segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O pior cego

Quando foi divulgada a escalação do Palmeiras, estava claro o que Luís Felipe Scolari pretendia: bloquear o ataque do Atlético com três zagueiros e três volantes, Valdívia e Kléber na frente. O esquema deu certo no primeiro tempo e a equipe paulista criou três boas chances de abrir o placar contra uma do alvinegro.

No segundo tempo, Vanderlei trocou Mendéz por Serginho. O volante se movimentava mais e encontrou espaço a frente da área para servir Neto Berola – muito mais perigoso que Diego Tardelli e Diego Souza durante todo o jogo – abrir o placar. O gol saiu aos 7 e nos 10 minutos seguintes o Atlético teve duas chances de definir a partida.

Scolari enxergou que virar o jogo com Pierre e Edinho trabalhando na armação seria impossível. Tirou Fabrício e o exausto Valdívia para promover as entradas de Tinga e Luan – atacante rápido que atua pela esquerda e obviamente tentaria aproveitar os espaços deixados por Rafael Cruz, lateral-direito atleticano. Luan teve espaço para finalizar no gol de Marcos Assunção, após falha da Fábio Costa. Mais dez minutos e o atacante começa a jogada que Kléber conclui para virar o placar. Novamente pela esquerda.

Em 10 minutos, o Palmeiras ganhou o jogo com duas alterações e explorando só um lado do campo. Mostrou ser o Palmeiras de duas caras que alterna ótimos e péssimos momentos ao qual Scolari havia se referido na quinta-feira. O que Felipão viu e mudou, Vanderlei Luxemburgo não se deu conta. Após o jogo, Vanderlei falou de sua história, do projeto que tem no clube e dos desfalques. Discurso idêntico ao utilizado depois de empatar com o Flamengo. Luxemburgo não mencionou a queda de rendimento de Diego Tardelli que marcou gol em apenas dois jogos pós-Copa do Mundo, não se posiciona sobre Diego Souza que fez 12 jogos e um gol pela equipe.

Na quinta-feira, o treinador não percebeu que faltava alguém de velocidade para vencer o jogo contra o rubro-negro. No domingo não viu por onde o Palmeiras o derrotou. A luz amarela que se acende na Cidade do Galo não vem da queda da manteiga, da falta de fome ou do despertador. O problema é dos óculos ou lentes de contato que não têm permitido ao treinador ver que seu time carece de futebol. Sem detectar onde estão os problemas fica mais difícil corrigi-los. Hoje o torcedor tem razão em se sentir preocupado.

2 comentários:

Alberto disse...

Oi Marcelo.

Pra quem está de fora, não dá pra saber o que se passa dentro do Atlético.
O CT é blindado. Pela imprensa, parece que tudo lá está a mil maravilhas.

Possibilidades:
1 - Problemas com a forma física dos atletas.
Melo é um bom preparador físico, mas falta tempo para colocar em forma os recém contratados.
Com 2 jogos por semana, mais difícil ainda.

2 - Falta de compromentimento dos jogadores
Sem comentários, porque parece que estão recebendo em dia.
Pessoas redem bem sobre pressão por curtos períodos de tempo.
O jeito Kalil de agir, cobrar e jogar para torcida pode pressionar demais os jogadores.

3 - Problemas de relacionamento entre jogadores
Depois da briga entre Campos/Werley x Diego Tardeli no clássico, é uma hipótese bem provável

4 - Contratações midiáticas em detrimento de avaliação técnica.
Neto Berola foi a melhor contratação do Atlético no ano. Sintoma de direção que joga pra torcida.
Ano passado, a torcida queria o Leão, neste ano, o Luxemburgo. Os resultados...

5 - Superação dos princípios do treinador
Luxemburgo sempre jogou ofensivamente, independentemente dos jogadores que tem em mãos.
Jogar na parte de baixo da tabela exige humildade para jogar em contra ataques.

Se for um pouco de cada coisa, o futuro é preto, sem branco.

Abraços.

Alberto disse...

Contas para o rebaixamento:

Ano passado, com 45 pontos, o Coritiba caiu para a série B.
O Flamengo foi campeão com 67 pontos e 59% de aproveitamento.

Nas 21 rodadas que ainda faltam no Brasileirão, se o Atlético quiser fazer 46 pontos, precisará de um aproveitamento de 51%.

A matemática é cruel.
Olhando a tabela fica a impressão de que, com duas vitórias o clube sai da zona de rebaixamento.
Só que, se não ganhar a terceira, volta para o Z4.

Para sair de verdade, precisará de uma arrancada.
O que está cada vez mais difícil considerando os jogos que fará no segundo turno e sem um estádio que se identifique, que sirva ao seu jogo e que possibilite o apoio da torcida.

É hora de mudar o "projeto".