segunda-feira, 16 de março de 2009

O jogo do final de semana.

Que me desculpem os amantes dos campeonatos estaduais, mas o jogo do final de semana foi Manchester e Liverpool. Sem desmerecer os dois gols de Fred no Fluminense x Macaé; mais um de Tardelli no Atlético x Guarani; a recuperação do Palmeiras, voltando a jogar bem, diante do Barueri; a defesa do América contra o Cruzeiro e o golaço de Hernanes contra o Marília. O jogo do final de semana foi o primeiro, no sábado de manhã.

Manchester e Liverpool foi o jogo do final de semana porque pôde-se ver o craque e o jogador fantástico. O craque é Gerrard. Domina todos os fundamentos, passa extremamente bem, finaliza de longe e de primeira, joga como volante, meia ou quase atacante. Tem visão de jogo e é tão bom que até quando não atua, admitem os jogadores, é importante para o grupo, com a liderança que exerce. O jogador fantástico é Cristiano Ronaldo, que não foi espetacular no jogo. Bem marcado por Fábio Aurélio e o esquema formado por Rafa Benitez, Ronaldo não teve espaço para avançar em velocidade ou para partir em diagonal. Os dribles não surtiram efeito e abrir espaços foi a principal função do português.

O craque não aparece tanto, mas é insubstituível. O espetacular corre o risco de ser trocado por outro mais alto, mais forte e mais rápido, como ocorreu com Ronaldo, Ronaldinho, Kaká e será o futuro breve do português. Não desmerecendo qualquer um desses jogadores, são ótimos, espetaculares, estarão entre os melhores e serão sempre lembrados, fazem o improviso, que nos motiva a ver futebol. Mas craques, como Gerrard e Zidane fazem a outra parte do futebol, a parte coletiva.
Ver, de vez em quando, atletas que enxergam o time e não o time que enxerga o jogador, ou o jogadores que só veem a si próprios, faz bem. Por isso foi tão bom ver em um jogo recheado de grandes nomes, o craque vencer o jogador espetacular.

Um comentário:

Anônimo disse...

UM AUTÊNTICO CAPITÃO - 06/01/2009




Steven Gerrard é um fora de série. Pode atuar como volante pela direita, pela esquerda ou pelo meio. Tem jogado mais adiantado, mais perto da área, como um 10. Gerrard tem um bom passe, ótimo chute de longa e média distância. Drible ele não arrisca muito e utiliza apenas como recurso. O fundamento cabeceio é pouco usado, entretanto, o número de gols de cabeça tem aumentado muito. Ele não pára por aí. A maior característica dele é a liderança. A história dele com o Liverpool, atual líder do campeonato inglês, tem traços fortes escritos com muito suor, lágrimas, alegrias e até tragédias. Com ele o Liverpool conquistou a Liga dos Campeões de 2005, contra o Milan. Ele também esteve na final do Mundial de Clubes no Japão, contra o São Paulo. Bateu diversas vezes para o gol e não conseguiu bater Rogério Ceni. Ao final da partida chorou no centro do campo. O momento mais forte de Gerrard com a história Red foi quando a família recebeu a notícia de que o primo dele estava entre os 96 torcedores mortos esmagados e pisoteados em uma final da Liga Inglesa. Uma briga em um bar manchou a história do capitão. Se Gerrard foi culpado ou se foi envolvido no episódio o tempo vai tentar explicar, o tempo só não vai apagar a imagem do astro preso por quase um dia. Quando Steve G (apelido carinhoso dado a ele) saiu da cadeia, o Liverpool manifestou todo apoio a ele e o técnico Rafa Benitez afirmou que ele seria o capitão da equipe no confronto do fim de semana. Ele foi a campo. O adversário era o modesto Preston. Seria a grande chance de virar a página, apagar a imagem arranhada e devolver a Gerrard a imagem de herói com a possibilidade de marcar gols e mais gols. Bola rolando e ficou muito claro que todos os jogadores continuavam apoiando e incentivando o capitão. No finzinho da partida aconteceu o lance que poderia “reconsagrar” o dono da camisa 8. Gerrard, esbanjando preparo físico, saiu em alta velocidade em um contra ataque aos 45 do segundo tempo. Correu do meio campo até a entrada da pequena área. Era só bater para o gol e sair como herói. Herói? Ele preferiu ser líder! Ao perceber que o companheiro Fernando Torres, que voltava de contusão, estava bem posicionado, Gerrard apenas rolou para que o artilheiro se consagrasse e marcasse o segundo gol da vitória. Gerrard não saiu como herói. Saiu como líder. A opção de rolar a bola para o companheiro apenas mostrou que mais vale o conteúdo, mais vale a história. Todos no grupo sabem que podem contar com o líder. Aquele que pensa mais no todo. Aquele que pensa menos na glória pessoal. Steven Gerrard é um fora de série.


Ótimo! Parabéns, Marcelo!
Enviei um texto de janeiro para você.
Abraços,
Mário Marra