terça-feira, 7 de setembro de 2010

É batendo que se resolve, presidente?

“Acho que os jogadores têm que se cuidar sim. O Atlético não é brinquedo. E se tomarem um cacete na madrugada não vai fazer mal nenhum". A frase é do presidente Alexandre Kalil e não foi retirada de um contexto ou coisa do gênero. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o presidente disse exatamente o que se lê: é a favor que a torcida agrida os jogadores.

Até então, este blogueiro não criticou o presidente pelo fato de o Atlético estar há dez rodadas seguidas na zona de rebaixamento. Kalil manteve Diego Tardelli, goleador do Brasil em 2009 com 42 gols. A torcida queria um técnico de ponta, ele foi buscar o maior vencedor do futebol brasileiro nas últimas décadas. Faltava um armador, trouxe Diego Souza, melhor jogador do último brasileiro. A defesa ia mal, contratou então Rever, nome indiscutível. Na semana passada, Kalil reiterou como a troca de treinador pode ser maléfica e que não quer cometer os erros do passado (um técnico não termina um campeonato brasileiro e começa o seguinte pelo Atlético desde Jair Pereira em 1991-92).

Kalil fez a sua parte. Inegável. Até a página dois. É abominável pensar que o dirigente que representa uma torcida passional como todas, porém mais apaixonada do que muitas, apóie tal tipo de atitude. O presidente é o torcedor máximo do clube. É ele quem pede paciência nos momentos ruins, quem define o preço dos ingressos, quem tem o poder de contratar quem a massa pede. Quem desejava agredir algum jogador, tem agora o aval do presidente da instituição.

Dar um “cacete” em jogador não fará o time jogar melhor. Não vai fazer Fábio Costa, Diego Macedo, Werley, Fabiano ou Ricardo Bueno serem o que nunca foram. Não vai fazer Vanderlei Luxemburgo voltar atrás e não mudar nove jogadores do time titular em três meses. Não vai fazer o treinador parar de errar nas substituições. Imagine que Diego Tardelli (o exemplo do atacante vem apenas porque é o principal jogador da equipe) está em um bar bebendo um refrigerante. O torcedor vê, pensa que é Cuba bre, não gosta e decide “dar um cacete” no atacante. Tardelli de perna quebrada valerá menos, ajudará nada e não irá tirar o clube da zona de rebaixamento.

Quebrar a perna é um exagero? Pois Kalil não disse que tem que bater pouco. Nem muito. Disse apenas que não há problema nenhum. De tudo que o Atlético não precisa neste momento, um presidente que apóia que seus funcionários sofram na pele a ira da torcida é a maior delas.

5 comentários:

Fábio F. Monteiro disse...

Vc expôs bem a situação. Mas, tomo a liberdade de completar com uma observação a mais. A declaração infeliz do falastrão mor do futebol brasileiro pode ser um verdadeiro tiro no pé. Se o clima já não era bom pelo lado de lá da lagoa, imagine agora. Imagine só a insegurança dos jogadores na hora de sair de casa, na hora de jogar, na hora de ir trabalhar. Parabéns, Kalil! Vc decretou a queda do seu time para a segunda divisão.

@Marcinh01Flu disse...

No mínimo muito infeliz essa declaração do Kalil, pra não dizer exatamente o que pensei, mas aí seria me igualar à ele.
Ridículo que um presidente de um clube enorme do futebol brasileiro diga uma bobagem dessa que só incita cada vez mais a violência dos torcedores.

Cristhiano Bezerra disse...

Apoio aos funcionários se dá com condições de trabalho e salário em dia. O resto é perfumaria.

Alberto disse...

Para chegar a 46 pontos, o Atlético precisa de 29 pontos no returno.

No primeiro turno, o Cruzeiro é o pior time que conseguiu superar esta marca.

Ou seja, para fugir do rebaixamento, a campanha do Atlético no segundo turno deve ser um pouco inferior a do Cruzeiro.
Se for igual a do Atlético-PR (sétimo colocado) cai.

Joga 10 vezes fora e 9 vezes em casa.

Joga em casa com:
Gremio Prudente, Vitória, Grêmio, Corinthians, Avai, Botafogo, Santos, Flamengo e Goiás.

Joga fora com:
Vasco, Atlético-PR, Fluminense, Ceará, Atlético-GO, Inter, Cruzeiro, Guarani, Palmeiras e São Paulo

Dura a vida de torcer neste final de ano.

Clarice disse...

"A pergunta foi se um jogador estiver na madrugada e a torcida agisse, aí eu falei o que eu penso."

Isso pra mim coloca a resposta dentro de um contexto.
Não entendo porque ninguém aparece nunca pra falar de coisas realmente importantes para o bem do clube, mas conseguem fazer alarde sobre uma frase do presidente.
Talvez o melhor mesmo para o Kalil seria a hipocrisia. Se é disso que a imprensa gosta...