sábado, 31 de julho de 2010

Fernandão no meio dá novo alento ao São Paulo

O Ceará era o adversário ideal para o São Paulo testar sua capacidade de criar e vencer um adversário que se fecha bem – como deve ser o Internacional no meio da semana. A equipe treinada por Estevam Soares havia sofrido apenas quatro gols na competição. Com Dagoberto e Fernandão poupados, Ricardo Gomes testou Xandão como zagueiro pela direita e Cléber Santana no meio nas vagas de Richarlyson e Rodrigo Souto. Na frente, Ricardo Oliveira tinha a chance de ganhar ritmo de jogo.

No primeiro tempo, o São Paulo foi o mesmo do retorno após o mundial: lento, sem criatividade e com o meio-campo sem dialogar com o ataque. O Ceará se fechava bem e forçava o erro do adversário na saída de bola. Poderia até mesmo ter aberto o placar com Oziel, após falha de Alex Silva e Miranda.

Depois do intervalo, Gomes promoveu Fernandão na vaga de Xandão, com Jean voltando a ser lateral e Hernanes mais recuado, como segundo volante. O São Paulo cresceu. Fernandão como organizador, mais próximo dos atacantes, dá mais lucidez à equipe e faz o time variar mais o jogo. E foi com Fernandão que o Tricolor marcou, após cobrança de escanteio. Um minuto depois, Ricardo Oliveira fez o segundo em contragolpe. O Ceará ainda descontou com Eric Flores, em boa jogada individual.

Se o que Ricardo Gomes queria era um teste, conseguiu. O time mais insinuante, com os atacantes contando com a aproximação dos homens de trás, vê o crescimento de peças importantes como Hernanes que também melhorou com a nova formação. A vitória com a boa entrada de Fernandão é um alento para o que deve acontecer contra o Inter. O esquema poderia ter sido pensado antes, poderia estar mais bem treinado e armado – com Ricardo Oliveira entrando no lugar de Washington ou Fernandinho, por exemplo. Se o São Paulo não está pronto é porque houve erro nos 38 dias em que o clube passou sem jogar, esperando o confronto de quinta-feira.

Raio-X da 12ª rodada

Fluminense x Atlético-PR: Washington volta ao Flu justamente contra o Furacão, clube no qual bateu o recorde de gols no campeonato brasileiro com 34. Nas últimas oito rodadas, a equipe carioca conseguiu seis vitórias e dois empates. Sem Gum, machucado, Muricy arma o time novamente no 4-4-2. Depois de três derrotas seguidas, o Atlético-PR venceu Santos e Goiás. Guerrón deve ser a novidade na equipe, fazendo sua estreia. Ano passado, em meio a reação no final do campeonato, o Flu venceu o confronto por 2 a 1 no Maracanã.
Palpite: Fluminense

Atlético-GO x Guarani: o time goiano está sem técnico depois que Roberto Fernandes foi demitido. Nos quatro jogos em que dirigiu a equipe, Fernandes conseguiu três derrotas e uma vitória, sobre o líder Corinthians. Depois da Copa, o Guarani conquistou dois empates e perdeu duas partidas. Ricardo Xavier perde seu lugar no Bugre e Diogo ganha a vaga. As equipes se enfrentaram na série B de 2009, 2008 e Copa do Brasil de 2007. O Atlético venceu as três jogando no Serra Dourada. Ano passado, goleada por 4 a 1, destaque para Elias que marcou dois em 30 minutos.
Palpite: empate.

São Paulo x Ceará: depois da Copa do Mundo, o São Paulo jogou cinco vezes, perdeu quatro e empatou uma, o Ceará empatou quatro e perdeu uma vez nas últimas cinco partidas que disputou (contando o empate com o CSA pela Copa do Nordeste). Ricardo Gomes não vai poupar jogadores pensando na Libertadores. Pelo contrário, vai aproveitar a partida para dar conjunto ao time. Cléber Santana ganha a vaga de Richarlyson e Xandão entra na vaga de Rodrigo Souto. Com uma vitória e três empates em cinco partidas como visitante, o Ceará tem o terceiro melhor desempenho fora de casa do campeonato.
Palpite: São Paulo

Palmeiras x Corinthians: dez pontos separam o líder Corinthians do rival, 10º colocado. Nos últimos dez clássicos, o Palmeiras venceu seis, o Corinthians dois e aconteceram ainda dois empates. A partida marca a estreia de Adilson Batista no clube alvinegro. Em Minas Gerais, nos 11 clássicos que disputou, sete vitórias e uma derrota. A equipe alviverde não terá Léo e o Corinthians não conta com Roberto Carlos e Dentinho. A única partida vencida pelo Palmeiras pós-Copa foi justamente um clássico: contra o Santos. A equipe ainda não venceu sob o comando de Felipão.
Palpite: empate.

Vitória x Botafogo: embora a equipe baiana tenha sete posições de vantagem para o adversário, apenas dois pontos separam as equipes. Ânderson Martins e Egídio devem ser os únicos titulares escalados por Ricardo Silva que pensa no confronto com o Santos no meio da semana. Maicosuel reestreia no Botafogo e Joel Santana deve voltar ao 4-4-2 escalando Fahel como volante ao lado de Leandro Guerreiro. O Bota não vence desde a terceira rodada. Nos últimos dez jogos entre as equipes em Salvador, o rubro-negro venceu sete e o Botafogo um. No ano passado, Vitória 4x3 Botafogo – com gol de Apodí aos 44 minutos do segundo tempo.
Palpite: Botafogo

Avaí x Goiás: o time catarinense vem em grande fase depois da Copa do Mundo com vitórias sobre São Paulo e Palmeiras e empate contra Flamengo e Atlético-MG. Sem o volante Marcinho Guerreiro, suspenso, Antônio Lopes escala o Avaí com um atacante a mais: Vandinho começa como titular pela primeira vez desde seu retorno ao clube. O Goiás não terá Emerson Leão à beira do campo, além de Romerito e Rafael Moura, suspensos. Otacílio Neto ganha nova chance. Nas quatro rodadas após a Copa do Mundo, o Goiás ainda não venceu e só marcou gols em um jogo.
Palpite: Avaí

Internacional x Grêmio: Celso Roth escalará o time reserva do Inter, pensando no jogo da Libertadores. Em 2009, Roth foi demitido do Grêmio pelo desempenho ruim em Gre-nais, perdeu quatro e empatou três nos sete disputados. O reserva dos colorados contam com Rafael Sóbis e Renan que precisam ganhar ritmo de jogo. Giuliano, heroi da classificação contra o Estudiantes e da vitória sobre o Sào Paulo também joga. No Grêmio, Silas gostou da formação que empatou com o Cruzeiro em Minas Gerais e repete o time – a exceção de Fabio Rochemback, machucado, que dá lugar a Ferdinando. Hugo será ala pela esquerda e Maylson pela direita. Na última rodada, gols de Borges (17 na temporada) e Jonas (26 em 2010), principais esperanças da equipe no clássico.
Palpite: Grêmio

Atlético-MG x Cruzeiro: no Galo, Luxemburgo testou o 3-5-2 e 4-4-2 durante a semana. Ricardo Bueno, Fabiano e Obina ainda são dúvidas para a partida. O Cruzeiro não conta com Henrique, Roger e Gilberto dificilmente jogarão. Edcarlos deverá fazer sua estreia. No primeiro turno do Brasileiro ano passado, vitória do Atlético por 3 a 0 contra os reservas do rival. Zé Carlos, do Cruzeiro, foi expulso aos 7 segundos de jogo. Por questões de segurança, o clássico em Sete Lagoas terá torcida apenas do Atlético, mandante do jogo. Pior defesa do campeonato com 21 gols, o Galo não sofreu gol pela primeira vez no campeonato contra o Avaí, na última rodada. Wellington Paulista volta ao time do Cruzeiro após cumprir suspensão.
Palpite: empate.

Grêmio Prudente x Santos: o Prudente está na zona de rebaixamento, mas perdeu apenas uma vez nos últimos nove jogos. Seis empates no campeonato, empacam a equipe na 18ª colocação. Ânderson Luís e Flavinho não jogam porque estão sendo negociados. O Peixe terá 10 reservas, dos titulares apenas Rafael, goleiro, começa o jogo. Marquinhos, que marcou o segundo gol contra o Vitória, será o camisa 10. Fora de casa, o Santos venceu um jogo, empatou dois e perdeu três no campeonato. Na história, seis jogos entre as equipes, uma vitória do Prudente, três empates e dois triunfos santistas. Esse ano, 5 a 0 para o time de Dorival na Vila Belmiro.
Palpite: G. Prudente

Flamengo x Vasco: Rogério Lourenço ainda não sabe se poderá contar com Petkovic, machucado. Val Baiano começa pela primeira vez como titular. O único jogo que vence depois da Copa foi um clássico: 1 a 0 no Botafogo. No Maracanã, o Fla conquistou duas vitórias em seis partidas e tem o 15º aproveitamento como mandante. O Vasco conta com o reforço dos “estrangeiros”. Felipe e Zé Roberto começam jogando, Éder Luís e Carlos Alberto sentam no banco. A equipe cruz-maltina vem de duas vitórias seguidas atuando em São Januário. Dois jogos em 2010 e duas vitórias rubro-negras. Em campeonatos brasileiros, a última vitória vascaína foi em 2006: 3 a 1.
Palpite: Vasco

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Atlético x Cruzeiro: propostas, dúvidas e o favorito.

Cuca não tem dúvidas: vai para o clássico com três zagueiros, sendo Fabinho improvisado no setor. Mas o treinador não tem também armadores: Gilberto e Roger lesionados e Montillo, ainda na Universidad do Chile, seriam as opções. Sem um jogador criativo no meio, o Cruzeiro aposta na força dos laterais e o esquema com três defensores visa liberar Jonathan e Diego Renan para jogar em cima de Fernandinho (ou Leandro) e Diego Macedo, que marcam mal.

Quando atuou com Fabrício, Éverton e Marquinhos Paraná no meio-campo, o trio que atuará no domingo, Fabrício foi o homem mais avançado contra o Grêmio, dando mais velocidade na saída de bola. Paraná passa melhor a bola e organiza o jogo da Raposa. Quando o Cruzeiro tiver a bola, Marquinhos será o armador, quando for contra-atacar, Fabrício será o acionado.

O Cruzeiro é esse. Caso Caçapa se recupere, ganha a vaga de Edcarlos na defesa. Já o Atlético...

O time de Vanderlei Luxemburgo é uma infinidade de interrogações. Na quinta-feira, a imprensa viu a equipe treinando no 3-5-2, o que pode ser um blefe, uma vez que o time foi muito mal com esquema contra o Avaí e melhorou quando um dos zagueiros foi sacado. Vanderlei aprovou Serginho como primeiro volante e a tendência é que Zé Luís siga no banco com João Pedro, Fabiano e Ricardinho completando o meio-campo. Na frente, Diego Tardelli e Diego Souza – que vai para seu terceiro jogo, na terceira função diferente.

Essa é linha de pensamento mais provável para a formação da equipe. Mas Ricardo Bueno pode entrar no ataque e Diego Souza ser recuado, Zé Luís ganhar a vaga de Fabiano no meio, Werley formar trio defensivo com Campos e Cáceres e ainda Leandro retornar ao time no lugar de Fernandinho. A escalação imaginada é parecida com a do segundo tempo contra o Internacional, quando o time tinha a posse de bola, mas dava campo para o adversário contragolpear.

A partir daí, começa-se a desenhar o que será o jogo. O time de Luxemburgo atacando e o de Cuca apostando na velocidade de Thiago Ribeiro, dos alas e de Éverton e Fabrício. Hoje o Cruzeiro conta com um conjunto melhor, mas tem mais peças para anular do que o rival. Dessa vez, sem medo de ficar em cima do muro: não há favorito.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Eduardo Maluf pode ser o novo diretor da CBF.

Eduardo Maluf nem bem chegou e já pode estar de saída do Atlético. O ex-diretor de futebol do rival Cruzeiro teria sido convidado pela CBF para assumir o cargo de Américo Faria frente à seleção brasileira. Como diretor, Maluf colecionou bons negócios na Raposa e foi apontado como responsável pelo sucesso nas negociações de Diego Souza e Réver, contratados pelo alvinegro.

Conhecido por comprar bem e vender melhor ainda, a principal virtude de Eduardo Maluf é o poder de observação de atletas e os contatos dentro do futebol brasileiro e da Confederação Sul-Americana. Foi a partir desses contatos e observação que Maicon em 2001, Luisão também 2001, Gomes em 2002 e Ramires em 2007 foram parar na Toca da Raposa. Além deles, Guilherme, Marcelo Moreno e outros jogadores passaram pelo Cruzeiro como jovens provenientes de outro estado e que se transformaram em pelo menos bons negócios para a equipe mineira.

Maluf conhece de futebol, é um dos dirigentes que melhor conjuga o verbo “planejamento”. Por enquanto, segue como empregado do Atlético e evita falar sobre o assunto durante a semana do clássico regional. O presidente Alexandre Kalil disse apenas que “só se pronuncia depois que Maluf tomar sua decisão”.

Caso confirme a informação, Mano Menezes ganha um ótimo braço direito. Alguém que sabe fazer a mediação entre diretoria e comissão técnica. Com Maluf, a seleção brasileira será muito bem pensada.

Santos perto do título, mas última goleada sofrida foi no Barradão

O Santos da final da Copa do Brasil lembrou o time do primeiro semestre. Lembrou... Isso porque faltou ao time paulista a capacidade de definir que possuía antes da Copa do Mundo. A partida ruim de André e o pênalti desperdiçado por Neymar ajudam a maquiar o volume de jogo do Peixe. Pelo domínio e chances que teve, a equipe de Dorival Júnior poderia ter saído da Vila Belmiro com o título da Copa do Brasil praticamente assegurado.

O Vitória só ocnseguiu se defender. Praticamente não teve forças para deixar seu campo e marcar pelo menos um gol – feito que apenas o Naviariense não conseguiu jogando na Vila nesta Copa do Brasil. Ricardo Silva terá que preparar sua equipe para vencer por três gols de diferença.

A última vez que o Santos foi derrotado por essa diferença de gols foi há mais de um ano: em 12 de julho de 2009, quando perdeu para o Vitória por 6 a 2 no Barradão pela 10ª rodada do campeonato brasileiro. Jogo em que Paulo Henrique Ganso marcou seu primeiro gol fora de São Paulo.

Sobre o pênalti de Neymar: um erro em uma cobrança, nada mais. Quando Zidane faz o mesmo em uma final de Copa do Mundo não é molecagem ou desdém, então quando o atacante do Santos repete o estilo da batida em uma final de Copa do Brasil também não pode ser. Méritos para o goleiro Lee que esperou a cobrança correndo o risco de não ter tempo de alcançar uma bola no canto.

São Paulo só sobrevive porque pode jogar mais.

O Internacional fez uma partida no mesmo nível desde que retornou da pausa para a Copa do Mundo. Tentou variar jogadas, colocou velocidade e abafou o adversário em seu campo com marcação de Taíson, Andrézinho, Alecsandro e D’Alessandro. O São Paulo também jogou do mesmo jeito: muito mal. A diferença da semifinal contra o Inter, para as vitórias na fase anterior contra o Cruzeiro foi a capacidade de ter a bola nos pés.

Nas quartas-de-final, quando recuperava a posse de bola, o time paulista conseguia aproximar Dagoberto de Fernandão e os dois de Marlos e Hernanes. Júnior César tinha campo para jogar. No Beira-Rio nada disso aconteceu, em momento algum, e o time gaúcho só não deixou a classificação muito encaminhada ainda no primeiro confronto porque não conseguia furar o bloqueio da defesa adversária.

Em que pese não ter assustado o gol do Internacional, o São Paulo conseguiu se defender bem e evitar derrota por mais gols. Na partida no Morumbi, para chegar à final, a equipe de Ricardo Gomes terá que anular o bom futebol do Colorado e mais do que isso: vai precisar jogar.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Mano acertou mais do que errou, mas convocados vão precisar amadurecer muito.

Mano Menezes precisava renovar a seleção, grupo envelhecido deixado como legado da Copa de 2010. A primeira lista do novo técnico não visa o jogo contra o Estados Unidos no dia 10, a mira é Londres em 2012 e, principalmente, o Mundial de 2014. Por isso, é fácil entender que jogadores com 27 anos ou mais dificilmente terão chances, com poucas exceções. Júlio César já tem 30 anos e certamente será chamado, assim como Fábio, da mesma idade, deveria ter sido. Ronaldinho Gaúcho terá 34 anos na próxima Copa e dificilmente vitalidade para jogar. Pode ser o caso de Maicon, hoje com 29 anos.

As apostas de Mano são jovens, Dani Alves, André Santos, Victor e Jefferson têm 27 anos cada um, os mais velhos. A convocação é boa, traz esperança ao torcedor que queria criatividade, talento e até mesmo identificação nacional com o time – onze dos convocados estão no futebol nacional.

O senão fica por conta das convocações de Jefferson e Jucilei., O volante foi titular em 20 dos 39 jogos do Corinthians (de Mano Menezes) na temporada, enquanto Elias começou jogando em 32. Jucilei tem 22 anos e não terá idade Olímpica nos jogos de Londres.

Nomes a se discutir não faltarão nos próximos quatro anos e a questão a se pensar agora é outra. A esperança da seleção está nos pés de uma geração talentosa, mas que ainda não é consistente. Neymar, Ganso e André fizeram um primeiro semestre fabuloso, mas precisam evoluir muito até a Copa. Em 2002 Ronaldinho Gaúcho, titular do time, tinha 22 e já era uma realidade. Em 1998 Ronaldo já era o melhor do mundo duas vezes aos 21, Romário foi para o PSV com 22 e já como grande artilheiro do Vasco no final dos anos 80.

Dos jogadores que despontaram no Santos no time campeão brasileiro de 2002, e vice nacional e da Libertadores no ano seguinte, quem mais se aproximou de ser protagonista no futebol mundial foi Robinho quando chegou, mas fracassou, no Real Madrid. Diego foi bem em um clube médio da Alemanha, mesmo caso de Renato na Espanha e Elano na Inglaterra. Alex não tem destaque, nem titularidade absoluta no Chelsea.

Aquele time do Santos viveu grande fase por um ano e meio, os novos “meninos da Vila” têm apenas seis meses de talento inquestionável. O último jogador avançado de nível mundial nascido no Brasil foi Kaká que já está com 28 anos. Da nova safra, Pato é o mais experimentado com 73 jogos pelo Milan, onde marcou 41 gols e já tem experiência aos 20 anos.

Repito: a lista de Mano é boa, possui qualidade técnica. O que preocupa é se daqui a quatro anos, teremos mais uma vez um time de coadjuvantes. Precisamos dos artistas principais, do tão exaltado talento brasileiro. Precisamos que os meninos tratem de crescer e para isso, a seleção parece ser um bom lugar.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A parada para a Copa e o Inter favorito contra o São Paulo

Internacional e São Paulo começam a decidir essa semana uma vaga na final da Taça Libertadores. O time paulista vivia, em junho, um grande momento. Havia vencido o Cruzeiro duas vezes, o Palmeiras e o próprio Inter (no Beira-Rio). Já o Colorado chegou entre os quatro melhores da América eliminado o Banfield, campeão argentino, e o Estudiantes, campeão da Libertadores, mas sem nenhum brilho. Aliás, precisava de lampejos individuais dos jogadores para decidir os jogos.

Em muitos momentos de 2010, Jorge Fossati e Ricardo Gomes, técnicos do primeiro semestre, foram questionados. A diretoria do clube gaúcho bancou a troca, mesmo sem ter um técnico em vista. O São Paulo manteve o comandante, mesmo sem contrato. Mais quatro jogos, chega-se às vésperas da decisão e o quadro é o contrastante. O Internacional vem de quatro vitórias seguidas no campeonato brasileiro e tem o elenco reforçado por Tinga, Rafael Sóbis e Renan. O São Paulo conseguiu um ponto no mesmo período, perdeu Cicinho, mas poderá ter Ricardo Oliveira, em condições físicas não ideais, no segundo jogo.

Com Celso Roth no comando, o Inter passou a jogar no 4-2-3-1, com Taíson, de volta ao time e jogando bem, como um meia-atacante pela esquerda, D’Alessandro pela direita e Tinga centralizado. À frente dessa linha, Alecsandro e atrás dela Guiñazu e Sandro. O time ganhou consistência, os meias acompanham os laterais adversários, o Inter não dá espaços e sufoca o oponente. É um time que marca melhor do que na época de Fossati, tem o contragolpe mais rápido e é mais criativo e insinuante no meio.

Para derrotar a equipe gaúcha, o São Paulo precisará provar o discurso de que realmente está desmotivado no Brasileiro e mais preocupado com a Libertadores. Mais do que isso, vai ter que bater um adversário em evolução e em grande fase.

domingo, 25 de julho de 2010

A lealdade de Muricy e a obediência de Felipe Massa.

Na sexta-feira, Muricy Ramalho disse sim à seleção, mas obedeceu a seu empregador que negou libera-lo. Pode ter perdido a chance de sua vida de se tornar o técnico da equipe brasileira na Copa que será realizada no país e com a maior expectativa já vivida pela seleção. No domingo, Felipe Massa obedeceu a seu empregador e deixou de conquistar sua primeira vitória desde o impressionante acidente vivido por ele em 2009.

De um modo ou de outro, alguém pode julgar: “os dois se submeteram à vontade das empresas e não pensaram no melhor para eles”. Os mais exaltados, dirão que Massa e Muricy não levaram em conta “o melhor para o país”. Mas há uma diferença fundamental entre os dois.

Muricy Ramalho, ao acatar a decisão do Fluminense, estava dando um exemplo aos seus filhos. Em que pese não ter a segurança da CBF de que permaneceria até 2014 no cargo, Muricy também não tem essa garantia do time carioca. Optou pela lealdade e pode pagar caro por isso, o futebol nem sempre é leal e a diretoria do Fluminense irá demiti-lo se julgar necessário. Mas o exemplo aos filhos foi dado.

O episódio de domingo no qual Felipe Massa permitiu ultrapassagem de Fernando Alonso não deixa nenhuma lição. O que o piloto brasileiro está ensinando ao seu filho recém-nascido? Massa perdeu a chance de ser um provável desempregado, mas com espírito de vencedor. Todo funiconário deve obedecer a hierarquias e prestar contas ao chefe. Isso até certo ponto. Ponto que distingue fazer o certo e arcar com as consequências ou fazer o que se espera e não ser cobrado.

Muricy ensinou o que é ser leal, acima dos próprios interesses. Massa ensinou o que é ser obediente, abaixo da própria dignidade.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Muricy Ramalho: a nova cara da seleção pode ser ranzinza, mas é vencedora.

Depois de boas campanhas com o Internacional nos campeonatos brasileiros em 2003 e 2005 e três títulos pelo São Paulo, Muricy Ramalho chega à seleção. Assim como todo treinador que alcança tal posto, logo será criticado. Seus times jogam no 3-5-2, esquema já defasado no futebol internacional, é um técnico retranqueiro e que não valoriza o jogo bonito. Por que então chamar Muricy? Porque Luís Felipe Scolari estava indisponível e também porque os resultados no futebol brasileiro são incontestáveis.

É preciso aqui separar o lugar-comum dos fatos. Muricy Ramalho disputou, do início ao fim, cinco dos sete campeonatos brasileiros por pontos corridos. Teve o melhor ataque uma vez, em 2006, e ficou um gol atrás do Flamengo em 2008. As equipes comandadas pelo treinador fazem gols, sabem atacar, mas se defendem melhor. Dos cinco campeonatos, conseguiu ter a defesa menos vazada em quatro oportunidades: 2005, 06, 07 e 08. Em 2003, foi a quarta melhor.

O perfil mais justo do novo técnico da seleção brasileira é de saber montar equipes competitivas. Não são, em sua maioria, times envolventes, rápidos e atraentes ao público, mas Muricy ajudou a revelar Nilmar e Daniel Carvalho no Inter, Alex Silva, Breno, Hernanes e Jean no São Paulo. Trabalha bem com jovens e proporciona jogo a quem tem talento.

A seleção, tomando por base o histórico do novo técnico, não deve ser plasticamente a mais bonita de se ver, mas terá qualidade, conjunto, força e mais recursos que tinha o time de Dunga. Se você está torcendo o nariz para o que vem por aí, lembre: em 2002, o Brasil foi campeão do mundo com um técnico de perfil parecido. O time tinha três zagueiros e dois volantes. Mas venceu os sete jogos e marcou 18 gols.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Atlético se aproxima do limite de derrotas e o planejamento de Luxemburgo é falho.

São sete derrotas em 10 rodadas. Ainda é cedo para decretar o fim de chances de título para o Atlético, mas já é hora de se pensar o que ainda pretende o time de Vanderlei Luxemburgo na temporada. Analisando a história, desde que o campeonato nacional passou a ter 38 rodadas, o campeão com maior número de derrotas foi o Flamengo do ano passado com nove. O São Paulo tricampeão perdeu quatro vezes em 2006, sete em 2007 e cinco em 2008. Em 2005, o Corinthians venceu o campeonato com nove derrotas em 42 jogos. Em 2004 o Santos perdeu onze vezes em 46 rodadas e no ano anterior o Cruzeiro perdeu oito no mesmo número de jogos.

Para ser campeão, a história deixa claro que a equipe mineira está muito próxima do limite – antes do primeiro terço da competição. A crítica que foi feita após o jogo contra o Internacional na Rádio CBN se repete aqui: a responsabilidade pelas derrotas é atribuída ao desentrosamento, mas não deveria ser. Luxemburgo está no Atlético desde janeiro e as palavras mais ditas desde então foram planejamento e projeto. Chega-se ao final de julho e ainda não há time, não há entrosamento e nem ritmo de jogo.

É plausível acreditar que em algumas rodadas o time estará mais consistente com Réver, Daniel Carvalho, Mendez, Obina e Diego Souza em forma. A questão é se haverá tempo para recuperação. O investimento do clube em 2010 é muito alto para que se chegue ao meio do primeiro turno e já sejam necessárias contas para saber se a equipe ainda está na disputa.

O certo é que o projeto da temporada é falho, a reformulação no elenco acontece de forma mais lenta do que a competição exige. Uma reação sensacional pode mudar tudo, mas hoje é de se admitir: Vanderlei errou em seu planejamento.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Campeonato brasileiro: informações e palpites da décima rodada

Atlético-MG x Internacional: Celso Roth enfrenta seu ex-clube pela primeira vez desde que deixou o Galo. A equipe mineira não vence o Inter, em Minas Gerais, desde 2002. Já são seis jogos de jejum. Com a abertura da janela, o Colorado poderá ter Tinga – que será titular, mas Sóbis e Renan não foram registrados a tempo, assim como Daniel Carvalho. No Atlético, Luxemburgo não conta também com Werley e Leandro, Cáceres e Fernandinho serão os substitutos.. O time tem o retorno de Diego Tardelli e João Pedro deve ser mantido no meio-campo.
Palpite: empate.

Vitória x Goiás: nas quartas-de-final da Copa do Brasil, o Vitória passou pelos goianos com goleada por 4 a 0 no Barradão. O time baiano vem embalado pelo empate com o Grêmio, no Olímpico, e vitória sobre o São Paulo, em casa. Nos quatro jogos como mandante nesse campeonato, três vitórias e um empate. Vanderson e Uelliton, a dupla de volantes titular fica de fora. No Goiás, Leão conta com o retorno de Bernardo ao meio-campo. Apesar da abertura da janela, Pedrão só poderá assinar com o Esmeraldino em agosto, por questões contratuais com o Al Shabab.
Palpite: Vitória

São Paulo x G. Prudente: nas últimas cinco rodadas, o São Paulo venceu apenas um jogo, enquanto o Prudente só perdeu uma. O Tricolor vem de duas derrotas e se não perde três vezs seguidas, em campeonatos brasileiros, desde 2001: 0x1 Sport, 0x1 Santos e 0x1 Palmeiras. Ricardo Gomes não conta com Dagoberto e Fernandão, machucados. No Prudente, Gadelha, João Vítor e Márcio estão fora. Na história do confronto, desde tempos de Baureri, o São Paulo venceu todos os jogos.
Palpite: São Paulo.

Flamengo x Avaí: as duas equipes vêm de duas vitórias desde o retorno pós-Copa do Mundo. Marcelo Lomba ainda não sofreu gols desde que substituiu Bruno no Fla. Val Baiano e David ainda não poderão ser utilizados, porque aguardam regularização. O Avaí conta com Roberto, artilheiro do campeonato com seis gols para surpreender no Maracanã. O time catarinense venceu São Paulo e Palmeiras nas últimas duas rodadas. No Maracanã, o Flamengo venceu dois jogos, empatou dois e perdeu um nesse brasileiro. Ano passado, empate por 0 a 0 entre as equipes.
Palpite: empate.

Atlético-PR x Santos: os dois times perderam as duas partidas que fizeram depois da Copa do Mundo. O Atlético-PR tem três desfalques do time titular e Dorival Júnior não conta com Ganso, Durval e Léo. Melhor ataque do Brasil em 2010, o Peixe só marcou três gols em cinco rodadas e Neymar, principal goleador do país na temporada, passou em branco – seu maior jejum na temporada. O Atlético-PR perdeu quatro dos últimos cinco jogos e é vice-lanterna do campeonato. Ano passado, empate por 1 a 1 na Arena.
Palpite: Santos.

Grêmio x Vasco: confronto direto na zona de rebaixamento, 18º e 19º colocados, respectivamente. Silas não poderá contar com Undel, Edilson, Rodrigo e Douglas, todos suspensos. Dos cinco reforços vascaínos, nenhum poderá atuar – além de Carlos Alberto. As equipes se enfrentaram no mês de julho pelo Torneio de Florianópolis e o Grêmio venceu por 3 a 0. O Vasco não vence um jogo fora de casa pelo campeonato brasileiro desde a 31ª rodada de 2008 quando bateu o Goiás por 4 a 2. Em 2010, três derrotas e dois empates.
Palpite: Grêmio

Corinthians x Atlético-GO: jogo do líder contra o lanterna. Do melhor contra o pior ataque. O time paulista tem 77% de aproveitamento e os goianos 14%. Mano Menezes não poderá contar com Willian e Jorge Henrique que estão suspensos, Roberto Fernandes perde Elias, também por suspensão, mas conta com o retorno de Marcão ao ataque. As duas equipes nunca se enfrentaram, em São Paulo, pelo campeonato brasileiro.
Palpite: Corinthians

Fluminense x Cruzeiro: o Flu venceu cinco e empatou uma nas últimas seis rodadas e já é vice-líder. Vem de vitória sobre o Santos na Vila, mas no último jogo em casa apenas empatou com o G. Prudente. Digão segue como a única ausência entre os titulares e André Luís será mantido. O Cruzeiro perde Roger por duas semanas e Jonathan, suspenso. Cuca vai enfrentar a ex-equipe pela primeira vez. O treinador venceu os dois jogos em que dirigiu o Cruzeiro. A última vitória Tricolor sobre a Raposa, no Maracanã, foi em 2006.
Palpite: Fluminense

Guarani x Ceará: o Bugre foi derrotado em casa pelo Internacional e depois empatou com o Botafogo na volta da Copa. O Ceará empatou com o Corinthians e perdeu para o Inter – a equipe estava a seis partidas sem sofrer gols. Ano passado, pela série B, o Guarani venceu por 2 a 1 em Campinas. Na história do confronto, oito jogos em São Paulo e oito vitórias do Bugre.
Palpite: Guarani.

Palmeiras x Botafogo: Felipão busca sua primeira vitória em seu retorno ao clube e o Botafogo não vence há seis jogos – com três empates em casa e três derrotas fora. O Palmeiras não terá a dupla de zaga titular: Léo e Danilo. Os cariocas não contam com o ataque principal: Herrera e Abreu. Jóbson, livre de suspensão, começa jogando pela primeira vez desde o Botafogo x Palmeiras da última rodada do último brasileiro – quando fez o gol da vitória que tirou o Botafogo do rebaixamento e o Palmeiras da Libertadores.
Palpite: Palmeiras.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cruzeiro anuncia Edcarlos e Atlético Réver. Nos nomes, a ambição de cada clube para 2010.

Nesta segunda-feira o Cruzeiro fechou a contratação de Edcarlos, por empréstimo de um ano. O Atlético anunciou Réver, que estava no Wolfsburg - via twitter de Alexandre Kalil.

Quem vai atrás do zagueiro que foi capitão do Grêmio aposta em um jogador que fez cinco gols em 31 jogos no último campeonato brasileiro, teve uma média baixa de cartões para zagueiro – um a cada quatro jogos – e possui liderança dentro de campo. Se a defesa é o ponto vacilante do time de Vanderlei Luxemburgo, Alexandre Kalil vai atrás da melhor forma de solucionar o problema: investindo em qualidade. Pode ser que dê errado, mas quando se busca um zagueiro de competência reconhecida, o risco é reduzido.

O mesmo não se pode dizer de quem busca Edcarlos. Não conseguia se destacar em uma equipe que priorizava o sistema defensivo como o São Paulo campeão do mundo e na campanha do bicampeonato nacional em 2006/07. Em 17 jogos pelo Fluminense no último brasileiro (todos como titular), ajudou o Tricolor em duas vitórias e participou de nove derrotas. Seu time sofreu 24 gols nesses jogos. Levou sete cartões amarelos, média de um a cada dois jogos e meio, e não fez gol. O zagueiro, que fazia dupla com Luís Alberto, foi protagonista de péssimos resultados da equipe carioca algumas vezes – como na derrota por 4 a 2 para o Corinthians ou 3 a 1 para o Coritiba.

Edcarlos nunca resolveu o problema de uma defesa, Réver sim. Os dois têm a mesma idade. Tanto Atlético quanto Cruzeiro precisavam de uma peça para o setor. O ex-jogador do São Paulo não era o primeiro nome da lista de Zezé Perrella que negociou com Réver, mas o considerou caro demais, Alexandre Kalil bancou. Os nomes contratados dão o tom da ambição de suas diretorias em 2010.

Cruzeiro lembrou o carrossel de Cuca, mas falta posse de bola.

Vinte minutos de bom futebol, vinte e cinco de erros e mais quarenta e cinco de pressão. Assim pode ser dividido o tempo de jogo do Cruzeiro na partida contra o Goiás. A equipe começou em alta velocidade e marcou com Gilberto aos 10 minutos.

A partir dos 20, Carlos Alberto, ala do Goiás, passa a avançar mais, obrigando Gilberto a voltar parar marcar. No primeiro tempo, o time de Emerson Leão chegava por ali, aproveitando o espaço existente no setor de Diego Renan. Na volta do intervalo, o camisa 6 passou a funcionar como zagueiro pela esquerda, Gilberto se transformou em ala e o problema defensivo foi parcialmente resolvido. Parcialmente.

Isso porque a equipe de Cuca não conseguia trocar passes, segurar a bola no ataque e sair de seu campo de defesa – tanto que finalizou duas vezes no segundo tempo. O Goiás pressionava, mas criava pouco. A marcação não foi o maior defeito do Cruzeiro, mas a saída para o jogo. O time errava e devolvia a bola para o adversário jogar.

O time mostrou no segundo tempo, uma face do Botafogo de 2007, treinado por Cuca, semifinalista da Copa do Brasil e que liderou, por boa parte, o primeiro turno do campeonato brasileiro.

A equipe carioca contava com Juninho (Gil), Renato Silva (Caçapa) e Luciano Almeida (Diego Renan) na defesa. Luciano saía timidamente como lateral. Joilson (Jonathan), Diguinho (Fabrício), Leandro Guerreiro (Henrique), Jorge Henrique (Gilberto) e Lúcio Flávio (Roger) no meio-campo. Sendo que Jorge Henrique é atacante e voltava como um ala pela esquerda para acompanhar o lateral adversário e ajudar o time a armar. Na frente, Zé Roberto (Thiago Ribeiro) pela direita e Dodô (Wellington Paulista) centralizado.

Assim como o time botafoguense de três anos atrás, o Cruzeiro, entre os parênteses, foi veloz mais uma vez com o novo treinador. Velocidade é importante, mas ter a posse da bola, para variar, será muito útil para evitar sufoco como nos dos dois jogos pós-Copa.

Com vitória sobre o Santos, Fluminense aparece como o mais organizado do campeonato até aqui.

Quase despercebido em nove rodadas do campeonato, o Fluminense conseguiu um feito neste domingo: venceu o Santos na Vila Belmiro e sem sofrer gols. Foi a quinta vitória do time de Muricy nos últimos seis jogos, enquanto o Peixe venceu apenas o Vasco nas últimas cinco rodadas. A última vez que o Santos passou em branco na Vila havia sido em 12 de outubro do ano passado, no empate sem gols com o Vitória.

O time carioca é hoje a equipe mais bem organizada, dentro de campo, no futebol brasileiro. Joga com três zagueiros que são bem protegidos por Diogo e Diguinho – que sai mais com a bola – tem alas velozes e que ajudam na armação, Conca e um atacante leve (Rodriguinho começou jogando na Baixada, mas Alan o substituiu e fez o gol do jogo) ao lado de Fred, referência principal da equipe. A forma de jogar simples e compacta que consagrou o São Paulo com três títulos brasileiros nas últimas temporadas é, por hora, bem compreendida em outro tricolor.

Com seis gols sofridos em nove rodadas, o Fluminense já tem a segunda melhor defesa do campeonato. Parar o Santos na Vila Belmiro teve, além de organização e inteligência, sorte por parte dos cariocas em pelo menos três lances de gol certo do time paulista. Com as chegadas de Deco e Belleti, o Flu fica mais encorpado e vai depender cada vez menos da sorte para vencer jogos difíceís como o deste domingo.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Mineiros não podem justificar eventual fracasso sem Mineirão com o ocorrido no Rio de Janeiro em 2005.

Sem poder contar com o Mineirão e na ausência de outra opção em Belo Horizonte, Cruzeiro, Atlético e América mandarão seus jogos, ou a grande parte deles, na Arena do Jacaré, localizada em Sete Lagoas, a 60 km da capital. Os clubes temem perder receita com a possível ausência do torcedor como pôde ser visto no jogo entre Atlético x Atlético-GO quando 3.170 pessoas pagaram para assistir a partida e a renda foi de R$103.700. A preocupação é válida, o que não se pode fazer é comparar com o ocorrido no Rio de Janeiro em 2005 quando o Maracanã foi interditado para as obras visando o Pan-Americano.

Naquele ano, o Botafogo foi o sexto colocado em média de arrecadação, o Flamengo foi o sétimo e o Fluminense o oitavo. Em 2004, com o Maracanã recebendo jogos normalmente, o Flu foi oitavo também, assim como em 2007. Para o Botafogo, na fase de pontos corridos, 2005 foi o segundo ano de melhor arrecadação (perdendo apenas para 2007, quando foi quinto em média). O Flamengo teve campanha ruim em 2005, com sua pior média em comparação com os outros clubes, mas foi sexto em 2004 e quinto em 2006. Com as boas campanhas de 2007, 2008 e 2009 foi o clube de maior arrecadação na série A nas últimas três temporadas.

Sem o Maracanã, os clubes jogaram 22 vezes no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda (a 134 km do Rio), com média de público de 13.651. Outras 34 partidas foram disputadas na Arena Petrobrás, em Duque de Caxias (26 km da capital), com média de 14.460 torcedores. Outros dois jogos foram disputados no Maracanã com média de 20.404 e três partidas de portões fechados.

Não houve também no futebol carioca, prejuízo técnico pelo fato de o principal estádio estar impossibilitado de receber jogos. Foi em 2005 a melhor colocação do Botafogo desde que começaram os campeonatos por pontos corridos: nono lugar (assim como em 2007). Longe do Maracanã, o Fluminense conseguiu 54% de aproveitamento, seu melhor índice na atual fórmula de disputa. O Flamengo não foi bem: teve 44% de aproveitamento, ainda assim melhor que os 39% de 2004.

A falta que o “fator Mineirão” pode fazer é uma coisa, outra é comparação com um fracasso que não houve no Rio de Janeiro e não precisa acontecer aqui. Nem técnica, nem financeiramente.

Arena do Jacaré é o segundo estádio que mais receberá jogos no Brasil no segundo semestre.

O jogo entre Atlético-MG x Atlético-GO foi o primeiro da cidade de Sete Lagoas em campeonato brasileiro. Primeiro de muitos, pelo menos em 2010. Em 16 dias, entre a quinta-feira, 15 de julho, e o clássico entre Atlético e Cruzeiro no dia 1º de agosto serão sete jogos no Estádio – contando também duas partidas do América pela Série B.

A diretoria do Atlético prevê que os 14 jogos como mandante (incluindo o de ontem) serão realizados em Sete Lagoas, além de partidas na Copa Sul-Americana. A tendência é que o América faça o mesmo e o Cruzeiro faça apenas partidas de maior porte em outros estádios.

Partindo desse ponto, dos principais estádios do Brasil, o único que será mais utilizado do que a Arena do Jacaré será o Serra Dourada que atende a Goiás, Atlético-GO e Vila Nova. O Maracanã só será interditado depois de agosto, quando Flamengo e Fluminense irão mandar seus jogos no Engenhão, como já faz o Botafogo.

Exatamente por receber tantas partidas, a Arena do Jacaré precisa melhorar sua infra-estrutura. O jogo entre Atléticos teve pouco mais de três mil torcedores e, mesmo assim, a espera para conseguir comprar algo de comer chegava a 20 minutos e o tempo para conseguir ir ao banheiro também era acima do normal. O estádio contará com grandes partidas e grandes públicos. Deve atender melhor seu torcedor.

Atlético tem boas avaliações individuais, mas o coletivo ainda está distante do ideal.

Ainda é impossível dizer se é possível ver evolução no time do Atlético – falha da comissão técnica e diretoria, pois o que mais se fala no clube é em projeto e planejamento, estamos no meio de julho e a equipe ainda não tem um sistema de jogo definido.

O time escolhido por Vanderlei Luxemburgo para enfrentar o Atlético-GO tinha três atacantes para tirar a sobra dos três zagueiros do adversário. Deu certo. No primeiro tempo, com movimentação e saída rápida de jogo com Serginho e Diego Macedo, a equipe chegava com facilidade e o resultado poderia ter sido mais amplo. No segundo, com William jogando nas costas de Macedo, o time mineiro demorou a sentir o jogo e o adversário finalizou cinco vezes em 14 minutos até o gol de Rodrigo Tele após falha de Fábio Costa. Com as entradas de João Pedro e Fabiano, o Atlético se fechou, mas tinha dificuldades de contra-atacar; o jogo ficou perigoso, mas o resultado foi justo.

Avaliar o conjunto é perda de tempo, porque o time que jogou não deve atuar dessa maneira em quase nenhum jogo no campeonato brasileiro. Diego Souza, Daniel Carvalho, Mendez e Obina irão buscar espaço no setor ofensivo e Luxemburgo dificilmente manterá os três atacantes. O alento que se pode ter é a evolução de Diego Macedo, especialmente no apoio; a boa estreia de Neto Berola, objetivo e em velocidade; mais um bom jogo de Ricardinho, com movimentação e a ótima partida de Serginho tanto na marcação quanto no auxílio ao ataque. Diego Souza, mal fisicamente dispensa comentários quanto à parte técnica.

A vitória contra o Atlético-GO deixa três pontos, algumas boas avaliações individuais e a certeza que o Atlético que se viu ontem, será bem diferente no restante do campeonato.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Cruzeiro é mais um a entrar na moda do 4-2-3-1

A Copa do Mundo gera tendências e uma delas já pôde ser percebida ontem na forma do Cruzeiro jogar. Cuca escalou o time com Roger e Gilberto, dois meias canhotos, mas Gilberto funcionava quase como atacante, ou Thiago Ribeiro era recuado e atuava praticamente como meia.

A equipe já mostrou algumas mudanças em relação ao que apresentava com Adilson Batista. Jonathan jogou mais como lateral, pelo lado do campo e funcionou bem assim com Thiago no primeiro tempo. Fabrício e principalmente Henrique saíam pouco para o jogo e a defesa ficou mais protegida. A frente deles, Thiago Ribeiro bem aberto pela direita, Roger centralizado e Gilberto pela esquerda. Wellington Paulista sozinho na frente tinha a aproximação dos homens mais avançados.

No primeiro tempo esquema foi bem utilizado com os quatro jogadores mais ofensivos sufocando a saída de bola e forçando o erro do Atlético-PR. O lado forte era o direito e o gol poderia ter saído antes dos 46 minutos quando Paulista acertou a cabeçada – vale ressaltar o erro da arbitragem que anulou, aos 34, um gol legal do Furacão.

Na etapa final, com o Atlético com três zagueiros, Paulo Baier de volante e Branquinho na armação, o Cruzeiro tinha o contragolpe e pecou por não matar o jogo nos primeiros 10 minutos quando teve duas chances. Diego Renan, falho na marcação precisava do auxílio de Gilberto que recuou muito e deixou de ser opção ofensiva. Roger também passou a jogar mais atrás e distante de Thiago e Wellington para contra-atacar. O time paranaense poderia ter chegado ao empate não fosse o grande jogo de Fábio, mais uma vez.

Robert entrou e fez o segundo gol, confirmando a fama de goleador. Foi seu 15º na temporada, apenas dois de pênalti. Pelo o que o time mostrou no primeiro tempo, o torcedor cruzeirense pode se animar e por aquilo que não conseguiu fazer no segundo, pode saber que ainda falta muito que evoluir.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Oitava rodada: informações e palpites.

Grêmio x Vitória: no Olímpico são 20 jogos na história e o clube baiano só venceu duas vezes. A última em 2005 pela série B: 2x1 com gols de Alecsandro e Leandro Domingues. Antes da parada para o mundial, o Grêmio tinha 14 jogadores no departamento médico, agora são apenas três: Lúcio, Souza e Uendel. O técnico Ricardo Silva, do Vitória, só não conta com o volante Uelliton, suspenso. Ricardo Bueno será o substituto. As duas equipes estão empatadas com oito pontos.
Palpite: Grêmio

Atlético-PR x Cruzeiro: o Furacão trocou de técnico. Paulo César Carpeggiani assume e o clube fez 10 contratações, destaque para Guérron, ex-Cruzeiro, e Nieto que foi vice-artilheiro do Clausura com 12 gols em 14 jogos pelo Colón. O time mineiro ainda não terá os reforços Rômulo, Éverton ou Montillo. Cuca faz sua estreia oficial e promete o time com três atacantes, com Gilberto avançado. A Raposa só venceu uma vez na Arena: em 2003. De lá para cá, seis jogos com três empates e três vitórias paranaenses.
Palpite: empate.

São Paulo x Avaí: o São Paulo perdeu o lateral-direito Cicinho que retornou à Roma. O Avaí ficou sem o técnico Péricles Chamusca que acertou com o Al-Arabi do Qatar. Antônio Lopes foi contratado para o cargo. Na história do confronto, apenas um jogo, no ano passado, com vitória do Tricolor por 2 a 0. O Avaí jogou três vezes como visitante no Brasileirão com um empate e duas derrotas.
Palpite: São Paulo

Flamengo x Botafogo: o Fla perdeu Adriano, Vágner Love e Bruno no último mês. Marcelo Lomba assume o gol, Diogo Maurício e Vinícius Pacheco serão os atacantes. O clube ainda não conta com Corrêa até que se abra a janela de transferências. Marquinhos, ex-Palmeiras e Val Baiano, ex-Barueri, foram as principais contratações ao lado do volante. O Botafogo se reforçou com Maicosuel (que também não pode jogar) e Jobson que teve a suspensão por dopping reduzida. “El Loco” Abreu, de folga, não joga. Em campeonatos brasileiros, a última vitória botafoguense foi em 2000, por 3 a 1. Depois disso, 14 jogos com sete empates e sete vitórias rubro-negras.
Palpite: Botafogo

Guarani x Internacional: o time paulista perdeu o artilheiro da competição: Roger que pertencia ao Sào Paulo e foi negociado com o futebol japonês. Após começar mal o ano, brigando para não cair para a terceira divisão do futebol paulista e perdendo por 8 a 1 para o Santos, o Bugre se acertou e tem 12 pontos com apenas uma derrota (3x1 Santos). O Inter contratou Celso Roth que havia trabalhado no clube em 1997 e repatriou os ídolos Rafael Sóbis e Renan – mas que ainda não podem jogar até que se abra a janela de transferências. Nos últimos 10 jogos entre as equipes em Campinas, quatro vitórias do Guarani, cinco empates e uma vitória colorada: na Copa do Brasil do ano passado, por 2 a 1.
Palpite: Internacional

Goiás x Vasco: depois de começar mal o campeonato, o Goiás, de Emerson Leão, conquistou três vitórias seguidas e embalou. O clube ainda não pode contar com o principal reforço: o atacante Pedrão. O Vasco repatriou Éder Luís, Zé Roberto e Felipe, mas também não pode utiliza-los. PC Gusmão volta ao clube. Ele estava no Ceará e deixou o vice-líder do Brasileirão para assumir o vice-lanterna. Nos dois últimos jogos no Serra Dourada, vitória carioca.
Palpite: Goiás

Ceará x Corinthians: o vice-líder recebe o primeiro colocado com promessa de Castelão lotado. Estevam Soares estreia no Ceará e o principal reforço é o meia Camilo que estava no Cruzeiro. A equipe sofreu apenas um gol e no Castelão, o Ceará ainda não levou nenhum. O Corinthians tem o melhor ataque, ao lado do Santos, com 15 gols marcados, mas Mano Menezes não conta com Ronaldo, Dentinho e Jorge Henrique – todos machucados. Felipe, que negocia sua saída do clube, está afastado e Júlio César será o titular. Os clubes já se enfrentaram nove vezes no Ceará com uma vitória dos donos da casa, três empates e cinco vitórias paulistas.
Palpite: Corinthians.

Palmeiras x Santos: o clube alviverde terá uma das maiores atrações do Brasileirão em seu banco de reservas, mas a presença de Felipão ainda não está confirmada para o jogo de quinta-feira. Kléber faz sua reestreia pelo Palmeiras. A última vez que enfrentou o Santos, o Gladiador fez o gol que tirou a vaga do Palmeiras e colocou o Cruzeiro na Libertadores. O Santos terá Ganso e Robinho no banco e André, já negociado, entre os titulares. No campeonato paulista, o Palmeiras venceu na Vila Belmiro por 4 a 3 – única derrota do Peixe em casa na temporada.
Palpite: empate.

Atlético-MG x Atlético-GO: o clube mineiro começa uma nova etapa, de dois anos e meio, longe do Mineirão. Na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, o Galo nunca venceu. Diego Souza, principal contratação do ano, começa no banco de reservas e Vanderlei Luxemburgo deve escalar o time com três zagueiros. O Galo vem de quatro derrotas seguidas no Brasileirão. O Atlético-GO não poderá utilizar Pedro Paulo nem Wélton Felipe, emprestados pelo adversário. Na lanterna da competição, a equipe estreia Roberto Fernandes, novo treinador. O meia Willian, que estava no Palmeiras, é a principal contratação. Dois jogos na história entre as equipes e duas vitórias mineiras.
Palpite: Atlético-MG

Fluminense x Grêmio Prudente: o time carioca está embalado com quatro vitórias seguidas, sendo duas fora de casa. O clube se reforçou com Belleti, Emerson, Valência e espera por Deco. Em terceiro lugar com 15 pontos, o Flu aposta em Fred que já marcou três vezes desde que retornou de contusão. O Grêmio Prudente venceu apenas um dos últimos cinco jogos e está na zona de rebaixamento devido à perda de três pontos ao ter escalado Paulão, zagueiro, de forma irregular. Tadeu, principal atacante da equipe, foi negociado com o Palmeiras.
Palpite: Fluminense.

domingo, 11 de julho de 2010

Espanha campeã do Mundo: o bonito pode ser bom também.

A Espanha chegou como favorita ou entre os grandes times do futebol em algumas Copas do Mundo. A desconfiança que se tinha era porque mais uma vez o time era técnico, mas começou com derrota diante da Suíça. A seleção de Vicente del Bosque é diferente das outras Fúrias que tivemos até hoje.

A começar pelo trabalho anterior ao de del Bosque. Luís Aragonés já havia dado cara e corpo a um time que venceu a Eurocopa com seis vitórias em seis jogos. Nas Eliminatórias, mais dez partidas, nenhum empate ou derrota. Veio o mundial e a Espanha fazia seu jogo: toque de bola curto, movimentação, volume de jogo e vitórias.

Por pura ironia, a equipe que prima pela ofensividade teve o pior ataque entre os dezenove campeões com oito gols marcados. A defesa, que parecia desprotegida, sofreu apenas dois. Se antes a crítica era porque a Fúria tinha grandes nomes, mas não formava um time competitivo, 2010 é um tapa na cara da retórica que não poderá mais ser usada.

O que a Espanha mais fez na Copa foi competir. E competir não é sinal de jogar puramente pelo resultado. As goleadas só não saíram porque ninguém ousou – ou conseguiu – jogar contra o time campeão do mundo. Jogou sempre como quem acreditava que sua maneira de atuar seria suficiente para ganhar o título.

A Alemanha, na semifinal, não conseguiu ser veloz hora nenhuma como havia feito nas oitavas e quartas-de-final. A Holanda, na decisão, não foi o time da posse de bola como havia sido em cinco dos seis jogos na Copa,foi o time da marcaçao dura e desleal que apostava exclusivamente em lançamentos de Sneijder para Robben. Houve quem não mudasse a maneira de jogar. A Argentina foi sempre ofensiva e sempre teve problemas na defesa; pagou por isso. O Brasil era o time da defesa forte e do contra-ataque, muito pouco para um futebol tão rico e que poderia oferecer mais.

O gol de Andres Iniesta é a coroação de um ótimo trabalho. Um projeto nunca abandonado: o bonito pode ser bom também. É a prova que apostar no futebol ainda vale a pena.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A decisão da posse de bola.

Para quem gosta de jogo ofensivo e plasticamente bonito, a final entre Espanha e Holanda representa a vitória do futebol. Na primeira fase da Copa, por muitas vezes, ter a posse da bola não era sinal de ter o jogo em mãos. Paulo Vinícius Coelho, da ESPN Brasil, chegou a dizer, corretamente, que “nesta Copa a bola não serve para jogar” – tamanha era a dificuldade de sair da marcação dos adversários.

A partida reúne as duas seleções de maior posse de bola no mundial. As equipes conseguiram fugir das marcações e chegam para decidir o torneio da maneira que mais sabem: com a pelota nos pés. A Espanha teve maior posse nos seis jogos disputados: 63% contra Suíça, 57% Honduras, 59% Chile, 61% Portugal, 59% Paraguai e 51% Alemanha – na média 58% de posse de bola na Copa. A Holanda teve 58% contra a Dinamarca, 61% Japão, 49% Camarões, 52% Eslováquia, 51% Brasil e 53% Uruguai. Em média 54%.

A ideia é ter a bola, até por conta da velha máxima “se ela está em seu poder, não pode estar com o adversário e se ele não tem a bola, não pode fazer gols”. O que espanhois e holandeses fazem com ela, no entanto, é diferente. O time de Vicente del Bosque troca passes curtos, muda suas peças de posição, chama os laterais para jogarem próximos à grande área adversária e finalizam preferencialmente de dentro da área – apenas um gol (de Villa contra o Chile) dos sete, foi marcado de fora, mesmo assim aproveitando a falha do goleiro que saíra para cortar um passe na intermediária.

A Holanda é mais aguda, mais veloz e agressiva que os espanhois. No segundo tempo do jogo contra o Uruguai, com Van der Vaart na equipe, os meias passaram a jogar mais próximos e trocar mais passes perto da grande área. No restante do tempo, é um time mais esteril, até que surja o espaço para o lançamento (normalmente de Sneijder) e a finalização - foi assim contra no segundo gol contra Camarões, no primeiro contra a Eslováquia e no terceiro contra o Uruguai, sempre contra-atacando. Fez quatro gols de fora da área, dos 12 que marcou no mundial; finaliza de fora assim que acha brecha para fuzilar.

Pela maneira com que jogaram até aqui, a aposta para domingo é que a Espanha tenha mais a bola nos pés, fazendo o que sabe de melhor e tentando envolver uma equipe que não se fecha tanto quanto as outras. Por sua vez, a Holanda vai tentar ora esfriar o jogo, com a qualidade para passar que também tem, e ora definir o lance com velocidade, acionando Sneijder e Robben para aproveitar os espaços deixados pela defesa adversária.

Espanha desbanca favorita com vitória quase furiosa.

“A derrota da Espanha por 1 a 0 para a Suíça dá de bandeja, para quem desconfia da Fúria, a oportunidade de rotular os comandados de Vicente del Bosque da mais nova geração de amarelões do país.

O debate deve, no entanto, caminhar para outra direção. A Espanha sofreu na estreia do mundial sua terceira derrota em 50 partidas. Foram 45 vitórias e dois empates nos outros jogos. É impossível dizer que a base formada por Luís Aragonés e mantida por del Bosque não é competitiva.”

Foi assim que começou o primeiro post deste blog sobre a Espanha no mundial. A bandeja da rodada inicial foi para o espaço e o que mais se viu foi uma Fúria competitiva. Não encantou nem atropelou como chegou a se esperar, mas venceu as cinco partidas seguintes da forma que sabe: posse de bola e passes curtos.

O time de Vicente del Bosque ainda não mostrou o que se espera porque falta profundidade. No segundo tempo da semifinal contra a Alemanha, Pedro bem aberto na direita e Iniesta mais próximo de Villa na esquerda ajudaram a reduzir o problema. Fabregas, com a qualidade no passe mais agudo, poderia ser outra alternativa.

O melhor jogo espanhol na Copa passou pelo crescimento de Iniesta, saída de Fernando Torres do time e marcação pressão sobre uma Alemanha mais lenta com a ausência de Muller.

No sábado, foi dito neste espaço que a Alemanha chegava como favorita por ter goleado Inglaterra e Argentina com a autoridade do bom futebol. Favorita até a bola rolar. Na semifinal a Espanha engoliu os alemães. Tivesse mais sorte em dois ou três lances certos de gol, poderiamos dizer que foi uma vitória furiosa.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Ideia de futebol pragmático, de resultados e frio é preconceito ao momento técnico europeu.

É fácil perceber hoje, entre os torcedores, três tendências: os que gostam do futebol nacional e desdenham o que acontece na Europa; os que preferem o que se passa no Velho Mundo e não valorizam o que se passa no Brasil e ainda aqueles que conseguem conciliar, entender e apreciar o futebol brasileiro e o internacional.

A primeira fase da Copa e as oitavas-de-final fizeram parte dos torcedores concluírem “o futebol europeu só é bom por conta da matéria-prima sul-americana que está lá”. Hoje jogarão Espanha x Alemanha, o vencedor decidirá o mundial com a Holanda. Pela segunda vez de forma consecultiva, na história das Copas, a final terá duas seleções europeias – a primeira foi em 1934 e 1938 com Itália x Tchecoslováquia e Itália x Hungria.

O Uruguai foi o único sul-americano a passar às semifinais nas duas últimas edições do torneio. Sete dos últimos oito semifinalistas são da Europa: Alemanha (duas vezes), Itália, França, Portugal, Espanha e Holanda.

A discussão não é qual futebol é melhor, o europeu ou o americano. Na história das Copas, nove títulos para cada continente. Na lista dos melhores do mundo da FIFA, nove para cada lado e ainda o liberiano George Weah. A Internazionale, campeã de tudo até aqui em 2010, tem oito sul-americanos no time principal, um africano e os únicos europeus são Pandev, macedônio, e Sneijder, destaque da Copa pela Holanda. O Barcelona, exemplo de bom futebol, tem Dani Alves, Maxweel e Messi entre titulares, mais oito europeus.

Considero-me no terceiro grupo, naquele que consegue gostar do futebol europeu, mas entender que aqui também há o que ser elogiado. Não é correto afirmar que só aqui se pratica bom futebol. Que nós somos os donos da arte e que Sneijder, Robben, Schweinsteiger, Muller, Xavi, Iniesta simplesmente nos imitam quando fazem algo de criativo dentro de campo. Na Europa, há futebol bonito sim senhor e o mérito disso não é somente nosso.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A Copa do Mundo deve ser encarada como recomeço para o Uruguai.

Em primeiro lugar, é de se louvar a campanha feita pelo Uruguai na Copa do Mundo de 2010. Óscar Tabárez conseguiu dar cara a um time que havia ido mal nas eliminatórias e estreado de maneira sonolenta contra a França. A defesa liderada por Lugano foi o ponto forte da equipe e na frente, o time jogava em função de Fórlan, deslocado para o meio-campo, servindo Suárez e Cavani – quando não era ele próprio quem decidia as jogadas em gols de fora da área.

Chegar às semifinais e brigar, sem Lugano e Suárez, contra o talento individual dos holandeses é mais do que qualquer uruguaio otimista imaginava. E por que não acreditar que podiam fazer um bom mundial? Porque o futebol do país não dava mostras que isso era possível. A Copa do Mundo é um torneio de sete jogos e permite que alguém surpreenda e chegue, dependendo do emparelhamento, mais longe que equipes favoritas. Foi assim com a Bulgária em 94, Croácia em 98, Coreia e Turquia em 2002, isso para ficar apenas nos exemplos mais recentes.

O futebol competitivo e, por vezes bom, mostrado na África do Sul deve servir de motivação para o país pensar em como voltar a ser uma potência. Nas duas últimas décadas, nenhum clube uruguaio decidiu a Taça Libertadores – a última vez foi há 22 anos com o Nacional. Dos 23 convocados por Tabárez apenas Arevalo, do Peñarol, e Martín Silva, do Defensor, atuam no país. Se no mundial o resultado já é o melhor em 40 anos, internamente o esporte está paupérrimo.

A Copa do Mundo não deve ser vista como o renascimento definitivo da força da Celeste, deve ser o início de uma mudança maior. Só assim o Uruguai vai deixar de surpreender e voltar a ser grande, como foi no último mês.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Os desfalques e as possíveis alternativas das equipes para a semifinal da Copa.

Quem fará mais falta? Lugano, Fucile, Lodeiro e Suarez no Uruguai ou Van der Wiel e De Jong pela Holanda? Thomas Muller é a única ausência da Alemanha que enfrentará a Espanha, com força máxima. Qual desfalque será mais sentido por sua equipe?

O time uruguaio perde seu capitão e principal zagueiro. Lugano não só defende bem como também comanda o setor que melhor funciona na Celeste. Godin retorna ao time para fazer dupla com Victorino. Fucile faz bom mundial e será substituído por Martín Cáceres, defensor que pasou por Barcelona e Juventus nas duas últimas temporadas. Lodeiro foi reserva nos quatro jogos que participou na Copa, mas entrou bem diante de Gana e poderia até mesmo ganhar a vaga. Sem Suarez, herói contra México e Coreia do Sul pelos gols decisivos (e depois contra Gana pelas defesas sobre a linha), Oscar Tabárez poderá avançar Forlán para jogar ao lado de Cavani ou promover a entrada de Abreu.

A Holanda não terá o lateral-direito Van der Wiel e o volante De Jong, ambos suspensos. Heitinga deve voltar para a lateral e Mathijsen, titular da zaga, joga ao lado de Ooijer. Para a vaga de De Jong, o volante do Ajax Demy de Zeeuw deve ser o escolhido. Van Persie, com o braço machucado, tem grandes chances de jogar, mas caso fique de fora, Kuyt pode ser avançado para o ataque e Elia ganha a vaga na meia-ponta-esquerda.

Nesse confronto, os desfalques uruguaios são mais importantes e especialmente Lugano e Suarez deveram fazer muita falta.

Na outra semifinal, a única ausência é a do meia Thomas Muller – que até o ano passado disputava a segunda divisão da Bavaria (na Alemanha os torneios secundários são regionalizados) pelo Bayern de Munique B. Muller foi promovido por Louis Van Gaal, virou titular de seu clube e da seleção. Suspenso, perde a semifinal e três jogadores disputam a vaga. Joachim Low pode colocar Boateng como volante, sua posição original, promover o retorno de Badstuber para a lateral-esquerda, e avançar Schweinsteiger. Toni Kross também é alternativa para jogar ao lado de Khedira, mas Low não deve mudar a forma de Schweinsteiger atuar, uma vez que o camisa 7 faz ótimo mundial. O meia Piotr Trochowsky, que joga muitas vezes como atacante no Hamburgo, é a alternativa natural para substituir Muller.

A Espanha terá força máxima, mas Vicente del Bosque pode optar por mudar sua equipe. Fernando Torres, que ainda não marcou gol e vem jogando mal, pode perder vaga no time para Cesc Fabregas. O meia do Arsenal dá maior poder de criação à equipe e permite que Villa atue mais próximo ao gol.

sábado, 3 de julho de 2010

A Alemanha é favorita não só pela história, mas também pelo ótimo futebol.

É impossível desprezar a Alemanha pela história que a camisa por si só carrega em uma Copa do Mundo. O futebol e os resultados diante de Inglaterra e Argentina a colocam um degrau acima das demais concorrentes ao título do mundial.

A maneira de atuar dos comandados de Joachim Lo enterra de vez a visão preconceituosa e até preguiçosa que se costuma ter sobre um futebol pragmático e de resultado dos alemães. Não era assim em 2006 quando chegou em terceiro lugar. Aquele time - do qual Low era auxiliar técnico e tinha participação ativa, diga-se – tinha Schneider, Frings, Schweinsteiger e Ballack no meio-campo. Jogava com toques envolventes e boa movimentação. Já era um time de bola no pé e ótima técnica.

A formação que atua na África do Sul é a que melhor tem aplicado o esquema 4-2-3-1, moda no mundial. Khedira e Schweinsteiger ficam à frente da defesa, com Muller aberto pela direita, Ozil cnentralizado e Podolsky na esquerda. Na frente, Klose. Os meias jogam em diagonal, se movimentam, tem o apoio dos volantes, especialmente Schweinsteiger (que passou a jogar mais recuado no Bayern há duas temporadas, após a passagem de Klisnmann pelo clube). O camisa 7 tem ótimo passe, visão de jogo e bate bem de média distância. É melhor aproveitado na faixa central do campo, distribuindo a bola.

Voltando ao início, só pela tradição já é impossível não se preocupar com os alemães, com bom futebol, entáo... O confronto com a Espanha nas semifinais repete a final da Euro 2008 mas, desta vez, o outro lado é o favorito.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O Brasil foi incapaz de surpreender até mesmo na forma de perder.

O discurso para a derrota do Brasil na Copa do Mundo já existe desde 2008 quando a seleção empatou três jogos seguidos por 0 a 0 e ficou evidente a dificuldade de jogar a não ser por contra-ataques, jogadas de talento individual ou bola parada. Naquele momento, já detectava-se a pouca versatilidade do time de Dunga.

A equipe que venceu a Copa América, Copa das Confederações e ficou em primeiro lugar nas eliminatórias se defendia bem , corria poucos riscos e matava os jogos em velocidade. Nas quatro primeiras partidas do mundial, o mesmo quadro: equipe bem postada atrás, velocidade e individualidade na frente. Não havia pressão, volume de jogo ou insinuação, mas não parecia também que fariam falta os fatores. O time era seguro, mas não parecia que poderia surpreender.

A vitória da Holanda também não chega a espantar. Tanto pela qualidade do time europeu, quanto pela forma com que se deu. Quando o Brasil precisou reverter a vantagem construída por Sneijder, se viu tão sem ações dentro de campo quanto seu treinador no banco.

Dunga errou ao promover a entrada de Gilberto, que foi muito mal na lateral do Cruzeiro quando foi escalado por ali. Errou ao tirar Luís Fabiano e perder uma das alternativas de individualismo para resolver o jogo. Mas o treinador olhava para o banco e não via quem pudesse mudar a partida. Tanto não via que fez apenas duas substituições. Se não havia alguém capacitado para entrar em um jogo decisivo, é porque Dunga convocou mal o grupo que foi à Africa.

O que se dizia antes do Mundial, sobre a necessidade de ter alguém de maior talento entre os 23 escolhidos, sobre o risco de convocar Grafite que jogou menos que 30 minutos de um amistoso, se confirmou contra a Holanda. O Brasil não tinha capacidade de surpreender, de criar algo novo e mudar o panorama da partida.

O fator Felipe Mello, que tomou 13 amarelos e dois vermelhos em 28 jogos que fez pela Juventus na temporada, é o retrato do que vinha dando certo, mas pode-se dizer que a tragédia estava anunciado. Algo mais ou menos parecido do que aconteceu com todo o time que caso vencesse, seria de um jeito que todos saberiam como: contragolpe veloz. Perde, da maneria que já era imaginada e avisada: uma equipe sem condições técnicas de mudar uma partida e surpreender seu adversário.

O Brasil deixa a Copa do Mundo de forma óbvia. O futebol que já foi conhecido pelo improviso foi incapaz até mesmo de perder de forma que não se esperava.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Diego Souza é muito mais que o torcedor queria. É o que o time implorava.

Diego Souza era a tuittada que a torcida esperava, como disse Alexandre Kalil. Mais. Era o jogador que o time pedia. O jogo do Atlético do primeiro semestre empacou quando o time precisou agredir as defesas fechadas no campeonato brasileiro. Faltava qualidade, faltava futebol e isso é o que mais tem o novo contratado atleticano.

Diego atuava como segundo volante quando foi revelado pelo Fluminense. No Palmeiras, foi terceiro homem de meio-campo com Valdívia mais avançado. Depois foi quarto homem, ao lado de Cleiton Xavier. Chegou a ser segundo atacante, sob o comando de Muricy Ramalho, no segundo turno do campeonato brasileiro.

O jogador funciona melhor como meia. Com Edson Mendez, que é mais rápido, Diego pode atuar como fazia com Valdívia. Da maneira que Vanderlei preferir, Diego Souza é mais que uma tuittada esperada, é o que a equipe precisava para brigar – especialmente se o outro Diego, o Tardelli, continuar na Cidade do Galo – entre os primeiros do campeonato.