sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Afinal, o que era o projeto de Vanderlei Luxemburgo?

Para se falar no Atlético em 2010 era necessário usar a palavra “projeto”. E a queda de Vanderlei Luxemburgo, evidentemente, põe fim a essa fase. Mas o que é projeto em um clube de futebol? Para Alexandre Kalil, contratar o técnico mais vitorioso do futebol brasileiro nos últimos 20 anos, manter Diego Tardelli, artilheiro do Brasil em 2009, e agregar nomes reconhecidos como Cáceres, Ricardinho, Daniel Carvalho, Réver e Diego Souza era a fórmula para tirar o clube da fila que dura 40 anos.

Isso não é projeto. Mesmo que no final dos dois anos de contrato Vanderlei Luxemburgo entregasse ao Atlético um título de expressão, a conta deveria ser paga depois. Foi assim no Cruzeiro, que só se reencontrou financeiramente após a venda de Fred, no Santos e no Palmeiras, últimos clubes em que Vanderlei trabalhou. Mesmo com a herança maldita que haveria, apostar no treinador era a cartada alta para montar uma equipe vencedora.

Vanderlei Luxemburgo nunca representou projeto no futebol. Já foi sinônimo de títulos e equipes bem treinadas, é fato. Quando se fala em projeto é preciso pensar no trabalho que será feito e no que será deixado para o sucessor aproveitar. Algo como fez Mano Menezes que assumiu o Grêmio na série B em 2005, voltou à primeira divisão, terminou o Brasileiro de 2006 em terceiro lugar e no ano seguinte foi vice-campeão da Libertadores. Entregou um Grêmio forte para Celso Roth conduzir ao segundo lugar do campeonato brasileiro de 2008. Trajetória parecida com a do próprio Mano, a frente do Corinthians.

Projeto é o que fez Dorival Jr. no Cruzeiro em 2007 assumindo uma equipe destroçada após a final do estadual, lapidando jogadores como Ramires, Charles, Jonathan, Guilherme e Marcelo Moreno para Adilson Batista chegar duas vezes entre os quatro melhores do campeonato brasileiro e ser vice-campeão da América. Adilson, por sua vez, que deixou uma base forte para Cuca aprimorar na briga pelo título nacional de 2010. É o que fazia Levir Culpi no Atlético campeão da série B em 2006, Mineiro em 2007 até ter o trabalho interrompido pelo convite do futebol japônes.

Fazer um bom trabalho é montar uma equipe competitiva, uma forma de gerir o futebol do clube e um bom legado para os próximos trabalhos. Times competitivos e bons trabalhos estão mais próximos de títulos do que nomes e salários. Hoje, quem for assumir o Atlético terá que começar do zero e conseguir resultados imediatos como vencer oito jogos dos 14 que restam para evitar o rebaixamento. Vanderlei Luxemburgo não deixa nada de positivo para seu sucessor. O tal projeto foi um fracasso total.

4 comentários:

Bruno Faleiro disse...

Excelente texto Marcelo. Concordo plenamente!! Grande abraço!!

Unknown disse...

Usaram areia do Palace II para construir o Projeto, resultado: Ruiu.

Gean disse...

Parabéns! És o profeta do acontecido. Seu texto, desculpe a franquesa, pra mim é oportunista. É muito fácil dizer isso agora, após a fatidica campanha que culminou na demissão do treinador e na interrupção/cancelamento do tal projeto.
No início, com Luxa e contratações, o Galo era favorito incondicional. Nem o mais pessimista apostaria nesse desfecho. Coisas do futebol. Aguardemos o que fará o próximo comandante.

Toscano disse...

É isso aí, Machado!

Mais um belo gol seu.

Amplexos e ósculos.