quinta-feira, 8 de julho de 2010

A decisão da posse de bola.

Para quem gosta de jogo ofensivo e plasticamente bonito, a final entre Espanha e Holanda representa a vitória do futebol. Na primeira fase da Copa, por muitas vezes, ter a posse da bola não era sinal de ter o jogo em mãos. Paulo Vinícius Coelho, da ESPN Brasil, chegou a dizer, corretamente, que “nesta Copa a bola não serve para jogar” – tamanha era a dificuldade de sair da marcação dos adversários.

A partida reúne as duas seleções de maior posse de bola no mundial. As equipes conseguiram fugir das marcações e chegam para decidir o torneio da maneira que mais sabem: com a pelota nos pés. A Espanha teve maior posse nos seis jogos disputados: 63% contra Suíça, 57% Honduras, 59% Chile, 61% Portugal, 59% Paraguai e 51% Alemanha – na média 58% de posse de bola na Copa. A Holanda teve 58% contra a Dinamarca, 61% Japão, 49% Camarões, 52% Eslováquia, 51% Brasil e 53% Uruguai. Em média 54%.

A ideia é ter a bola, até por conta da velha máxima “se ela está em seu poder, não pode estar com o adversário e se ele não tem a bola, não pode fazer gols”. O que espanhois e holandeses fazem com ela, no entanto, é diferente. O time de Vicente del Bosque troca passes curtos, muda suas peças de posição, chama os laterais para jogarem próximos à grande área adversária e finalizam preferencialmente de dentro da área – apenas um gol (de Villa contra o Chile) dos sete, foi marcado de fora, mesmo assim aproveitando a falha do goleiro que saíra para cortar um passe na intermediária.

A Holanda é mais aguda, mais veloz e agressiva que os espanhois. No segundo tempo do jogo contra o Uruguai, com Van der Vaart na equipe, os meias passaram a jogar mais próximos e trocar mais passes perto da grande área. No restante do tempo, é um time mais esteril, até que surja o espaço para o lançamento (normalmente de Sneijder) e a finalização - foi assim contra no segundo gol contra Camarões, no primeiro contra a Eslováquia e no terceiro contra o Uruguai, sempre contra-atacando. Fez quatro gols de fora da área, dos 12 que marcou no mundial; finaliza de fora assim que acha brecha para fuzilar.

Pela maneira com que jogaram até aqui, a aposta para domingo é que a Espanha tenha mais a bola nos pés, fazendo o que sabe de melhor e tentando envolver uma equipe que não se fecha tanto quanto as outras. Por sua vez, a Holanda vai tentar ora esfriar o jogo, com a qualidade para passar que também tem, e ora definir o lance com velocidade, acionando Sneijder e Robben para aproveitar os espaços deixados pela defesa adversária.

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