quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Atlético: quanto mais, pior.

A partida Ceará x Atlético-MG teve, na teoria, o Vozão pressionando, atacando com todas suas armas, sufocando o Galo em seu campo. Por outro lado, os mineiros tentavam se fechar, se defender com qualidade e surpreender em contragolpes, apostando em velocidade para vencer o adversário. Tudo na teoria.

Na prática, o que se viu foi o Ceará que quanto mais tentava atacar, quanto mais chances criava, quanto mais podia definir o jogo, mais deixava claro como seu poder ofensivo é fraco e pode comprometer o trabalho de um campeonato praticamente inteiro de boas atuações da defesa. Dentro da proposta de jogo do Atlético, quanto mais a equipe se fechava, quanto mais tentava evitar o ataque adversário e se lançar nos espaços que tinha, mais deixava claro o quanto se defende mal e não tem o mínimo de organização – o trabalho de dois dias de Dorival Jr. ainda não pôde ser percebido dentro de campo.

O resultado era evidente: quanto mais se aproximava o final do jogo, mais claro ficava que ninguém poderia sair vencedor. Um ponto é exagero para o que mostraram Ceará e Atlético. O Vozão fez 14 pontos pós-Copa. 24% de aproveitamento. Se for assim até o final, chega aos 40 pontos e será um possível rebaixado. O Atlético é, dentro do campo, o pior time do campeonato e só não está na lanterna pelos pontos que o Grêmio Prudente perdeu no STJD. Precisa vencer oito dos doze jogos restantes para se salvar.

Quanto mais o tempo passa, mais claro fica que a reação está demorando demais...

Cruzeiro: simples e eficiente

O Cruzeiro não precisou ser brilhante para vencer o Atlético-GO por 3 a 0 – placar mais dilatado da equipe mineira na competição. O time de Cuca foi consistente, não deu oportunidade para o adversário levar perigo e construiu naturalmente o resultado.

Cláudio Caçapa abriu o placar aos 32 minutos. Gol que não saiu antes graças a forte marcação da equipe goiana. Forte literalmente. Gilson fez falta duríssima em Diego Renan, o que tirou o lateral do jogo.

Com mais espaço, os mineiros ampliaram após boa jogada de Thiago Ribeiro (que voltou a jogar bem após três jogos) e Rômulo pela direita. Montillo tirou Victor Ferraz da jogada “como quem chupa laranja” – diria Neném Prancha. O argentino foi discreto na partida, participou bem menos do jogo do que já se viu. O responsável foi o cansaço devido ao ritmo intenso do futebol brasileiro, bem diferente do que estava acostumado. Mesmo sem jogar tudo que pode, Montillo mostrou como é fácil para ele ser diferente da maioria. Como é simples ser ótimo.

Com o pé fora do acelerador, o Cruzeiro administrou o placar no segundo tempo, contou com duas grandes defesas de Fábio e ainda conseguiu consagrar Wallyson que havia perdido um gol feito antes de fechar o placar. O Atlético Goianiense jogou 12 vezes fora do Serra Dourada e perdeu nove. Venceu apenas o Palmeiras. Quem quer ser campeão, não poderia pensar em outro resultado jogando em casa.

Contra os goianos, a Raposa fez sua obrigação. E muito bem feita. Em um campeonato de 38 rodadas vale mais ser consistente do que ser brilhante. O Cruzeiro tem momentos de brilho, como foi mostrado contra Palmeiras, São Paulo e Botafogo. A arrancada de oito vitórias nas últimas 11 rodadas não poderia ser feita apenas com momentos sensacionais. Não dar chance ao azar também faz parte da disputa pelo título e foi assim que o Cruzeiro deu mais um passo.

sábado, 25 de setembro de 2010

Mudança tática + Neymar = goleada do Santos

O primeiro tempo de Santos e Cruzeiro foi equilibrado. O time mineiro poderia até mesmo ter saído com a vitória não fosse a bola de Thiago Ribeiro na trave ou o gol mal anulado de Farías. O Santos tinha Neymar jogando muito pelo meio, próximo a Marcel, com a aproximação de Zé Eduardo e Marquinhos também pela faixa central. Era o que o Cruzeiro queria para desarmar e contra-atacar.

Depois do intervalo, Marcelo Martelotte mudou a forma da equipe se portar. Zé Eduardo abria pela direita, Neymar pela esquerda e Marcel fazia o pivô. O Santos abriu a defesa do Cruzeiro e parou de perder bolas na frente. Depois de nove minutos de pressão fez 1 a 0 e conseguiu ampliar, mesmo depois de ter Zé Eduardo bem expulso. Neymar era quem mais jogava. No canto do campo, seu futebol cresce, a marcação fica acuada e o jogador desequilibra. Após o gol de Thiago Ribeiro, Neymar deu lindo passe para o golaço de Alex Sandro e depois marcou também um belo gol.

O Cruzeiro não percebeu, em momento algum, as mudanças táticas do adversário e pagou alto por isso. Com a marcação do Santos avançada, a bola não chegava a Montilo e o argentino não conseguia armar. O Santos goleou com autoridade no segundo tempo. Perder para a equipe da baixada seria um resultado aceitável, não fosse pelo detalhe que Corinthians e Fluminense, concorrentes ao título, derrotaram o Santos como visitante.

A Raposa terá de se reabilitar na sequência que envolve Atléticos de Goiás e Paraná em casa, Goiás fora e depois o confronto direto com o Fluminense. Quatro jogos fundamentais para seguir na disputa pelo campeonato. Enquanto isso, o Santos ainda se permite sonhar. Mais do que sonho, os meninos da Vila terão de conseguir um aproveitamento absurdo para conquistar a Tríplice Coroa.

Dorival Jr. é o técnico dos objetivos cumpridos

Dorival Jr. já havia sido campeão estadual no Figueirense (2004), Fortaleza (2005) e Sport (2006). O vice-campeonato paulista de 2007 com o São Caetano, goleando o São Paulo por 4 a 1 no Morumbi, levou o treinador ao Cruzeiro. Alvimar Perrella, presidente na época, queria o título brasileiro. Dorival ponderou que, com alguns reforços, seria possível levar a equipe à Libertadores. Chegaram Roni, Wagner, Fernandinho, Alecsandro e Charles. O Cruzeiro brigou pelo título e acabou com a vaga para a Libertadores. Objetivo cumprido, mesmo assim o treinador foi demitido devido à sequência ruim de duas vitórias nas últimas 11 rodadas.

Contratado pelo Coritiba, o treinador foi campeão estadual e terminou o campeonato brasileiro na frente do rival Atlético, no retorno do Coxa à Série A. No ano seguinte, o objetivo seria levar o Vasco de volta à primeira divisão. O clube foi campeão da Série B.

No Santos, um dos objetivos era conquistar resultados rapidamente. Robinho foi contratado para passar apenas o primeiro semestre no clube. O Peixe foi campeão paulista e venceu a primeira Copa do Brasil de sua história.

Por onde passou, trabalhou com jovens. Ramires, Charles, Guilherme, Marcelo Moreno e Jonathan no Cruzeiro. Keirrison foi artilheiro do Brasileiro com o Coritiba em 2008, Phillipe Coutinho no Vasco. O trabalho feito dentro de campo com os garotos do Santos dispensa citações.

Dorival Jr. é o técnico dos objetivos cumpridos nos últimos quatro anos. Tem contrato com o Atlético até 2011. Resta saber qual é o objetivo desta vez.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Dorival Jr. não tem restrições quanto ao Atlético

Dorival Júnior está incomunicável na manhã de sexta-feira. Pessoas próximas, que conversaram com Dorival após ser demitido pelo Santos, afirmam que o treinador não tem restrições quanto a possibilidade de dirigir o Atlético e que não negocia com o São Paulo. Dorival quer passar o final de semana com a família em Araraquara, no interior de São Paulo.

Se o ex-comandante do Santos for a única opção do Atlético, o clube seguirá, nos próximos dias, sem técnico.

Atualização: no final da tarde Dorival atende ao telefone. “Marcelo, são 5h45 até agora ninguém do Atlético me ligou. Isso eu posso te garantir”. O treinador mudou a programação do final de semana. Iria visitar os familiares em Araraquara, mas vai a Florianópolis, onde reside com a esposa.

A troca de itinerário pode ser uma pista para uma conversa familiar que irá definir seu futuro. Futuro incerto, uma vez que ainda não foi procurado por Alexandre Kalil.

Afinal, o que era o projeto de Vanderlei Luxemburgo?

Para se falar no Atlético em 2010 era necessário usar a palavra “projeto”. E a queda de Vanderlei Luxemburgo, evidentemente, põe fim a essa fase. Mas o que é projeto em um clube de futebol? Para Alexandre Kalil, contratar o técnico mais vitorioso do futebol brasileiro nos últimos 20 anos, manter Diego Tardelli, artilheiro do Brasil em 2009, e agregar nomes reconhecidos como Cáceres, Ricardinho, Daniel Carvalho, Réver e Diego Souza era a fórmula para tirar o clube da fila que dura 40 anos.

Isso não é projeto. Mesmo que no final dos dois anos de contrato Vanderlei Luxemburgo entregasse ao Atlético um título de expressão, a conta deveria ser paga depois. Foi assim no Cruzeiro, que só se reencontrou financeiramente após a venda de Fred, no Santos e no Palmeiras, últimos clubes em que Vanderlei trabalhou. Mesmo com a herança maldita que haveria, apostar no treinador era a cartada alta para montar uma equipe vencedora.

Vanderlei Luxemburgo nunca representou projeto no futebol. Já foi sinônimo de títulos e equipes bem treinadas, é fato. Quando se fala em projeto é preciso pensar no trabalho que será feito e no que será deixado para o sucessor aproveitar. Algo como fez Mano Menezes que assumiu o Grêmio na série B em 2005, voltou à primeira divisão, terminou o Brasileiro de 2006 em terceiro lugar e no ano seguinte foi vice-campeão da Libertadores. Entregou um Grêmio forte para Celso Roth conduzir ao segundo lugar do campeonato brasileiro de 2008. Trajetória parecida com a do próprio Mano, a frente do Corinthians.

Projeto é o que fez Dorival Jr. no Cruzeiro em 2007 assumindo uma equipe destroçada após a final do estadual, lapidando jogadores como Ramires, Charles, Jonathan, Guilherme e Marcelo Moreno para Adilson Batista chegar duas vezes entre os quatro melhores do campeonato brasileiro e ser vice-campeão da América. Adilson, por sua vez, que deixou uma base forte para Cuca aprimorar na briga pelo título nacional de 2010. É o que fazia Levir Culpi no Atlético campeão da série B em 2006, Mineiro em 2007 até ter o trabalho interrompido pelo convite do futebol japônes.

Fazer um bom trabalho é montar uma equipe competitiva, uma forma de gerir o futebol do clube e um bom legado para os próximos trabalhos. Times competitivos e bons trabalhos estão mais próximos de títulos do que nomes e salários. Hoje, quem for assumir o Atlético terá que começar do zero e conseguir resultados imediatos como vencer oito jogos dos 14 que restam para evitar o rebaixamento. Vanderlei Luxemburgo não deixa nada de positivo para seu sucessor. O tal projeto foi um fracasso total.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Cruzeiro: o jogo e o campeonato da paciência

O tom de jogo para o Cruzeiro era paciência. O Ceará foi à Sete Lagoas como a melhor defesa do campeonato e disposto a fazer jus ao posto. Quase conseguiu. A equipe de Dimas Filgueiras travou o adversário com marcação individual: Oziel e Ernandes miravam os laterais Diego Renan e Rômulo, a dupla de volantes João Marcos e Michel anulava Roger e Montillo, Heleno tirou Thiago Ribeiro do jogo. Além disso, Geraldo vigiava as arrancadas de Fabrício, Ânderson e Diego Sacoman não deixavam Farías livre.

Raras vezes a Raposa foi tão bem marcada. Cuca tentava alternativas, inverteu o lado de Thiago Ribeiro, colocou Éverton para aumentar a movimentação, trocou Rômulo por Wallyson, mas o Vozão seguia preciso nos desarmes. Jogou a partida inteira sem a bola e cometeu 26 faltas – 13 em cada tempo. O time mineiro sofria ainda com sustos de contragolpes raros, mas sempre perigosos.

Derrotar o ferrolho alvinegro, dependia de velocidade no passe ou uma jogada individual. O Ceará não permitia que o Cruzeiro acelerasse o jogo e o gol só foi sair quando Montillo venceu Michel. O volante, melhor jogador em campo, foi driblado pelo argentino no lance que resultou no pênalti de Ernandes. Bola na mão? Não. O lateral abre o braço deliberadamente, aumentando a área do corpo e levando vantagem no lance em que Henrique finalizou.

O gol só saiu aos 38 minutos do segundo tempo. Antes de Farías marcar o segundo, o Ceará ainda teve um gol anulado pela arbitragem que assinalou impedimento, dificílimo de ser percebido, de Marcelo Nicácio. A dificuldade em definir o jogo deve servir de alerta: Montillo é ótimo, mas quando é marcado individualmente, o Cruzeiro sente: foi assim também contra o Palmeiras, com Pierre, e Botafogo, com Leandro Guerreiro.

O Ceará tem a chance de ver, novamente, que só se defender com qualidade não será o bastante para se manter na série A. Foram 13 pontos em 33 possíveis pós-Copa. A arrancada do Cruzeiro já conta com sete vitórias e dois empates. Com 44 pontos, a Raposa tem a mesma pontuação do Palmeiras, líder após 24 rodadas em 2009. O jogo contra o Ceará era a partida da paciência. Ainda restam 14 jogos, paciência será fundamental para ultrapassar o Corinthians.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Dorival Jr., Neymar e o pênalti do futebol brasileiro

A diretoria do Santos justifica a demissão de Dorival Júnior dizendo que “o pênalti não era para o treinador”. Como não? Não cabe ao técnico decidir quem joga ou fica de fora? Dorival não queria contar com Neymar na partida contra o Corinthians e a escolha deveria ser respeitada.

A crise da falta de comando no Santos começa com Neymar e as ofensas dentro de campo seguidas da discussão com Ivan Izzo no vestiário. Passa pela punição administrativa que a diretoria pensava ser suficiente e culmina com a divergência entre comissão técnica e direção sobre a barração do atacante. Em uma situação na qual não há ninguém totalmente submisso ou obediente à vontades superiores, Neymar é quem aparece como mais forte. Ganha o apoio da diretoria, elogiada até pelo presidente da república por ter conseguido montar um esquema para manter as principais estrelas no Brasil.

Jogador que pode um dia ser reconhecido mundialmente, o jovem demonstra como não está pronto, embora tenha sido preparado para isso desde os 13 anos, para assumir a condição de destaque internacional – seja em um clube ou seleção. O mesmo não acontecia com Cristiano Ronaldo ou Messi, com a mesma idade. Neymar representa a geração futura do futebol brasileiro. É a esperança de renovação para 2014 quando a seleção estará mais pressionada do que nunca para ser campeã do mundo. Em menos de quatro anos Neymar precisa amadurecer para conviver bem com essa pressão.

A demissão de Dorival Jr. representa mais do que a vitória de um garoto mimado e prepotente, embora com talento muito acima da média. A queda do treinador é a perda de ma ótima oportunidade de fazer Neymar crescer. Perde o futebol brasileiro.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Luxemburgo tem o pior aproveitamento de sua história em campeonatos brasileiros

Na entrevista coletiva após a derrota para o Vitória, Vanderlei Luxemburgo apelou para seu passado pobre, a fim de lembrar que é um vencedor. A história do treinador permitia que os resultados fossem aguardados. Dos seis campeonatos por pontos corridos então disputados, Luxemburgo foi campeão duas vezes e levou a equipe dirigida até a Libertadores em outras três. Apenas em 2009, quando foi demitido do Palmeiras na 7ª rodada (então quarto colocado) e depois assumiu o Santos, não terminou entre os quatro melhores.

A história recente é contrastada com a temporada atual. Luxemburgo já igualou seu recorde pessoal de derrotas em uma única edição: 14. Mesmo número de 2007 – quando foi vice-campeão com 18 vitórias. O aproveitamento de 30% é disparado o mais baixo das 17 edições já disputadas por Vanderlei. Pior do que conseguiu no Campo Grande-MS em 1983 (37,5%), Bragantino em 1990 (47%) ou Paraná Clube em 1995 (44%). Nem mesmo no Palmeiras de 2002, quando dirigiu a equipe em apenas um jogo, o desempenho foi tão ruim: empate com o Grêmio e 33% de aproveitamento.

A série de fracassos seria suficiente para derrubar qualquer técnico, menos Vanderlei. O que o mantém no cargo é a ausência de um candidato para substituí-lo. O presidente Alexandre Kalil evita entregar o Atlético a um “Zé Mane”. Luxemburgo colocou e vai ter que tirar o clube dessa situação.

A trajetória de sucesso no futebol mostra que o treinador é capaz. Para isso, não precisava nem ter levado a público os problemas familiares da infância. Não será a história que vai livrar o Atlético do rebaixamento. É futebol. E isso, em 2010, Vanderlei mostrou ser capaz de oferecer muito pouco.

Confira abaixo o desempenho de Vanderlei Luxemburgo em campeonatos brasileiros.

2009: 47 % (7 jogos pelo Palmeiras e 26 pelo Santos)
2008: 57% (Palmeiras)
2007: 54% (Santos)
2006: 56% (Santos)
2004: 67% (Santos)
2003: 72% (Cruzeiro)
2002: 54% (1 jogo pelo Palmeiras e 23 pelo Cruzeiro)
2001: 42% (Corinthians)
1998: 63% (Corinthians)
1997: 52% (Santos)
1996: 61% (Palmeiras)
1995: 50% (15 jogos pelo Paraná e 8 pelo Palmeiras)
1994: 71% (Palmeiras)
1993: 81% (Palmeiras) * a vitória valia 2 pontos. Valesse 3, o aproveitamento seria de 78%
1991: 50% (Flamengo) – * ou 45%, se a vitória valesse 3 pontos.
1990: 54% (Bragantino) – * ou 47%.
1983: 43% (Campo Grande) – * ou 37%.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Futebol pobre, explicações vazias

A vantagem de 2 a 0 construída pelo Vitória no início do jogo poderia ter sido fruto de um começo incrível do time baiano. Não foi. O time de Ricardo Silva jogava bem (como fazia até a saída do treinador), mas dificilmente pensaria enfrentar um adversário tão facilmente derrotável como era o Atlético até os 30 minutos de jogo. Elkesson, Egídio, Bida, Henrique. Todos tinham liberdade.

O Vitória se fechava bem com César Santiago em Daniel Carvalho, Eduardo em Diego Tardelli e Bida marcando Ricardinho. Não fosse a expulsão justa de Anderson Martins, o Vitória provavelmente deixaria Sete Lagoas com uma goleada conquistada. Com um a mais, o jogo se transformou em pressão atleticana que resultou no gol de Daniel Carvalho em jogada individual. O erro de Ricardo Silva no primeiro tempo, sacando Elkesson para recompor a defesa e deixando os dois atacantes sem ligação, era sentido em campo por um time que não passou a não criar nada.

No segundo tempo, o Atlético tinha Tardelli, Berola, Obina, Daniel Carvalho e Diego Souza em campo. Meio time exclusivamente ofensivo para encurralar o Vitória. Após o empate, fruto de rara troca de passes lúcidos do Galo, a sensação era de que se aproximava a virada. Só sensação. Em cobrança de falta despretensiosa na intermediária, a defesa do Atlético assistiu Henrique fazer o gol decisivo. O bom jogo da equipe rubro-negra é de surpreender pelo momento vivido – então sete jogos sem vencer. A atuação desencontrada do Atlético não é novidade.

O time rebaixado de 2005 tinha 22 pontos com 13 derrotas e 35 gols sofridos após 23 rodadas. O atual soma 21 pontos, perdeu 14 vezes e levou 40 gols. O atleticano faz as contas e vê que são necessárias oito vitorias nas 15 rodadas restantes para se evitar o desastre. Procura respostas e encontra um Vanderlei Luxemburgo vazio divagando sobre sua história de sucesso que começou com uma vida sofrida. Ora, Luxemburgo é vitorioso e disso todos sabem. O que ninguém faz ideia é como o técnico pode estar tão seguro que, sem mostrar o mínimo de futebol organizado, o Atlético não vai ser rebaixado.

sábado, 18 de setembro de 2010

Empate no Engenhão mostra como o Cruzeiro pode mudar jogos

Joel Santana optou por um Botafogo cauteloso com Danny Morais na defesa e Leandro Guerreiro como volante. Cuca apostou na criatividade de Roger e Montillo. O gol de Alessandro fez o time carioca se fechar e bloquear os meias do Cruzeiro. Sem conseguir criar, a equipe mineira dava o contragolpe e Maicossuel era perigoso.

No segundo tempo, Diego Renan e Jonathan saiam mais e abriam o time adversário. Foi assim que Roger encontrou Diego Renan no lance do gol de empate. O Botafogo teve que sair e o contragolpe passou a ser azul. Em bola roubada por Henrique, Montillo fez um belíssimo gol. O argentino, apagado com a marcação praticamente perfeita de Leandro Guerreiro, fez a diferença quando teve espaço. Sobra qualidade para o jogador que faz a diferença no time de Cuca. Montillo é decisivo, até quando participa pouco do jogo.

O empate do Botafogo mantém os cariocas invictos dentro de casa, apesar de sete empates. O Cruzeiro chega a oitava partida sem perder, com seis vitórias. Empatar com o Botafogo foi o mesmo que fizeram Fluminense, 1x1, e Corinthians, 2x2. A igualdade mostra força da equipe celeste que teve mais posse de bola que o adversário durante toda a partida (no final 55% para o Cruzeiro), mostra a qualidade de Montillo que muda partidas complicadas. O Cruzeiro tem alternativas. Possui recursos fundamentais para brigar pelo título.

Obs: Aqui vai a análise do jogo. Sobre a arbitragem, evita-se falar neste blog. Como há muita reclamação, vai a minha opinião. O lance da bola que teria saído de Diego Renan, no gol anulado de Farias, é impossível ter certeza até mesmo com a imagem freezada da televisão. Impossível crucificar Héber Roberto Lopes. Houve pênalti no primeiro gol do Cruzeiro e eu não marcaria a bola na mão de Alessandro. Assim como não apitaria no lance de Werley em Santos x Atlético, Everton em Cruzeiro x Corinthians, Wagner Diniz em Atlético-PR x Corinthians. O lance mais controverso, do pênalti em Maicossuel, possui dois fatos: há o choque de Diego Renan sobre o meia botafoguense. O pé do lateral está na linha da grande área. Isso é fato. A interpretação do árbitro foi a de pênalti. Na minha visão, o atacante provoca o choque e o jogo poderia seguir.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Revétria indicou Montillo ao Cruzeiro e negocia participação do clube no Torneio de Verão de 2011

Revétria é, ainda hoje, lembrado no Cruzeiro. Atacante carismático que atuou no clube no final da década de 70 e garantiu o último título estadual celeste antes da série de seis conquistas seguidas do rival Atlético. Na decisão, Revétria marcou três gols no primeiro jogo e mais um no segundo. A torcida do Galo acostumada a cantar “Rei, Rei, Rei, Reinaldo é nosso Rei” teve de ouvir “Rei, Rei, Rei, Reivétria é nosso Rei”. Virou ídolo e tem, mais de 30 anos depois, relações próximas com a diretoria do Cruzeiro.

Ainda ligado ao esporte, Revétria é dirigente da Associação Uruguaia de Futebol e consultor do Cruzeiro para assuntos ligados ao futebol Sul-Americano. Nesta entrevista, o ex-atacante fala sobre a contratação de Montillo (indicado por ele ao clube mineiro) e Loco Abreu – com quem conviveu durante toda a Copa do Mundo.

Revétria fala também sobre uma possível participação do Cruzeiro no Torneio de Verão de 2011. O contrato está sendo negociado com a TV Globo para que o Atlético também participe, mas como as negociações não evoluíram, outra equipe do futebol brasileiro deve ser convidada.

A entrevista vai ao ar sábado, dia 18, no programa No Pique da Globo a partir das 15h, pela Rádio Globo AM 1150 ou pela internet.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Só futebol salva o Atlético, mas comprometimento ajuda

“Se concentração ganhasse jogo, o time da penitenciária não perdia uma”. A frase é do lendário Neném Prancha, ex-roupeiro do Botafogo. Neném estava absolutamente correto. Não é a concentração de 15 dias que vai fazer o Atlético se livrar da zona de rebaixamento. A equipe mineira perdeu 13 dos 22 jogos que disputou devido exclusivamente ao mau futebol, e só com bola o Galo vai sair de onde se alojou desde a nona rodada.

Não se deve esquecer a discussão sobre o projeto, única razão para manter Vanderlei Luxemburgo empregado. A má fase de Diego Tardelli, a improdutividade de Diego Souza e a saída mal planejada de algumas peças também não. Tudo isso deve ser colocado na balança ao final do ano, quando será possível medir o tamanho do fracasso - que pode não acontecer, como já dito aqui anteriormente, caso o Atlético vença a Sul-Americana e não se reencontre com a segunda divisão.

A pergunta hoje na Cidade do Galo deve ser outra: como afastar o clube de um novo rebaixamento? Concentração não vai salvar ninguém, mas é mais fácil acreditar na reação de um grupo comprometido do naquele fantasioso que acreditava ser culpa da manteiga, do despertador ou qualquer metáfora que soava mais como desculpa e fuga dos problemas reais que batiam à porta.

No discurso, o Atlético acordou a tempo. Quando se conhece o problema, fica mais fácil enfrentá-lo. Falta agora o futebol.

Arrancada do Cruzeiro é boa para o campeonato

O Cruzeiro chegou na luta pelo título. As seis vitórias nas últimas sete rodadas colocaram o time de Cuca a um ponto do líder. A equipe mineira tirou 11 pontos de desvantagem em relação ao Fluminense. Contra o Guarani, a Raposa foi inteligente para sair do esquema 3-6-1 armado por Vágner Mancini com Mazola a frente, Mário Lúcio e Apodí chegando em velocidade. No primeiro gol, Rômulo aparece como centroavante e no segundo, o lateral vem pelo meio, descobrindo Montillo nas costas de Marcio Careca.

Inteligente no primeiro tempo e relapso no segundo. A ponto de permitir o empate do Bugre em cinco minutos mesmo com um jogador a menos - Mazola foi expulso em lance de extremo rigor do árbitro Wallace Nascimento Valente no final do primerio, que depois anulou um gol legal de Thiago Ribeiro no segundo.

Os gols de Fabinho e Farías deram a vitória à Raposa. Vitória que poderia ter sido mais tranquila tivesse aproveitado as incríveis chances perdidas. Oportunidades criadas quase sempre por Montillo ou Thiago Ribeiro. O argentino foi brilhante mais uma vez e Thiago oferece opção de jogada durante todo o jogo. O time que oscilou e sofreu a reação tinha, em campo, sete reservas: Rafael, Rômulo, Pablo, Fabinho, Éverton, Walysson e Farias. A diferença de um Cruzeiro para outro passa sim pelas mudanças, pelos eros de finalização, mas também pela acomodação e pela bravura do Guarani.

Apesar do susto, os 70 minutos de bom futebol superam os 20 de tensão na Arena. 20 minutos podem ser fatais em outras circunstâncias e Cuca sabe disso. Na briga pelo título, o jogo deixa claro que o treinador tem problemas a corrigir, mas tem também soluções para vencer. O Cruzeiro entra na disputa, e o campeonato agradece.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Os melhores do mundo e um extraterrestre

Em dezembro, o Barcelona perderá o posto de melhor time do mundo quando algum Inter ou um azarão vencer o mundial. Ao olhar para a escalação de Guardiola na partida de abertura da Liga dos Campeões, é possível afimar: o Barça é o melhor do mundo. Seja de clubes, seja de seleções. Sete titulares da Espanha que venceu a Copa do Mundo (contando Pedro que ganhou lugar entre os 11 da Fúria na semifinal) começaram o jogo contra o Panathinaikos. Espanhois reforçados por um extraterrestre que nasceu na Argentina.

Messi fez dois gols, participou de mais dois, acertou a trave, sofreu e perdeu um pênalti, passou a bola entre as pernas de Boumsong, colocou Pedro, Villa, Dani Alves, Iniesta e quem mais se ofereceu na cara do gol. O placar foi 5 a 1 – de virada após Govou abrir o placar para os gregos. Fosse oito não seria exagero.

Depois de vacilar no final de semana diante do forte Hécules (perdão leitor, não resisti ao trocadilho) sem Busquets, Xavi, Puyol e Dani Alves, Guardiola voltou a contar com os titulares e o time catalão imprimiu seu ritmo. A diferença gritante de uma partida para outra deixa claro ao treinador: quem chega ainda não sabe brincar de Barcelona. Brincadeira que espanta nos números: 74% de posse de bola e 20 finalizações contra uma do adversário.

O Panathinaikos é o atual campeão grego. Pouco, é verdade. Mas basta lembrar que o Barça pode fazer isso com as equipes mais fortes do mundo. Fruto de um grande trabalho do treinador, fruto da qualidade reconhecida em todo o planeta de Xavi e Iniesta. Acima de tudo, fruto do talento do extraterrestre Lionel Messi.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O brilho de Obina foi suficiente...e só.

Ainda não foi contra o Grêmio Prudente que o Atlético deu mostras que o bom futebol pode aparecer. Embora tenha tido a bola nos pés durante quase todo o jogo, com a equipe paulista se resumindo à defesa e raras finalizações de média distância, o Galo foi pouco perigoso. Uma bola na trave no primeiro tempo e duas boas defesas de Giovani em cabeçadas de Fabiano e Werley, além do belo gol de Obina – já aos 42 da etapa final.

Por um lado, alívio pelos quatro pontos (um contra o Vasco e mais três domingo) conquistados em partidas que até o final se desenhavam bem diferentes. Por outro, a preocupação pelas atuações seguidamente ruins. A jogar como o fez na Arena do Jacaré, o Atlético não vencerá a maioria dos seus jogos e seguirá ameaçado de rebaixamento até o final do ano. Três pontos contra o Grêmio Prudente valem o mesmo tanto do que vitórias sobre Corinthians ou Fluminense. Para salvar o ano, o Atlético precisa de mais. Precisa de futebol.

A relação custo-benefício dos investimentos feitos só irá valer a pena caso Vanderlei Luxemburgo consiga conquistar a Sul-Americana e ser melhor que o 17º colocado no campeonato brasileiro. Vale mais a pena vencer a competição continental e apenas não ser rebaixado no nacional do que ser vice-campeão brasileiro após boa campanha durante sete meses.

No entanto, para conseguir o título e a vaga na Libertadores da América no ano seguinte, o Galo vai precisar melhorar. Mostrar jogo coletivo, entrosamento, melhor desempenho de nomes como Diego Souza, Tardelli e Serginho. A estrela de Obina, sozinha, não será o suficiente para dar o brilho que a equipe precisa. Quando estiver mais próximo de ser um time, o Atlético será mais confiável. Ainda não.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Atlético não sabe qual o gosto do empate em São Januário

Vencer o Atlético era obrigação. Na conta dos vascaínos, que tinham 18 jogos contra 20 da maioria, a diferença deveria ser feita contra o Corinthians. A partida em São Januário, contra um rebaixável, era dever de casa. Para os atleticanos, a conta a se fazer era conquistar 30 pontos nos 57 possíveis e se manter na primeira divisão. Vanderlei Luxemburgo apostou em fechar o time, esperar o erro dos vascaínos e sair em contragolpe.

Sem Felipe, Carlos Alberto e Zé Roberto, o time carioca certamente erraria mais e ofereceria campo ao Galo. Mas Vanderlei errou. Jogando em velocidade, deixou Neto Berola, único atacante rápido da equipe, no banco. O gol de Éder Luís sai na única alternativa que o Vasco, sem criatividade, tinha de finalizar em um adversário recuado: de fora da área.

No segundo tempo, o Atlético tinha mais posse de bola e velocidade com as entradas de Ricarinho e Neto Berola. Não criava e só finalizou quatro vezes: duas de falta, uma de pênalti e apenas uma com a bola rolando, já aos 41 minutos. O Vasco tinha o contra-ataque para matar o jogo, mas não tinha quem puxá-lo. Éder Luís não recebia o passe com qualidade e depois que saiu, machucado, a chance do segundo gol acabou. O empate do Atlético vem em pênalti infantil de Titi sobre Daniel Carvalho pela direita do ataque – pelo outro lado Dedé, mais uma vez, não perdeu uma jogada.

O resultado tem sabor amargo para os cariocas que perdem contato com o pelotão da frente após mais um empate. A indignação de PC Gusmão com a arbitragem depois do pênalti marcado não faz sentido. Sete empates em 12 jogos dão ao técnico mais motivos para se irritar. O Atlético só saberá se o resultado foi bom ou ruim no final do campeonato. Em condições normais, empatar com o Vasco em São Januário é um bom resultado. Em situações normais. A conta passa a ser conquistar 29 pontos em 54 restantes. O óbvio, também é válido: nas pretensões do Vasco um ponto é muito pior do que três. Para a situação do Galo, um ponto já é melhor do que nenhum.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Sem Montillo, Cruzeiro perde brilho, mas segue consistente

Contra o Internacional, Cuca não tinha Montillo. O Colorado não contava com D’Alessandro. A ausência do argentino representa a secura de criatividade no meio-campo das duas equipes. A alternativa era a movimentação e foi assim que o Cruzeiro saiu na frente com Éverton se projetando às costas de Nei e aproveitando brilhante passe de Jonathan. Diante do Inter, Cuca mostrou mais uma vez o que o destaca no início de trabalho em Minas Gerais: a capacidade de anular o adversário.

Thiago Ribeiro e Jonathan não deixaram Kléber avançar, Marquinhos Paraná e, especialmente, Henrique desarmavam com precisão e tiraram Tinga e Giuliano do jogo. A primeira falta da equipe mineira foi cometida aos 30 minutos e o Colorado finalizou apenas uma vez no primeiro tempo.

Nos 20 minutos finais do jogo, o Inter ganhou mais posse de bola, Giuliano recuava para buscar o jogo e Tinga se projetava mais. Mesmo assim, o time gaúcho quase não ofereceu perigo. Poderia ter chegado ao empate no pênalti de Gil sobre Leandro Damião, não marcado pelo árbitro – que deixou de expulsar Guiñazu, minutos antes. Ao Cruzeiro faltou mais força nos contragolpes para definir a partida. O time de Cuca venceu sete vezes, seis por um gol de diferença. Com muitos empates e poucos gols de saldo, os mineiros sempre estarão em desvantagem em critérios de desempates, a continuar assim.

A partida é a primeira derrota contundente de Celso Roth no Internacional que administrou o 2x1 diante do São Paulo e atuou com o time reserva no 3x0 aplicado pelo Fluminense. A equipe gaúcha tem condições de brigar na parte de cima enquanto quiser pensar em campeonato brasileiro. O Cruzeiro chega a quarta vitória em cinco jogos. A arrancada mineira tem a cara do time: consistente. É essa regularidade, aliada ao brilho que Montillo oferece a equipe, que dá a ideia que a Raposa pode ainda sonhar alto no campeonato.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

É batendo que se resolve, presidente?

“Acho que os jogadores têm que se cuidar sim. O Atlético não é brinquedo. E se tomarem um cacete na madrugada não vai fazer mal nenhum". A frase é do presidente Alexandre Kalil e não foi retirada de um contexto ou coisa do gênero. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o presidente disse exatamente o que se lê: é a favor que a torcida agrida os jogadores.

Até então, este blogueiro não criticou o presidente pelo fato de o Atlético estar há dez rodadas seguidas na zona de rebaixamento. Kalil manteve Diego Tardelli, goleador do Brasil em 2009 com 42 gols. A torcida queria um técnico de ponta, ele foi buscar o maior vencedor do futebol brasileiro nas últimas décadas. Faltava um armador, trouxe Diego Souza, melhor jogador do último brasileiro. A defesa ia mal, contratou então Rever, nome indiscutível. Na semana passada, Kalil reiterou como a troca de treinador pode ser maléfica e que não quer cometer os erros do passado (um técnico não termina um campeonato brasileiro e começa o seguinte pelo Atlético desde Jair Pereira em 1991-92).

Kalil fez a sua parte. Inegável. Até a página dois. É abominável pensar que o dirigente que representa uma torcida passional como todas, porém mais apaixonada do que muitas, apóie tal tipo de atitude. O presidente é o torcedor máximo do clube. É ele quem pede paciência nos momentos ruins, quem define o preço dos ingressos, quem tem o poder de contratar quem a massa pede. Quem desejava agredir algum jogador, tem agora o aval do presidente da instituição.

Dar um “cacete” em jogador não fará o time jogar melhor. Não vai fazer Fábio Costa, Diego Macedo, Werley, Fabiano ou Ricardo Bueno serem o que nunca foram. Não vai fazer Vanderlei Luxemburgo voltar atrás e não mudar nove jogadores do time titular em três meses. Não vai fazer o treinador parar de errar nas substituições. Imagine que Diego Tardelli (o exemplo do atacante vem apenas porque é o principal jogador da equipe) está em um bar bebendo um refrigerante. O torcedor vê, pensa que é Cuba bre, não gosta e decide “dar um cacete” no atacante. Tardelli de perna quebrada valerá menos, ajudará nada e não irá tirar o clube da zona de rebaixamento.

Quebrar a perna é um exagero? Pois Kalil não disse que tem que bater pouco. Nem muito. Disse apenas que não há problema nenhum. De tudo que o Atlético não precisa neste momento, um presidente que apóia que seus funcionários sofram na pele a ira da torcida é a maior delas.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Cruzeiro: a vitória de quem pode mais

Em 2003, Cuca assumiu o Goiás que vinha mal sob o comando de Candinho. Tentou mudar o time e, sem sucesso nos primeiros jogos, recebeu um telefonema: era Luís Felipe Scolari, seu treinador no Juventude e Grêmio. Felipão aconselhou o ex-meia: “sua primeira preocupação deve ser parar de perder. Coloque quatro zagueiros, quatro volantes. Empate. Depois veja o que dá para ser feito”.

O que Luís Felipe tem tentado fazer é exatamente isso. Escala três zagueiros, cinco volantes e aposta ou em jogadas individuais de Kléber e Valdívia, ou em bolas paradas de Marcos Assunção. E foi assim que o Palestra Paulista saiu na frente. Começou pensando em não perder e isso passava por não deixar Montillo jogar. Missão cumprida com maestria por Pierre na etapa inicial. O primeiro gol saiu em pênalti infantil de Wellington Paulista que Kléber convertou. Três minutos depois, Maurício Ramos ampliou.

Para mudar o jogo, Cuca sacou Gil para colocar Roger e tirar de Montillo o peso solitário da armação. Tirou Wellington Paulista – que não marca há cinco jogos – e promoveu Farias. O time de Scolari voltou ainda mais recuado, armando o bote, mas não assustava em nenhum contragolpe. A contusão de Marcos aos 10 minutos e o gol de Roger aos 14 fez o Palmeiras acusar o momento. Montillo se aproveitou e em assistência perfeita de Roger empatou cinco minutos depois. Roger ditava o ritmo e o Cruzeiro evitava faltas próximas à área. Neutralizou assim um Palmeiras que não possui a miníma inspiração. Em bola recuperada no campo de ataque, Thiago Ribeiro encontrou Farias para virar o jogo.

Primeira vez no campeonato que o Cruzeiro marcou três gols. Quarta vitória fora de casa do terceiro melhor visitante do campeonato. Enquanto isso, o Palmeiras não acontece. Felipão tenta não perder. Pode ser pouco, mas é o que é possível no momento. O Cruzeiro pode mais. Pode vencer fora de casa e encurtar a diferença do líder para sete pontos. Ano passado, ao final do primeiro turno, o Flamengo tinha oito de desvantagem para o líder. Precisou fazer 38 pontos na segunda metade do campeonato para ser campeão. Se o Palestra mineiro quiser sonhar mais alto, a conta é essa.

Atlético erra e oferece jogo ao São Paulo

As campanhas vacilantes de São Paulo e, principalmente, Atlético no campeonato davam pistas do que seria o jogo no Ipatingão: partida de erros. Assim começou Fábio Costa, no gol de Casemiro. Assim fez Casemiro, no pênalti que resultou no segundo gol de Obina. No segundo tempo, o São Paulo, em desvantagem, mudou. Não só pela saída de Júnior César para a entrada de Cléber Santana, o que deslocou Richarlsyon – melhor em campo – para a lateral.

A mudança tática de Baresi ajudou o São Paulo a ganhar, mas se o Tricolor foi um time que ofereceu menos chances, o mesmo não pode ser dito do Atlético. Eron e Jataí falharam de forma infantil nos dois gols do segundo tempo. A alteração de Barsei fez, por alguns momentos, que o São Paulo parasse de depender apenas de jogadas individuais. O time esperava por Richarlyson, o procurava em campo, e o lateral não recebia devida atenção de Diego Macedo, lateral atleticano. O gol da virada sai em jogada individual de Marcelinho, pelo lado direito do ataque, contando com a falha de Jataí.

O Atlético, sem poder contar com Diego Souza e Tardelli, não tinha o que fazer além de esperar uma falha que não aconteceu. Quando Vanderlei Luxemburgo precisou mudar o jogo, olhou para o banco e viu Ricardo Bueno e Jackson – contratações avalizadas pelo treinador. Depois da virada paulista, aos 15 minutos, o Atlético criou uma jogada com Serginho, que Rogério Ceni defendeu com o pé.

Baresi mudou a forma de seu time jogar, provocou um São Paulo melhor e ganhou fôlego para permanecer no comando. Um time mais organizado e que falha menos pôde esperar o Atlético. Devido a erros, o time de Vanderlei está há dez rodadas seguidas na zona de rebaixamento. Pela primeira vez em muito tempo, o treinador atleticano falou em futebol, cobertura, posicionamento e criação. Início tímido para se pensar em uma melhora que ainda não veio.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Desespero do Goiás foi bom para o Atlético

No jogo do pior contra o terceiro pior time do campeonato brasileiro, a tática era óbvia: ganharia o jogo quem aproveitasse os muitos erros que o adversário cometeria. Foi assim que o Goiás saiu na frente no início da partida após pênalti que Rafael Cruz cometeu e Bernardo marcou. Até os 35 minutos de jogo só se viu Goiás em campo com seis finalizações e quatro escanteios contra nada do adversário. Até que Obina marcou, também de pênalti e o time da casa se perdeu.

Ainda no primeiro tempo, o Atlético teve três boas chances de marcar, mas não conseguiu. Voltou para a etapa final se defendendo e aguardando o erro dos goianos. Para afundar ainda mais o time de Jorginho, bastou ao Atlético ser inteligente e esperar. Se a intenção de Vanderlei Luxemburgo em tirar Ricardinho e Diego Souza do time principal era motivar seus jogadores, deu certo: a jogada do gol da virada sai com os dois e Diego Souza fuzilando Harley.

A última vitória do alvinegro como visitante em campeonato brasileiro havia acontecido há exatos 10 meses – quando bateu o próprio Goiás por 3 a 2 no Serra Dourada. Obina, autor de dois gols, segue com status de talismã: desde que chegou, a equipe só não venceu uma das sete partidas em que o atacante marcou. O Goiás chega à 11ª partida sem vencer e iguala seu recorde negativo na Série A (em 2006 foram quatro empates e sete derrotas em sequência). Além disso, segue como pior mandante e passou a ter defesa mais vasada da competição com 32 gols. Não fosse pouco, ainda teve o presidente afastado e o novo treinador acabou de chegar.

As marcas negativas do Goiás apontam para a resposta de que é cedo para falar em evolução no Atlético. Hoje, é justo dizer que o time mineiro soube usar o desespero adversário a seu favor.