para a lateral e dando mais força ofensiva ao setor esquerdo de ataque. O crescimento do Atlético no jogo passa pela entrada de Mancini, mas também pelo recuo excessivo do Villa que, cansado, não conseguia contra-atacar. O gol da vitória só saiu aos 47 minutos, em jogada de Magno Alves.

O jogo ruim não é exceção. Dorival mudou seis peças em relação ao último jogo, quatro por opção. Fica claro como o treinador procura o melhor time e o rendimento ainda é insatisfatório.  Nesse momento, marcar melhor deve ser a prioridade.

Em tempo: Guilherme é boa contratação. Muito técnico e inteligente é lento também, mas nunca travou o Cruzeiro na época de Dorival Jr. ou Adilson Batista. A característica é diferente da de Diego Tardelli e o Atlético pode mudar, mas continuará com um bom jogador vestindo a camisa 9.

Adilson Batista é o nome mais próximo do Flu. Caio Jr. é opção

Abel Braga poderia ser o nome para o Fluminense, mas hoje não é. A demora para a chegada do preferido faz Peter Siemsen e Celso Barros mudarem os planos. Adilson Batista e Caio Jr. estão na pauta – após as recusas de Luís Felipe Scolari, Cuca e Levir Culpi.

Adilson Batista foi procurado por empresários e diretores e é o nome é o mais forte no momento. Adilson queria de sair do país, mas pode repensar a decisão. A situação política do clube, com forte interferência do patrocinador, e as condições de trabalho nas Laranjeiras, podem pesar contra o acerto.

A outra opção é Caio Jr. que se desligou do Al Gharafa e volta do Qatar na terça-feira. Já houve um contato com o treinador que chega ao Brasil na terça-feira. Caio levou o Paraná Clube a Libertadores, terminando o Brasileiro de 2006 em 5º lugar. No Palmeiras e no Flamengo, nos anos seguintes, falhou nas rodadas finais contra Atlético-MG e Goiás, respectivamente, e ficou apenas com a vaga na Sul-Americana.

Neste momento é mais correto dizer que a decisão depende de Adilson. Caso não haja acerto, Caio Jr passa a ser a única opção. Seja quem for o contratado, será pressionado. Em junho, o contrato de Abel Braga se encerra e, mais uma vez, tudo pode mudar nas Laranjeiras.

Levir Culpi: sem futebol na J-League, por conta dos acontecimentos no Japão, Levir deverá estar no Brasil nas próximas semanas. O Cerezo Osaka só volta a jogar no dia 3 de maio, pela Liga dos Campeões da Ásia. Levir deu sua palavra aos japoneses que honraria o contrato. No Brasil, pode ser convencido pelos familiares a permanecer no país. Poderia voltar a ser pauta tanto no Fluminense quanto no Santos, mas, por hora, a opção está descartada nos dois clubes que o procuraram.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Preocupação de Cuca faz bem ao Cruzeiro

Ninguém goleia três vezes na Libertadores à toa. O Cruzeiro fez 5 a 0 no campeão argentino, 4 a 0 no campeão paraguaio e 6 a 1 no time que eliminou o Corinthians há um mês e meio. Cuca deixou o jogo contra o Tolima falando das chances criadas pelos colombianos. Para vencer o torneio mais importante do Continente, é preciso ser perfeccionista.

Individualmente, o time funciona bem. Roger não é o jogador centralizador que já foi, Wallyson vai bem pela ponta e em diagonal para finalizar, Henrique e Marquinhos Paraná dão qualidade à saída de bola, Montillo brilha se lhe derem espaço. Thiago Ribeiro é ótima opção.

O Cruzeiro joga no 4-2-3-1 com Roger, Montillo e Walysson como meias e Wellington Paulista isolado. A dificuldade de criação contra o Guarani e no primeiro tempo contra o Tolima passa por Wellington que não retém a bola na frente. Quando os adversários se lançam a frente, como o Estudiantes, o Tolima, no segundo tempo, ou o Guarani, apenas no final do jogo, o Cruzeiro sobe em bloco e altíssima velocidade. O jogo franco contra o time de Cuca, na Arena do Jacaré, é sinônimo de goleada celeste.

Roger e Wallyson acompanham o lateral adversário e, quando o Cruzeiro é atacado, é fácil perceber a presença dos dois no campo de defesa. Mas a recomposição é lenta. As chances cedidas aparecem no momento em que o time está exposto. No momento em que o Cruzeiro não consegue segurar a bola no ataque e é desarmado. Foi assim que o Tolima chegou. Foi assim que o time mineiro foi derrotado uma única vez na temporada.

O Cruzeiro aparece como favorito para ganhar a Libertadores, mas o time tem pontos a melhorar. Para o cruzeirense, melhor do que a euforia das goleadas é a preocupação de Cuca.

O melhor Luan do Palmeiras

O Palmeiras jogou conforme a música em Uberaba. Ou melhor, nadou a favor da maré. Com um campo encharcado, que reunia apenas condições mínimas de jogo, fez o que era possível para vencer o Uberaba. Mostra estar superando os problemas de criação, principal defeito da equipe no início da temporada.

A bola não rolava na faixa central do campo do Uberabão. O jeito era jogar pelo lado do campo e Luan aproveitou a deixa para fazer sua melhor partida com a camisa do Palmeiras. O atacante tinha um duelo com Maurinho pelo setor. Fez o que quis contra o lateral campeão brasileiro em 2002 e 2003.

Os quatro gols do time paulista saíram pela esquerda – o último com jogada de Márcio Araújo e com Maurinho já substituído. Com Patric e Valdivia no meio, o Palmeiras tem mais criatividade. Patric recua para ser terceiro homem de meio-campo sem a bola e puxa contra-ataque em alta velocidade. Faz o que Tinga fazia, só que melhor. Com talento.

Se conseguir chegar com mais qualidade à frente, sem que para isso tenha que desproteger a defesa, o Palmeiras pode ser tornar um time forte para a disputa de mata-matas. Não sofrer gols é metade do caminho percorrido e Scolari parece se concentrar agora em resolver os outros 50% da conta.

O “senão” fica por conta de Valdivia. O meia chileno saiu mancando, acusando dores musculares, com o jogo já definido. Com o histórico de contusões, a situação era fácil de ser evitada.

terça-feira, 15 de março de 2011

Inter faz história graças ao ótimo futebol de Eto'o


A Internazionale fez história. Pela primeira vez, na Liga dos Campeões, uma equipe que perde o primeiro jogo, em casa, consegue reverter o placar como vistante. O nome da partida poderia ser Robeen, que saiu da ponta direita para jogar bem pelo meio no 1º tempo, mas participou pouco no segundo. Poderia, negativamente, ser um brasileiro: Júlio César, que rebateu o chute (mais um) de Robben no primeiro gol. Thiago Motta, que cortou mal e deixou a bola para Thomas Muller ou Breno não achou Eto’o em campo e perdeu a bola do jogo aos 42 minutos do segundo tempo. O nome da partida poderia ser até mesmo Pandev – autor do gol salvador.

Mas ninguém jogou mais do que Samuel Eto’o.

São 31 gols em 40 jogos na temporada. Além do primeiro gol, o camaronês ainda rolou para Sneijder fazer o segundo e ganhou de Breno e o restante da defesa antes de rolar para Pandev definir a vitória.
Leonardo demorou a perceber a movimentação diferente de Robeen e mudar a marcação. Pela ponta direita, o holandês era bem marcado por Chivu e Thiago Motta. Quando centralizava, tinha espaço até que um dos volantes se aproximasse e foi assim que o Bayern foi muito superior no primeiro tempo e poderia ter matado o jogo. Depois do intervalo, Leonardo mudou. Colocou Philippe Coutinho, que dá mais movimentação do que Stankovic, e abriu espaço para Sneijder fugir da marcação forte de Luís Gustavo.

A Inter campeã de tudo na última temporada tinha José Mourinho no banco e dificilmente errava. A equipe de Leonardo é mais suscetível a erros, mas nela Eto’o brilha. Ano passado, o camisa 9 era coadjuvante no time que tinha Diego Milito como seu principal jogador.

A boa temporada de Eto'o não coloca a Inter como favorita ao bi-campeonato. Mas já foi o bastante para fazer história na Liga dos Campeões.

segunda-feira, 14 de março de 2011

São Paulo é o melhor time paulista do início de 2011

Pela segunda rodada seguida, os quatro grandes de São Paulo empatam na liderança do campeonato estadual. O desempenho depois de 13 rodadas é igual, o futebol dentro de campo não. O São Paulo, ainda sem Luís Fabiano, tem o melhor futebol do estado, em 2011.

Enquanto o Palmeiras vence o São Bernardo usando o esquema 4-6-0 no segundo tempo, o Santos depende do brilho de Neymar e, na última partida, Ganso para vencer o Botafogo, o Corinthians tem problemas de reposição às peças importantes, o São Paulo se mostra a frente. Venceu o Santo André com facilidade e outra grande atuação de Lucas.

Carpegiani mudou a forma da equipe jogar. Não há mais necessidade de chuveirinho e jogo de pouca criatividade no meio-campo. Há velocidade, toques curtos, bola no chão e muitas alternativas. A mudança já existia desde o início do ano, mas o bom futebol veio quando Lucas voltou da seleção sub-20.

O ataque ideal tem Lucas, Dagoberto e Fernandinho. William José é boa alternativa para a ausência de algum deles. Com a chegada de Luís Fabiano, um dos titulares servirá como opção. Jean faz boa temporada, Juan cresce sem tantas responsabilidades defensivas. Com três zagueiros, a defesa voltou a sofrer poucos gols.

As derrotas para Ponte Preta, Santos e Botafogo aconteceram ainda na fase lenta do início da temporada e sem Lucas. O empate com o Palmeiras veio depois da expulsão de Alex Silva e de mudanças equivocadas de Carpegiani.

No momento, o São Paulo é o melhor e a tendência é melhorar com Luís Fabiano. Em 13 rodadas, o Santos já esteve a frente, o Corinthians também. Ao Palmeiras não coube o brilho, mas a proteção à defesa para se manter entre os líderes até aqui. Cada um teve o seu momento e o do São Paulo foi o mais intenso de todos. Mudar, e ser mais leve, fez bem ao Tricolor.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Equilíbrio do paulista e o que pode fazer a diferença

Na classificação, Corinthians, Santos e Palmeiras aparecem nas primeiras posições com 25 pontos. Se o São Paulo vencer o Ituano, hoje à noite, se junta ao trio. O equilíbrio dos grandes nas 12 rodadas do estadual aponta semelhanças, mas são as diferenças de alternativas que cada um tem para resolver seus problemas que poderá apontar quem está mais próximo de se desgarrar dos demais.

O Santos voltou a ter Neymar jogando bem, contra a Portuguesa. Fez dois gols e deu uma assistência. O melhor jogador em atividade no Brasil muda o que se pode esperar do time que vinha sendo burocrático. No final de semana, Ganso ficará no banco de reservas e a tendência é que a melhora da equipe seja natural com os dois em campo.

No Palmeiras, falta material humano para Scolari, embora a vitória sobre o Noroeste tenha saído em dois lances de Valdivia. O chileno ainda vive de lampejos em 2011. A grande virtude da equipe é a defesa bem protegida. Não sofrer gols já é metade do caminho, mas o Palmeiras sofre mais do que o normal para conseguir marcar. Em Bauru, contra um Noroeste com meio time de desfalques, só conseguiu empatar o jogo quando teve um jogador a mais em campo e em cobrança de falta.

O Corinthians pós-Libertadores perdeu a primeira no estadual. A Ponte Preta de Gilson Kleina venceu também o São Paulo e empatou com o Santos. Se fecha bem e contra-ataca com qualidade.Depois de enfrentar equipes frágeis do interior e jogar os clássicos contra Santos e Palmeiras esperando ser atacado para dar o bote, o Corinthians teve o primeiro teste efetivo de um time que passa a ser alvo. Liédson deixou o time mais rápido, assim como Morais. Agora o time de Tite joga com o centroavante e não para ele. A Ponte tirou a velocidade do jogo corinthiano e conseguiu vencer nos espaços deixados na defesa.

O São Paulo é também um time veloz, embora a ausência de Fernandinho, lesionado, mude a forma da equipe jogar. Com William José fixo entre os zagueiros, a tendência é que seja mais previsível qual será o caminho do gol. Lucas e Dagoberto jogam mais distantes e o futebol é menos envolvente. A lógica é que não tenha dificuldade para vencer o Ituano, que já foi goleado por Corinthians e Palmeiras, e se junte aos demais na ponta.

Os quatro grandes são mais do que rivais separados por muito pouco. São equipes que buscam ser mais do que o Santos de Neymar e, e breve, Ganso, o Palmeiras da defesa que se garante, o Corinthians da velocidade e o São Paulo da movimentação para estar a frente dos demais em 2011.

terça-feira, 8 de março de 2011

Ninguém é melhor do que o Barcelona

O Arsenal não chutou ao gol. A frase fala por ela mesma. O que impressiona na classificação do Barça é a frase que abre o texto: o Arsenal não finalizou nenhuma vez, mesmo que a bola fosse parar na arquibancada. O vice-líder do campeonato inglês (tecnicamente, o mais forte do mundo), com três pontos e um jogo a menos do que o líder Manchester, não conseguiu jogar.

Eu, você, o mundo, está tão acostumado a ver o time de Guardiola dar espetáculo, que a tendência é não achar o gol de Messi como algo fora do comum e o domínio contra algo corriqueiro. Não é corriqueiro.

Contra quem quer que seja, o Barcelona joga como quer. Do outro lado, estará alguém que vai precisar mudar toda sua forma de jogo para evitar o que é praticamente inevitável. No ano passado foi desclassificado graças a uma elogiável (cheio de ressalvas por quem gosta de se divertir com futebol bem jogado) retranca da Inter de José Mourinho.

O Barcelona pode não vencer a Liga dos Campeões e não terminar o ano como campeão do mundo. Pode. Mas não vai deixar de ser o melhor do planeta por esse mero detalhe.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Levir Culpi deve ser o novo técnico do Santos


O Santos tentou a contratação de Ney Franco. Ligou para Abel Braga, tentando falar com Paulo Autuori, tamanha a urgência de acertar com um treinador. Levir Culpi, técnico do Cerezo Osaka, é o nome da vez. O diretor de futebol, Pedro Luiz, já fez uma proposta para contar com Levir até dezembro de 2011.

O treinador, que deixou o Brasil em 2007, depende do pagamento da multa rescisória, algo em torno de um milhão de dólares, para se desligar do Cerezo.

Levir Culpi já falou, em algumas oportunidades, que trabalhar no Japão é melhor do que no Brasil. Os salários são bons, a Liga é organizada, o país tem bom nível cultural e...pasmem: os clubes japoneses cumprem os contratos com seus treinadores.

O histórico do Santos em demitir Dorival Jr., por não querer escalar Neymar no clássico contra o Corinthians, e dispensar Adilson Batista, depois de uma única derrota, pode pesar contra o acordo.

O acerto com o Santos deve sair, mas Levir só terá uma garantia: precisará de resultados rápidos para garantir o clube vivo na Libertadores. E também para manter seu emprego.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Cruzeiro competitivo, mas com ajustes a fazer

Contra o Tolima, o Cruzeiro seria testado. Depois de tomar a iniciativa nas duas primeiras rodadas, a equipe brasileira seria atacada. Com os volantes bem recuados e poucas subidas dos laterais, a ideia era jogar com bola longa para Wellington Paulista e Wallyson. Com a marcação encaixada, o problema era fazer a bola parar no ataque.

A medida em que a bola batia e voltava, o Tolima tentava forçar, mas não conseguia. A jogada perigosa dos colombianos era com Santoya no setor de Diego Renan. No segundo tempo, com a proposta mais clara de contra-ataque, com Thiago Ribeiro e Dudu no jogo, mas sem posse de bola no meio-campo, Diego Renan tinha mais problemas. Foram pelo menos quatro jogadas, até o pênalti muito bem defendido por Fábio.  A mudança de Diego por Leandro Guerreiro poderia ter acontecido antes e a melhor proteção ao setor também.

A dificuldade do Cruzeiro em agredir e criar jogadas e a velocidade do Tolima mostram que o Corinthians não foi eliminado por uma equipe qualquer. Mais uma vez, o time mineiro se mostrou competitivo. Sem brilho, foi consistente e não jogou pior do que o adversário. Faltam ajustes. Alguém que segure a bola na frente e um lado esquerdo menos fragilizado são as necessidades do momento. Com sete pontos em três jogos, o Cruzeiro tem tranqüilidade para resolver seus problemas.

Santos empata por não aceitar as limitações do momento


O Santos entrou em campo do jeito que o torcedor queria. Com Zé Eduardo como centroavante, Neymar na ponta-esquerda e Diogo na armação. O Cerro Portenho tinha a postura clara: três zagueiros, Ivan Piris como lateral direito, mas sem passar do meio-campo, apenas marcando Neymar. Uma linha de quatro no meio com Iturbe a frente e Nanni isolado na frente.

O Santos não era ofensivo como se esperava. Ou pelo menos, não conseguia atacar como o torcedor imaginava. Simplesmente colocar as peças em campo, não fez o time de Marcelo Martelotte jogar. Mas deu o contra-ataque ao adversário. Burgos e Nuñez tinham campo para sair jogando e Iturbe era perigoso com o espaço cedido. No primeiro tempo, os paraguaios estiveram mais perto do gol.

Com Adriano marcando Iturbe, o perigo oferecido pelo adversário diminuiu. Diogo mais centralizado e Elano como meia direita, o Santos cresceu no segundo tempo. O gol sai de jogada de Diogo, por dentro, fazendo o passe para Zé Eduardo. Com o Cerro anulado, o Santos tinha condições de matar o jogo. Criou boas chances com Léo, Jonathan e Diogo. O gol de Nanni no final parece castigo pelo segundo tempo, mas o resultado é justo pelos 90 minutos.

Na Libertadores, competir é mais importante do que agradar. Jogar no ataque a qualquer custo não resolve os problemas do Santos. A culpa pelo empate não é de Marcelo Martelotte, assim como não era de Adilson. Hoje, a equipe não tem Ganso, nem Arouca. A comparação com o insinuante time de 2010 é ainda mais injusta. Wesley, Robinho e André não estão mais na Vila. O time passa por um processo de mudanças e poderia até jogar mais, mas a pressão pela imposição do tal “DNA ofensivo” vira fantasma. Tivesse competido mais, tivesse pensado que dentro das circunstâncias, vencer por 1 a 0 não é feio,  não estaria hoje na situação desconfortável que se encontra dentro da competição.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Mesmo com empate, Palmeiras tem mais méritos do que o São Paulo

A chuva que caiu no Morumbi foi descomunal. Uma hora depois do horário programado, o campo oferecia condições, mesmo que não fossem as ideais. Quando a bola rolou, o jogo foi o que se esperava. O São Paulo tinha o segundo melhor ataque e o Palmeiras a defesa menos vazada da competição. O desenho era óbvio. Dagoberto, Fernandinho e Lucas não só jogavam, como não deixavam o Palmeiras sair. Quando Kléber ou Valdivia recebiam a bola, não tinham com quem dialogar na frente.

O primeiro tempo foi vencido pelo Tricolor, com golaço de Fernandinho. O São Paulo tinha o contra-ataque, mesmo com o adversário arriscando pouco. A entrada de Adriano Michael Jackson ajudou o time de Scolari a crescer. Luan entra menos em diagonal do que o autor do gol de empate.

A justa expulsão de um inexplicável Alex Silva fez o São Paulo se fechar e abrir mão do contra-ataque com Xandão, Rivaldo e William José nas vagas do trio rápido Fernandinho, Lucas e Dagoberto. O gol de empate sai de jogada cantada e que havia acontecido minutos antes: Valdivia para Kléber, daí para Michael Jackson em diagonal.

Mesmo com um a mais, o Palmeiras teve de se superar para chegar ao empate. O time de Scolari está mais próximo de seu limite do que o rival. Mas enquanto Carpegiani encontra o melhor São Paulo “sem querer”, como ele mesmo definiu, Felipão sabe muito bem o que pode tirar de seu grupo. Hoje, os valentes palmeirenses têm mais méritos do que os qualificados são-paulinos.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A diferença entre o momento do Santos e do Corinthians

Há duas semanas, o Santos vencia o Noroeste as vésperas de estrear na Libertadores e o Corinthians empatava com o Paulista, um dia depois de Roberto Carlos deixar o clube e um dia antes da aposentadoria de Ronaldo. Em 15 dias, o cenário é outro. Liédson joga bem, dá mobilidade ao ataque corinthiano. Do outro lado, Adilson Batista é pressionado, Neymar não voltou bem da seleção e Arouca se machucou novamente.

Mais do que pensar que futebol é uma montanha russa, é preciso olhar bem o momento que viviam e agora passam os alvinegros de São Paulo. O início da temporada bom do Santos, mesmo sem Neymar, mostrava que Adilson Batista tinha alternativas. Quem brilhava era Elano, ótimo coadjuvante, mas que nunca foi o pensador criativo dos times que jogou. Neymar e Arouca estão mal fisicamente, Ganso e Charles ainda não podem entrar em campo e o time das primeiras rodadas passa por mudanças, enquanto os outros vem se consolidando.

O empate com o São Bernardo, e a terceira partida seguida sem vitória, evidencia o momento de desequilíbrio, mas não justifica a pressão ao trabalho de Adilson Batista. O que é bem possível é cobrar vitória diante de um adversário que briga para não cair. O treinador ainda não pode contar com o time ideal. O brilho que os torcedores cobram do Santos, e que foi visto em 2009, passa pelo retorno de Ganso. Ainda assim será diferente. Sem Wesley, Robinho e André, é mais fácil esperar um time competitivo, e de qualidade, do que “o Barcelona do Brasil” como se chegou a dizer.

Os dias do Corinthians são diferentes. Depois da saída de Elias, e sem alguém com as mesmas características no elenco, o time precisava mudar. Com Ronaldo estático em campo era difícil exigir outra movimentação da equipe. Liédson abre espaços e permite ao meio-campo jogar com a bola longa que o Fenômeno não alcançaria. O Corinthians que venceu cinco jogos e empatou um depois da queda da Libertadores (e da saída de Ronaldo) se ajuda mais dentro do campo.

A mudança não aconteceu em duas semanas, por acaso do futebol. Se deu porque Liédson dá velocidade e tira a previsibilidade que tinha o time. A defesa lenta do Prudente precisou de 30 minutos para perceber que o Corinthians mudou. Tarde demais. Com 3 a 0 no marcador, o time da capital já havia vencido o jogo. Liédson tem 7 gols em 5 partidas pelo clube. Ronaldo precisou de 10 partidas para chegar aos sete gols. Com menos estrelas e mais suor, o Corinthians pode ser mais perigoso do que em 2010.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Desequilíbrio do Atlético leva o IAPE à Sete Lagoas

Para vencer, basta fazer mais gols do que se sofre ou sofrer menos gols do que se marca? A diferença da obviedade das respostas está na mentalidade. Dorival Jr. acredita no ataque, no poder de fazer quatro gols mesmo que venha a sofrer três. Foi assim no Santos que perdeu para o próprio Atlético por 3 a 2, no Mineirão, e 4 a 3 para o Grêmio, no Olímpico, mas reverteu os placares em casa. Na final do paulista, venceu e perdeu por 3 a 2 e terminou com o título.

Dorival Jr. tem peças para montar o Atlético rápido e ofensivo. Vale lembrar que Coritiba e Vasco, comandados por Dorival, não possuíam esse estilo de jogo. Contra o IAPE, o time mineiro, em muitos momentos, não conseguiu ser veloz. Esbarrava na dispersão de Renan Oliveira ou na pouca produtividade dos volantes. Apenas Ricardinho fazia o time jogar.  Inteligente para perceber a movimentação dos atacantes, foi decisivo em passes para gols de Renan Oliveira e Diego Tardelli. Ricardo Bueno fez o terceiro.

A defesa, ainda desajustada, sofreu com bola na trave e algumas jogadas de Vanvan. Vale ressaltar a trapalhada do árbitro Andrey da Silva e Silva que não marcou falta no primeiro gol dos maranhenses. No segundo, ou apitou impedimento (que não houve), ou posso cravar que estou surdo ao contrário. Mas o time da casa ainda teve outras chances.

São nove gols sofridos em cinco partidas na temporada. O único adversário expressivo foi o Cruzeiro. O torcedor pode ponderar que o time marcou 17. A média é alta e a proporção dos números deixa claro o desequilíbrio.

O Atlético está mais próximo do time que ganha por 4 a 3 do que por 1 a 0. Para ser tão forte quanto o torcedor espera, Dorival precisa acertar a defesa. Ofensivamente, o time tem peças para fazer quatro. Lá atrás, tem condições de não sofrer tanto. Por não ser competitivo o bastante, vai precisar passar pelo IAPE novamente.