O discurso para a derrota do Brasil na Copa do Mundo já existe desde 2008 quando a seleção empatou três jogos seguidos por 0 a 0 e ficou evidente a dificuldade de jogar a não ser por contra-ataques, jogadas de talento individual ou bola parada. Naquele momento, já detectava-se a pouca versatilidade do time de Dunga.
A equipe que venceu a Copa América, Copa das Confederações e ficou em primeiro lugar nas eliminatórias se defendia bem , corria poucos riscos e matava os jogos em velocidade. Nas quatro primeiras partidas do mundial, o mesmo quadro: equipe bem postada atrás, velocidade e individualidade na frente. Não havia pressão, volume de jogo ou insinuação, mas não parecia também que fariam falta os fatores. O time era seguro, mas não parecia que poderia surpreender.
A vitória da Holanda também não chega a espantar. Tanto pela qualidade do time europeu, quanto pela forma com que se deu. Quando o Brasil precisou reverter a vantagem construída por Sneijder, se viu tão sem ações dentro de campo quanto seu treinador no banco.
Dunga errou ao promover a entrada de Gilberto, que foi muito mal na lateral do Cruzeiro quando foi escalado por ali. Errou ao tirar Luís Fabiano e perder uma das alternativas de individualismo para resolver o jogo. Mas o treinador olhava para o banco e não via quem pudesse mudar a partida. Tanto não via que fez apenas duas substituições. Se não havia alguém capacitado para entrar em um jogo decisivo, é porque Dunga convocou mal o grupo que foi à Africa.
O que se dizia antes do Mundial, sobre a necessidade de ter alguém de maior talento entre os 23 escolhidos, sobre o risco de convocar Grafite que jogou menos que 30 minutos de um amistoso, se confirmou contra a Holanda. O Brasil não tinha capacidade de surpreender, de criar algo novo e mudar o panorama da partida.
O fator Felipe Mello, que tomou 13 amarelos e dois vermelhos em 28 jogos que fez pela Juventus na temporada, é o retrato do que vinha dando certo, mas pode-se dizer que a tragédia estava anunciado. Algo mais ou menos parecido do que aconteceu com todo o time que caso vencesse, seria de um jeito que todos saberiam como: contragolpe veloz. Perde, da maneria que já era imaginada e avisada: uma equipe sem condições técnicas de mudar uma partida e surpreender seu adversário.
O Brasil deixa a Copa do Mundo de forma óbvia. O futebol que já foi conhecido pelo improviso foi incapaz até mesmo de perder de forma que não se esperava.
Um comentário:
Belissima análise Marcelo! Concordo no geral, exceto na critica da entrada do Gilberto. A sua entrada deu-se não a sua qualidade e sim a possibilidade real do Michel Bastos ser expulso! Estava evidente que o Robben estava cavando todas as faltas atrás desse objetivo.
Mas realmente, a falta de um jogador no banco para tentar melhorar o aspecto no time era evidente. Imagina, se perdendo da Holanda, aos 20 minutos do segundo tempo, o Dunga chama no banco o Ganso, Neymar(Ronaldinho Gaucho) e Ramires (suspenso eu sei, ou outro meio campo de qualidade, sem ser julio baptista, josue e kleberson) e fala pra eles: -Resolvam! Da melhor forma possivel! comam a bola!
Ehhhhhhhhhhhhhhhh
Agora é secar a Argentina.
Acredito que nenhum brasileiro quer ve-los vencer esse mundial.
Abraço
Mateus
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