quarta-feira, 30 de junho de 2010

As primeiras impressões da Arena do Jacaré

Pouco antes das 17h a equipe da Rádio Globo chegou à Arena do Jacaré, primeira opção de Atlético e América (ainda indefinida no caso do Cruzeiro). As obras custaram 12 milhões de reais, dois a mais que o previsto. O amistoso entre Atlético x América terá portões fechados, então ainda não é possível descrever como é entrada e saída do público, assim como estacionamento.

Atrás do gol que fica à esquerda das cabines, as obras atrasaram devido a problemas no solo, ainda faltam ser colocados alguns blocos pré-moldados de concreto para a fixação das últimas cadeiras. A justificativa de João Fleury, diretor geral do DEOP (Departamento de Obras Públicas) para o atraso da entrega do estádio é essa, embora outros setores ainda estejam passando por ajustes. Do outro lado das arquibancadas, onde deverão ficar os torcedores visitantes, ainda falta a instalação de oito portões de saída.

O estádio terá capacidade para 22 mil pessoas, mas a expectativa é que comece atendendo à 15 mil torcedores. O campo de jogo tem dimensões quase idênticas ao do Mineirão: 74 x 110m (contra 75x110 do estádio da Pampulha), mas está estranho. O gramado é todo novo, foi replantado e refeito o sistema de drenagem, mas tem ondulações demais. Em 16 dias, a Arena do Jacaré receberá sete partidas e o desgaste pode contribuir para piorar as condições do que já não parece ser o ideal.

São 19h10 e ainda temos operários trabalhando para cumprir o que as autoridades prometem: Arena pronta no dia 10 de julho.

Independência: o diretor do DEOP falou também sobre a situação do estádio que foi demolido e deveria estar novamente em pé em outubro. As obras estão atrasadas cerca de 50 dias, devido às chuvas nos meses de abril e maio, o que impossibilitou a entrada de máquinas para fazer as fundações. João Fleury garante que em janeiro, o novo Independência estará pronto e que o tempo pode ser reduzido dependendo da velocidade na montagem dos pré-moldados.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Análise e palpites das quartas-de-final da Copa.

Brasil x Holanda: o time de Dunga joga o futebol mais seguro da Copa. A boa defesa corre poucos riscos durante os jogos. O contra-ataque funciona, como se viu contra Chile e no segundo tempo contra Costa do Marfim. Robinho, Kaká e Luís Fabiano podem decidir em um lance furtuíto. Individualidade e contragolpe: é no que o torcedor brasileiro mais pode contar contra o holandeses.

O time europeu é muito técnico e rápido. Melhorou após a entrada de Robeen e a ida de Kuyt para o lado esquerdo do ataque. Teve dificuldades de encontrar espaços durante a Copa e dos sete gols que marcou, três foram nos 10 últimos minutos de jogo, justamente quando o adversário saía para jogar. Não marca tão forte e tem a defesa lenta, especialmente pelo lado esquerdo com Gio.

Palpite: Brasil.

Uruguai x Gana: o time sul-americano sofreu apenas um gol na Copa, após falha de Muslera contra a Coreia do Sul. Oscar Tabárez mudou a forma do time jogar após o empate contra a França, recuando Fórlan e colocando Cavani no time. Fórlan faz a equipe jogar e Cavani abre espaço para Luís Suárez dentro da área. Tabárez ainda não sabe se contará com Godin que saiu machucado contra a Coreia. A última vez do Uruguai nas semifinais foi em 1970 quando perdeu para o Brasil, jogo do lance histórico da finta de corpo de Pelé sobre Mazurkiewicz.

A equipe ganesa faz história, chega a uma quarta-de-final em sua segunda Copa do Mundo e pode ser o primeiro africano entre os quatro primeiros. Em 2010, só marcou dois gols uma vez: contra os EUA e mesmo assim precisou da prorrogação. Também não levou dois gols em nenhuma partida. Ayew e Mensah, suspensos, ficam de fora. Gyan, com dores no tornozelo direito ainda é dúvida.

Palpite: Uruguai.

Alemanha x Argentina: o jogo do conjunto contra a individualidade. A Alemanha de Joachim Low é quem melhor utiliza o 4-2-3-1, com Muller, Ozil e Podolsky jogando em diagonal com velocidade. Pode ser a arma letal contra a Argentina que ataca de forma quase irresponsável e tem a defesa lenta. Muller e Podolsky devem jogar em cima de Henzie e Otamendi, que saem pouco para o jogo, mas tem pouca proteção dos meias. Se Ozil conseguir fugir de Mascherano na faixa central, os alemães terão espaço para tabelar à frente da defesa e servir Klose.

Caso consiga deter os avanços do adversário, a Argentina conta com Messi, Di Maria, Tévez e Higuaín para decidir o jogo. O lado esquerdo da defesa alemã, com Boateng, já mostrou falhas e Neuer não é seguro. Com 10 gols no mundial, o time de Maradona tem o melhor ataque da Copa e pode ser ainda mais efetivo se Messi passar a aproveitar as oportunidades que cria.

Palpite: Alemanha.

Paraguai x Espanha: é, na teoria, o confronto mais desequilibrado das quartas-de-final. O time paraguaio chega com o pior ataque entre os oito finalistas. Fez apenas três gols e está a duas partidas sem marcar. É um time armado para jogar na defesa e o faz com qualidade. Sofreu apenas um gol, contra a Itália após falha do goleiro Villar em cobrança de escanteio. Nunca havia ido tão longe em uma Copa.

A Espanha, mais uma vez, encontrará um time fechado e que tentará derrotá-la em contragolpes. O time de Vincente del Bosque é quem mais tem a posse de bola na Copa, mas tem dificuldades de criar situações de gol. De um lado do ataque, Fernando Torres, que chegou para ser protagonista, ainda não marcou. Do outro, David Villa tem quatro gols, é artilheiro ao lado de Vittek e Higuaín e se marcar mais três chega a 45 com a camisa da Espanha, ultrapassando Raúl e se tornando o maior artilheiro da história da seleção. A Fúria nunca chegou a uma semifinal.

Palpite: Espanha.

Espanha tem problemas na criação, mas está perto de seu melhor mundial na história.

Portugal só se defendeu é verdade, mesmo assim a Espanha pouco produziu depois que a marcação sobre o lado esquerdo do ataque foi corrigida pelo time de Carlos Queirós. A dificuldade espanhola para jogar de forma objetiva chegou ao quarto jogo no mundial e, apesar da classificação, fica claro que o futebol que se esperava ainda não apareceu.

Vincente del Bosque arma o time ofensivamente com Busquets e Xabi Alonso como volantes e homens da saída de bola. Xavi centralizado à frente deles, David Villa aberto pela esquerda entrando em diagonal e Iniesta se movimentando sem guardar posição. Do lado direito, Sérgio Ramos joga sozinho e na frente Fernando Torres não faz bom mundial, tanto que a equipe melhorou após a entrada do apenas regular Lloriente.

A Espanha do toque de bola é também o time que sai com mais gente para atacar de uma vez só no mundial. Puyol e Piqué tem praticamente o apoio apenas de Busquests quando a equipe é contra-atacada. O problema de rodar demais a bola e não conseguir definir o lance é encontrar um adversário que aproveite os espaços deixados – como fez a Suíça na primeira rodada.

Alternativas para mudar a forma do time jogar, del Bosque tem. Fabregas é o jogador do passe mais aprofundado, David Silva, Pedro ou Jesús Navas podem jogar pelos lados do campo, encostando em Sérgio Ramos e criando alternativas também pela direita. Quem sai? Busquets seria a melhor opção. Xabi Alonso pode funcionar como primeiro volante e Xavi como segundo.

Pelas alterações promovidas durante a Copa, o treinador parece distante de pensar assim. A Fúria ainda não mostrou força de favorita, mas está viva e pode chegar à primeira semifinal de um mundial em sua história.

domingo, 27 de junho de 2010

Jogo veloz da Alemanha destroça ingleses e assombra México e Argentina.

A primeira fase da Inglaterra teve 10 minutos de bom futebol contra os Estados Unidos quando Gerrard fez 1x0. Depois, um time em que suas principais armas jogavam distantes, sem diálogo e criatividade contra norte-americanos e Argélia. Na última rodada, melhorou contra a Eslôvenia, mas ainda distante do que se esperava da equipe que só perdeu uma vez nas eliminatórias.

O confronto das oitavas-de-final tinha de um lado a Inglaterra, de quem esperava-se evolução, e do outro a Alemanha, que já havia mostrado na Copa as suas vrtudes: ótima aplicação do 4-2-3-1 com Muller, Ozil e Podolsky se entendendo bem e jogando também em diagonal, como foi contra a Austrália. Mostrou também os problemas de sua defesa pesada com Mertesacker e Friedrich e o inseguro Neuer.

No confronto de domingo, o que se viu foi os meias alemães servindo Klose nos primeiros 30 minutos, quando o jogo poderia ter sido definido. O gol de Upson recolou os ingleses na partida e em 10 minutos de bom futebol a história poderia ter sido outra, não fosse o erro grosseiro da arbitragem que não viu a bola dentro do gol após o chute de Lampard. No segundo tempo, como em toda a primeira faz, a Inglaterra tinha a posse da bola, mas não conseguia jogar e em dois contragolpes, Thomas Muller definiu a clasificação e o revide ao 5x1 inglês nas eliminatórias de 2002.

O futebol ruim da equipe de Fábio Capello sobreviveu até encontrar o primeiro adversário forte. O time de Joachiim Low que contra-ataca com incrível eficiência é tudo o que mais pode assombrar mexicanos e argentinos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Copa do Mundo escancara os problemas do futebol italiano.

Pela quarta vez na história das Copas, o campeão não avança à segunda fase. Dessa vez, a vergonha é da Itália que fracassou em um grupo com Nova Zelândia e Eslováquia, além do Paraguai. A decepção fica por conta da tradição da tetracampeã, porque, pela qualidade do time, o fracasso era previsível – talvez não na primeira fase.

A crise italiana é técnica. Dos 23 convocados, apenas nove já haviam disputado um mundial. Não se pode dizer que não houve renovação. Ela aconteceu, mas não com qualidade. Depois do fracasso na Copa de 1966, quando sofreu a inesquecível derrota para a Coreia do Norte, o mercado italiano se fechou para a entrada de estrangeiros, afim de valorizar mais o que era produzido no próprio país.

Mais de quatro décadas depois, a Inter de Milão conquista seu quinto título nacional seguido, vence também a Copa da Itália e a Liga dos Campeões da Europa. Tudo isso, sem nenhum italiano entre os titulares ou convocado para a Copa (a Roma, vice do campeonato e da Copa teve apenas De Rossi no mundial). Não fosse pela Inter “não-italiana” e o futebol do país completaria três anos sem um representante entre os quatro melhores da Europa, desde que o Milan foi campeão em 2007.

De um lado, muitos estrangeiros nos principais clubes do país – problema não exclusivo do futebol italiano – do outro, a visão falha de Lippi que deixou Totti e Cassano fora da convocação e ainda Di Natale (artilheiro da Série A com 29 gols) no banco até a última rodada enquanto Gilardino (15 gols) e Iaquinta (6) eram os titulares.

Cair na fase de grupos é motivo de vergonha nacional, mas a Copa do Mundo só acentua os problemas do futebol, a ser seriamente pensado, no país.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O Atlético vislumbra mudanças com Eduardo Maluf

Há tempos, é falado em Minas Gerais que o Cruzeiro sabe vender seus jogadores melhor que faz o rival Atlético. A fama de dirigentes espertos, rendeu ao clube celeste a Raposa como mascote. A contratação de Eduardo Maluf pode mudar o quadro, ou pelo menos, diminuir as diferenças.

Maluf não será responsável apenas por fazer com que os jogadores que saírem do Atlético rendam mais dinheiro ao clube, é dele também o papel de agregar ao clube atletas de potencial – técnico e financeiro.

Quando um clube contrata o Alex, que seja, está pensando no que ele vai oferecer dentro de campo, mas sabe que não irá lucrar com uma futura negociação por ser um atleta de idade já avançada. Mas quando contrata-se Marcelo Moreno ou Ramires, sim.

A chegada do novo diretor de futebol é sinal de mudanças no Atlético. Na forma de contratar, de vender, de pensar futebol e, provavelmente, de ganhar dinheiro.

terça-feira, 22 de junho de 2010

A surpresa do grupo A não é a queda da França, mas a ascensão do Uruguai.

Com um ponto em três jogos e campanha pífia, a atual vice-campeã é eliminada ainda na primeira fase. Nem o desempenho ruim da França, nem a marca histórica da África do Sul, primeira anfitriã a cair na fase inicial, são as maiores surpresas do Grupo A. O bom futebol uruguaio, melhor a cada rodada, é o que chama mais a atenção.

A fragilidade francesa já era percebida nas eliminatórias e na convocação ruim de Raymmond Domenech.
Na primeira rodada, com Forlán e Suarez na frente, a equipe sul-americana dava a impressão de pouca força, embora a defesa se portasse bem. Tinha dois bons atacantes, mas a bola não chegava nunca com qualidade. A partir do segundo jogo, com Forlán na armação e Cavani na frente, o time ganhou em mobilidade e criatividade. Em um jogaço do seu camisa 10, os uruguaios fizeram 3 x 0 na África do Sul e ficaram muito próximos da vaga.

Contra o México, teste mais difícil do grupo, o Uruguai conseguiu tirar a velocidade da equipe adversária, marcando de perto Giovani dos Santos e aproveitando a ausência do rápido Vela e entrada de Blanco, pesado e sem mobilidade alguma. Em uma jogada que começa com Forlán, passa por Cavani e chega a Suarez, a Celeste definiu o jogo e sua classificação em primeiro lugar.

Nas oitavas-de-final irá enfrentar o segundo colocado do grupo B. Coreia do Sul e Nigéria são os principais candidatos. O Uruguai entra no primeiro mata-mata como favorito e pode chegar a uma quarta-de-final, o que não acontece desde 1970 quando foi semifinalista e eliminado pelo Brasil.


domingo, 20 de junho de 2010

A vitória do talento brasileiro e o problema Kaká para as oitavas-de-final

Se você, torcedor, esperava uma atuação com cara de Basil para acreditar no time de Dunga, a partida contra a Costa do Marfim pode ser o que faltava. Ainda não foi dessa vez que a equipe mostrou volume de jogo ou agresividade, mas foi a vitória do talento e da capacidade do jogador qualificado.

Encurralada no primeiro tempo,com dificuldades de sair jogando e pressionada pelo setor esquerdo da defesa, a seleção brasileira parecia próxima ao gol pelos espaços deixados pela equipe marfinense, porém não aproveitados. Na primeira vez no mundial em que Robinho, Kaká e Luís Fabiano estiveram próximos e dialogaram, o talento fez a diferença e Kaká deixou o centroavante de frente para o gol. 1x0.

Com a vantagem no placar e Drogba, jogador que despertava maior preocupação, bem marcado por Lúcio e Juan, o Brasil poderia, mas não tinha a bola do contra-ataque. O lado direito com Maicon e Elano teve maior atenção e a saída com Robinho pela esquerda era falha, porque faltava alguém ali para tirar do atacante o peso da marcação dupla.

O talento voltaria a fazer a diferença no início do segundo tempo. Sozinho entre três marcadores, Luís Fabiano aplica dois chapéus e marca um golaço – candidato a gol mais bonito do mundial. Jogo praticamente resolvido pelo brilho dos jogadores de frente e qualidade, já amplamente reconhecida, do sistema defensivo brasileiro que tem em Juan o melhor zagueiro da Copa até aqui.

À Costa do Marfim restava sair para o jogo e oferecer o contragolpe. Em troca de passes rápidos pela esquerda, cruzamento de Kaká e Elano marca o quinto gol brasileiro na Copa – melhor ataque depois de dois jogos, ao lado da Alemanha. Apesar do descuído de Lúcio, que falhou pela segunda vez na competição e deixou Drogba sozinho para descontar, o Brasil controlou o jogo e se mostrou sólido.

Kaká, expulso em lance infantil sobre Keita, desfalcará o time contra Portugal. Já classificado, Dunga poderia até optar por poupar o camisa 10. Agora ganha também a oportunidade de ver como o Brasil funciona sem o meia do Real Madrid.

Problema maior pode estar em uma possível punição mais rigorosa que tire Kaká das oitavas-de-final. Em um time que a arma está na velocidade e no talento individual, perder seu principal nome ofensivo pode ser prejuízo duplo para o mata-mata.

Costa do Marfim e Portugal podem empatar com o Brasil. É o peso da estreia ruim.

O jogo contra a Coreia do Norte deixou no brasileiro uma impressão ruim. A estreia no mundial deve ser analisada de duas maneiras. A primeira é pelo mau futebol apresentado pela seleção, com dificuldades de achar espaço e pouca movimentação. A segunda, pelo resultado: vitória por apenas um gol de diferença o que pode dar aos próximos adversários, Costa do Marfim e Portugal, a oportunidade de empatar com o Brasil desde que derrotem os asiáticos por dois gols.

O jogo fraco do time de Dunga pode ser decepcionante, mas não é surpresa. Durante as eliminatórias, a seleção empatou com Bolívia, Colômbia e Venezuela, em casa, por 0 a 0. Em compensação, na “Era Dunga” venceu a Argentina duas vezes por 3x0, Itália por 3x0 e 2x0 e ainda Portugal por 6x2. Contra equipes que buscam apenas se fechar, o Brasil encontra muitas dificuldades, dada à característica de jogo com um ótimo contra-ataque, mas pouca criatividade.

Logo mais, a seleção brasileira entra em campo contra a Costa do Marfim. É possível imaginar que os africanos tentarão se defender e tentar alcançar Drogba e Kalou nos contragolpes para vencer o jogo. Os marfinenses, prudentemente, devem apostar suas fichas na última rodada contra a Coreia do Norte. O mesmo deverá fazer Portugal: derrotar os asiáticos por boa diferença de gols para entrar em campo na última rodada podendo empatar.

O grupo G tem o Brasil com três pontos e um gol de saldo. Portugal e Costa do Marfim, um ponto. Se, na segunda rodada, Brasil e Costa do Marfim empatam e Portugal vence a Coreia do Norte por 2 a 0, chegamos à última rodada com Portugal 4 pts (saldo 2); Brasil 4 (saldo 1); Costa do Marfim 2; Coreia do Norte 0. Como brasileiros e portugueses irão se enfrentar, havendo um vencedor, uma das equipes estaciona nos quatro pontos e em caso de empate os dois chegam a cinco e pode haver um empate triplo desde que os africanos vençam seu último jogo. Aí a diferença se dará no saldo de gols e os marfinenses precisarão de um 2x0 para ultrapassar, e eliminar, o Brasil.

A projeção aponta para um quadro perigoso que, óbvio, pode ou não se confirmar, mas já é de se preocupar. Especialmente pela dificuldade da equipe brasileira em vencer adversários que não saem para o jogo. Por isso, golear a Coreia do Norte não era luxo, era obrigação para evitar ter que decidir da forma que o time de Dunga menos gosta: pressionando.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A queda da Espanha é o ícone da primeira rodada da Copa.

A derrota da Espanha por 1 a 0 para a Suíça dá de bandeja, para quem desconfia da Fúria, a oportunidade de rotular os comandados de Vicente del Bosque da mais nova geração de amarelões do país.

O debate deve, no entanto, caminhar para outra direção. A Espanha sofreu na estreia do mundial sua terceira derrota em 50 partidas. Foram 45 vitórias e dois empates nos outros jogos. É impossível dizer que a base formada por Luís Aragonés e mantida por del Bosque não é competitiva.

O gol de Gelson Fernandes e a dificuldade espanhola de furar a defesa adversária é o exemplo mais sólido de que o melhor nem sempre vence. Durante toda a primeira rodada do mundial, o chato venceu. Chato competente, prudente, sério. Como deve ser a Copa do Mundo? A opção por jogar fechado e apostando em contra-ataques era o que cabia ao treinador alemão Ottmar Hitzfeld – que o fez com precisão. A Suíça foi eficiente, longe de ter sido melhor – até porque só teve a bola nos pés em 27% do jogo e mesmo assim evitou trabalha-la temendo o contragolpe.

Deixando o resultado de lado e analisando o futebol, a Espanha não jogou pior do que a Argentina que ganhou com um gol de escanteio e fez um jogo franco, correndo muitos riscos contra a Nigéria; a Holanda que criava pouco até o gol-contra bizarro do dinamarquês Polsen; ou o Brasil que jogou 55 minutos sem encontrar espaços contra a inexpressível Coreia do Norte até o gol de Maicon e ter depois o contra-ataque à sua feição.

O resultado foi diferente, o nível apresentado não. Decepcionante porque esperava-se justamente um futebol superior ao que os demais haviam mostrado. O pesar pela derrota de Xavi, Iniesta, Villa e companhia é porque deposita-se neles a principal esperança de jogos agradáveis de se assistir na África do Sul.

As milimétricas linhas do 4-2-3-1 ou 4-1-4-1 são eficientes e as grandes responsáveis por em apenas três dos 17 jogos do mundial terem saído mais do que três gols. Quem tripudia sobre o fracasso espanhol na primeira rodada deve estar satisfeito com o festival de 1x0 e 1x1 da Copa.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Empate entre Portugal e Costa do Marfim é bom para os portugueses e melhor para o Brasil.

O empate por 0 a 0 entre Portugal e Costa do Marfim é mais um jogo a entrar para a conta das partidas com pouca emoção e muita marcação. Apesar da igualdade, a equipe europeia pode, com combinação de resultados lógica, comemorar mais o empate do que os africanos.

Empatados com um ponto, as duas seleções devem ser ultrapassadas pelo Brasil logo mais. Na segunda rodada, a lógica é vitória de Portugal sobre Coreia do Norte e se o time de Dunga passar pela Costa do Marfim, a classificação antes da última rodada terá Brasil 6 pts; Portugal 4; C. Marfim 1 e Coreia do Norte 0.

É evidente que a seleção brasileira vai fazer de tudo para não ficar em segundo lugar e evitar um confronto com a Espanha logo nas oitavas-de-final. O time de Cristiano Ronaldo, por outro lado, chegará a 5 pontos com um empate, deixando os marfinenses, que poderão alcançar no máximo quatro, para trás.

Tudo pode mudar com um empate da Costa do Mafim contra o Brasil, por exemplo, deixando brasileiros e portugueses com quatro pontos na última rodada e a seleção africana com dois e grandes chances de chegar a cinco. Assim, Brasil e Portugal fariam um jogo para se matarem. Com um empate entre as equipes, Brasil, Portugal e Costa do Marfim terminariam a primeira fase com 5 pontos. Nesse quadro, o saldo de gols fará a diferença e golear a Coreia do Norte deixa de ser luxo e passa a questão de vida ou morte.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Flamengo faz proposta por Adilson Batista e fator Zico pode aproximar treinador da Gávea.

O Flamengo é o grande clube do futebol brasileiro que procura um técnico e Adilson Batista um grande técnico sem clube desde que deixou o Cruzeiro. A constatação óbvia é a de que o clube procuraria o treinador. E foi o que aconteceu.

Uma fonte ligada ao clube carioca, que pede e terá o sigilo preservado, confirmou o interesse do atual campeão brasileiro em contar com o treinador desde que fracassaram as investidas em Luís Felipe Scolari.

Quando deixou o Cruzeiro, o técnico tinha propostas do Palmeiras e do Internacional. Não acertou com o clube paulista porque aguardava o desfecho das negociações do Palestra com Felipão. O Inter preferiu não esperar pelo treinador e fechou com Celso Roth.

Em conversa com Adilson, o técnico admite o contato de pessoas ligadas ao clube rubro-negro e diz que trabalhar ao lado de Zico pode pesar em sua decisão. Adilson Batista considera o ex-camisa 10 o melhor jogador que viu atuar, pela simplicidade que fazia o jogo do Flamengo fluir nos anos 80. Duas décadas depois, a capacidade profissional e experiência do Galinho, que assume cargo executivo na Gávea, são fatores relevantes para o ex-comandante cruzeirense.

Trabalhar ao lado de um profissional da diretoria voltado para o futebol é visto com bons olhos por Adilson que sempre elogiou, nos tempos em Belo Horizonte, a postura do então diretor de futebol da Raposa Eduardo Maluf. Confiar na seriedade do trabalho de Zico é o primeiro passo que aproxima Flamengo e técnico.

Por enquanto nega-se o acordo até porque ele ainda não existe. Mas nos próximos dias você deverá ver Adilson Batista elogiar a história do clube rubro-negro, o futebol de Zico e os projetos do diretor executivo.

4-2-3-1: o vilão da Copa de poucos gols.

Foram 10 partidas até o início da tarde de segunda-feira e 16 gols marcados na Copa do Mundo. A média é a menor da história dos mundiais, levando-se em consideração os primeiros dez jogos. A Copa do Chile, em 1962, apresentava a pior média: 20 gols foram anotados e a média final do torneio foi de 2,78. No caminho inverso, 48 marcados nas primeiras dez partidas no mundial de 1934.

A pouca quantidade de gols pode ser explicada pela entrega tática e o sistema da moda com quatro defensores que se arriscam pouco ou nada e cinco jogadores no meio-campo.

A formação visa dificultar a saída de bola, utilizando os meias para bloquear os lados do campo, o atacante e o meia que joga centralizado atrapalham zagueiros e volantes a tocar a bola pelo meio. Na defesa, a linha com quatro homens tem sempre alguém na sobra caso um adversário leve vantagem no confronto individual. Os volantes protegem essa linha e contam ainda com a recomposição dos que atrapalham o início das jogadas.

A Alemanha tem, em sua linha de frente, Podolsky, Muller, Ozil e Klose. A equipe que melhor funcionou até aqui se aproveitou do confronto tecnicamente menos equilibrado da Copa.

A formação já era parecida em algumas seleções de 2006. A França, vice-campeã mundial, com nove gols marcados e três sofridos em sete jogos, tinha Henry na frente com Malouda, Zidane e Ribery atrás, Makelele e Vieira protegendo Sagnol, Gallas, Thurram e Abidal. A média de gol dos jogos envolvendo os franceses foi de 1,7.

A Internazionale de José Mourinho venceu a Liga dos Campeões com Milito na frente, Eto’o, Sneijder e Pandev na armação, Cambiasso e Thiago Motta à frente da defesa e Maicon, Lúcio, Samuel e Zanetti na primeira linha. Nos mata-matas, 13 gols em sete jogos da Inter. Média de 1,85 - sendo apenas três sofridos.

O Barcelona, por vezes, se utiliza do sistema com Ibrahimovic na frente, Iniesta pela esquerda, Messi no meio e Pedro pela direita. Xavi e Busquets (ou Touré, ou Keita) logo atrás. Na defesa, Dani Alves, Pique, Puyol e Maxwell. Altamente ofensivo, o Barça é exceção. Libera os laterais, Xavi joga como meia e Messi procura por espaço em qualquer setor próximo à grande área. Para jogar como o time de Guardiola, mais do que obediência tática, é necessária qualidade técnica.

O esquema 4-2-3-1, que varia para o 4-1-4-1, não precisa necessariamente ser defensivo, mas mostra que o normal é apostar em jogos de poucos gols.

Confira o número de gols nos dez primeiros jogos das 19 Copas e a média final de cada mundial.

2010: 16 gols. Média: - -.
2006: 25 gols. Média: 2,30
2002: 29 gols. Média: 2,52
1998: 26 gols. Média: 2,67
1994: 23 gols. Média: 2,71
1990: 25 gols. Média: 2,21
1986: 22 gols. Média: 2,54
1982: 32 gols. Média: 2,81
1978: 27 gols. Média: 2,68
1974: 21 gols. Média: 2,55
1970: 28 gols. Média: 2,97
1966: 27 gols. Média: 2,78
1962: 20 gols. Média: 2,78
1958: 35 gols. Média: 3,5
1954: 46 gols. Média: 5,38
1950: 31 gols. Média: 4,00
1938: 45 gols. Média: 4,66
1934: 48 gols. Média: 4,12
1930: 28 gols. Média: 3,89

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A França de Domenech e os inúmeros problemas do treinador.

O segundo empate da Copa deve ser mais lamentado pelos franceses do que uruguaios. A equipe de Oscar Tabarez carece de qualidade técnica para servir os atacantes Suárez e Forlán – bons, mas sem quem os abasteça. O Uruguai é lento e não tem criatividade. Da Celeste Olímpica não se pode esperar muito mais do que o mostrado. À França cabia montar seu jogo para que Ribéry, tecnicamente o melhor do time, pudesse jogar.

Não foi o que fez Raymond Domenech. Com o ponta do Bayern de Munique isolado na esquerda longe de Anelka e Govou, a França carecia de diálogo entre os atacantes. Chegava bem no primeiro tempo somente quando Diaby arrancava do meio eu direção ao trio de ataque. Mesmo jogando mal, Govou e Gourcuff demoraram a deixar o campo de jogo. Alternativa boa para melhorar a movimentação e aproximação do meio-campo seria Nasri, do Arsenal, que Domenech preferiu não convocar.

O primeiro jogo da insegura França aponta para os problemas que o treinador tem em montar a equipe e dar conjunto a um grupo que utiliza muito pouco o seu principal jogador. Nasri, pela movimentação e aproximação que proporciona, fez falta contra os uruguaios. Henry, preferido entre os jogadores, merece a titularidade na vaga de Govou. Em suma, os Blues foram mal convocados, mal escalados e mal treinados. Problemas não faltam para Domenech e o treinador parece longe de saber como resolve-los.

Empate entre África do Sul e México é resultado de deficiências das equipes.

África do Sul e México mais erraram do que acertaram no primeiro jogo da Copa do Mundo. A equipe da casa começou pior, com muitos problemas na marcação pela esquerda, por onde Giovani dos Santos e Aguilar levavam vantagem sobre Thwala. No primeiro tempo, a equipe mexicana teve pelo menos três chances de abrir o placar explorando o setor.

Depois do intervalo, com Masilela na lateral, a marcação sul-africana melhorou e o México passou a forçar o jogo pelo meio. Em uma dessas investidas, bola recuperada e passe na medida de Dikagoy para Tshabalala fazer o primeiro. O time de Parreira teve a chance de matar o jogo nos contra-ataques, perdeu chances com Modise e Rafa Márquez empatou após falha de Masilela que não acompanhou a linha de impedimento.

O empate por 1 a 1 expõe mais as fragilidades do que qualidades das equipes. A África do Sul tem problemas de marcação pela esquerda e um ataque frágil com pouco poder de definição. O México, com três atacantes e três zagueiros, deu espaço para os Bafana Bafana sempre que os africanos trocaram passes. Vela, Franco e Giovani não recompõem a defesa que fica sobrecarregada.

A julgar pela estreia, tanto o time de Carlos Alberto Parreira quanto o de Javier Aguirre terão problemas quando encontrarem adversários fechados e que jogam em velocidade - o que não deve acontecer na primeira fase pelas características do grupo. A África do Sul porque tem dificuldades de penetrar e o México porque carece de força defensiva. Se o jogo terminou empatado, é porque os erros foram os vencedores.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Rafa Benitez e o maior desafio de sua carreira.

Rafa Benitez chegou ao Liverpool em 2004 e no final de sua primeira temporada conquistou a Europa no épico 3 a 3 contra o Milan. Ainda em 2005 perdeu o mundial para o São Paulo, no melhor jogo de Rogério Ceni pela equipe brasileira.

Depois disso, Rafa se destacou por bons trabalhos a frente do clube de menor investimento entre os quatro poderosos da Inglaterra. Conquistou até o fim de sua passagem pelo Liverpool mais dois títulos: uma Copa da Inglaterra e uma Supercopa Europeia.

Bons trabalhos não irão satisfazer a Inter de Milão, atual campeã europeia e tetra italiana. Benitez pode começar sendo campeão do mundo ou fracassando pela segunda vez. As temporadas boas em Liverpool precisarão ser repetidas na Itália, mas dessa vez com títulos.

A Inter aposta em um técnico com poucas conquistas para disputar o mundial e substituir o supercampeão José Mourinho. Valoriza o trabalho bem feito e daí vem o caminho mais seguro para as vitórias.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Adilson Batista queria brigar mais pelo Cruzeiro, mas sentiu-se sozinho.

Foram 170 jogos com 97 vitórias. O desempenho de Adilson Batista no Cruzeiro chegou a 64%, o melhor desde Vanderlei Luxemburgo que conseguiu 81% nos 107 jogos que dirigiu a equipe. Adilson não é mocinho nem bandido, é técnico de futebol.

Nos dois anos e meio que esteve a frente do Cruzeiro terminou um campeonato brasileiro em terceiro, passando 37 das 38 rodadas entre os quatro primeiros. Terminou o outro Brasileirão em quarto, com apenas uma rodada entre os quatro melhores – a última. Foi ainda vice-campeão de uma Libertadores e venceu duas vezes o Estadual, com uma eliminação.

O trabalho pode ser avaliado como bom se for levado em consideração que a equipe sempre brigou nos torneios que disputou. A evolução individual dos atletas dá noção ainda melhor do sucesso que obteve o treinador. Sob o comando de Adilson Batista viveram a melhor fase de suas carreiras, em algum momento dos dois anos e meio: Fábio, Jonathan, Leonardo Silva, Thiago Heleno, Gérson Magrão, Fabrício, Henrique, Marquinhos Paraná, Charles, Ramires, Guilherme, Marcelo Moreno, Kléber, Wellington Paulista e Thiago Ribeiro.

O treinador não resistiu ao desgaste com setores da imprensa e da torcida - na qual ele julga influenciável por parte da mídia que o atacava por motivos pessoais. Além disso, a falta de reforços pelo lado da diretoria (que deu ao treinador Roger, Kieza, Pedro Ken, Lessa e Marcos em 2010) somada a demissão de Eduardo Maluf pesaram na decisão. A impressão que passa é a que Adilson queria lutar, queria o Cruzeiro forte, mas parou de vislumbrar que o clube pensasse o mesmo. Vai agora brigar em outro lugar que lhe ofereça material para isso, possivelmente o Palestra de São Paulo.